27/03/2025

Fatia do on-line no varejo quase dobra desde a pandemia



A participação de vendas on-line no total vendido por empresas do varejo praticamente dobrou desde a pandemia. É o que mostra recorte da Sondagem do Comércio da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgado ao Valor. Empresas de diversos segmentos do varejo, como GPA, Azzas, Granado e Renner, registram alta nas vendas on-line de forma contínua e apostam em soluções tecnológicas para ampliar essa renda vinda do e-commerce.


O levantamento da FGV mostra profunda mudança no perfil de comercialização pela internet nos últimos anos. Antes da pandemia, empresas sem nenhuma venda on-line abrangiam, em média, 49,7% do total de companhias consultadas pela sondagem. Em fevereiro de 2025, essa parcela era de 27,2%, a mais baixa desde julho de 2022 (22,6%).


Quando se olha para o faturamento, o percentual de vendas on-line de empresas do varejo saltou da média de 9,2% do total, antes da pandemia, para 17,8% em fevereiro de 2025, a mais elevada desde junho de 2021 (21,2%). Rodolpho Tobler, economista da FGV responsável pelo levantamento, diz que as vendas por e-commerce no total faturado pelo setor se mantêm, em média, acima de 10% desde outubro de 2021 (10,8%). A amostra incluiu 750 empresas do varejo, de diferentes segmentos. O especialista pondera que, antes da pandemia, tanto empresas quanto consumidores já tinham iniciado o hábito de vender e comprar pela internet. Mas a crise sanitária acelerou esse processo, o que deve se manter, segundo ele, nos próximos anos. “Essa parte digital do varejo vai se manter forte”, diz.


Victor Maglio, diretor de e-commerce do GPA, um dos maiores grupos varejistas do país e dono da marca Pão de Açúcar de supermercados, concorda. A empresa teve vendas totais de R$ 5,6 bilhões no quarto trimestre, com crescimento de 6,3% ante igual período de 2023. Maglio ressalta que a participação das vendas de e-commerce do GPA atingiu 12,2% do total no quarto trimestre - acréscimo de 0,8 ponto percentual ante igual período do ano anterior. “A ideia é que a gente consiga crescer ainda mais [a fatia de e-commerce]”, diz ele. E acrescenta que, no ano passado, houve alta de 18% nas vendas digitais ante 2023.


Um aspecto mencionado por Maglio é que, comparativamente a outros mercados, a venda on-line no Brasil ainda é pequena em alguns segmentos. “Quando comparamos com outros países, vemos que a parcela de 4% do que é vendido de alimento por meio de e-commerce aqui no Brasil está bem abaixo do visto em vários outros mercados”, diz. Significa que há espaço para crescimento.


O executivo afirma ainda que o comércio no Brasil é dinâmico e diversificado, e cada categoria do varejo lida com desafios diferentes. No caso do grupo GPA, um dos projetos mais complexos para a empresa foi trabalhar com vendas on-line de perecíveis. “Mas, hoje, 35% das vendas on-line são de alimentos perecíveis”, diz Maglio.


Com a meta de aumentar a fatia das vendas on-line, o grupo também utiliza estratégias novas, como a inteligência artificial. A ferramenta é aplicada para analisar o perfil do cliente cadastrado e, assim, oferecer substituições adequadas quando um item está em falta, ou para relembrar compras antigas e oferecer opção para fazer a recompra de pedido anterior.


A Amend, marca de cosméticos brasileira com 8,5 mil pontos de venda no país, também está de olho no uso de inteligência artificial para fortalecer as vendas on-line. “Vemos o uso de soluções de inteligência artificial para criação de campanhas de marketing e e-commerce, algo que já fazemos atualmente, mas que em médio e longo prazos tende a crescer exponencialmente”, diz João Paulo Chaccur, CEO da Amend. “Nos últimos anos, o canal de digital foi tomando muita força e hoje já representa cerca de 10% do faturamento anual”, afirma, sem revelar dados de faturamento.


Chaccur diz que o objetivo é ampliar essa fatia para 20% nos próximos dois anos. “Aceleramos a nossa presença digital investindo mais em ‘branding’, performance, CRM [gestão de relacionamento com o cliente], novas plataformas, logística e soluções de pagamentos”, completa o executivo, acrescentando que as empresas do setor de cosméticos a enxergar o comércio on-line “não apenas como alternativa temporária, mas como um canal essencial para a continuidade dos negócios”.


A mesma posição tem a Granado, empresa de cosméticos, medicamentos e perfumaria que faturou R$ 1,63 bilhão no ano passado. “A pandemia redefiniu o e-commerce no setor de cosméticos, elevando-o de um canal complementar para um pilar estratégico essencial”, resume Sissi Freeman, diretora de marketing e vendas.


Sem mencionar valores, Freeman conta que, antes da pandemia, as vendas pelo site representavam cerca de 3% do total do varejo. Hoje, essa participação alcança aproximadamente 20% e segue em crescimento.


Fonte: Valor Econômico



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