O crescimento do e-commerce no Brasil, movimento que se intensificou com a pandemia de covid-19, fez o tema da logística se tornar uma das prioridades das empresas.
Para garantir o serviço rápido, de qualidade e com baixo custo, o setor de logística deve apostar nos próximos anos na modernização e no uso da tecnologia. Entre as medidas que são estudadas estão o uso de veículos mais eficientes, de aplicativos que permitem rastrear encomendas em tempo real e de sistemas inteligentes.
Essa é a visão dos especialistas e executivos do setor que participaram nesta sexta-feira, 29, do segundo dia do Summit “O Futuro da Indústria Automotiva”, realizado pelo Estadão.
Em um país como o Brasil que enfrenta desafios de infraestrutura, como condições ruins das estradas, além do custo mais alto dos combustíveis usados nos caminhões, o uso da tecnologia é um grande aliado do setor para garantir o desempenho das operações de logística das companhias, segundo o vice-presidente para América Latina da Stellantis, Pierluigi Astorino. “Qualquer avanço tecnológico disponível é preciso ser implementado com rapidez nas empresas, porque reduz impacto inflacionário dentro do sistema logístico”, disse o executivo no encontro virtual.
Para o presidente da Lots Group , Huber Mastelari, o uso da tecnologia na logística deixou de ser um diferencial e passou a ser uma obrigação para as companhias atualmente. Ele ressalta que os sistemas de conectividade disponíveis já são capazes de atender a demanda das companhias com um resultado satisfatório. "A conectividade não é tabu, não é coisa do futuro. Não é preciso esperar a chegada do 5G Brasil”, afirma Mastelari.
Mais do que se renovar, algumas empresas do setor logístico precisam mudar a cultura empresarial. O diretor de marketing da Autotrac, Márcio Toscano, diz que muitas companhias têm bases de dados importantes que podem otimizar o serviço, mas que, por falta de costume, são pouco exploradas. “Esse tipo de informação pode ajudar a reduzir custos na operação”, afirma Toscano.
A tecnologia também precisa ser acessível para os trabalhadores das companhias de logística. A líder de gestão e estratégia da Transjordano, Joyce Bessa, conta que a companhia decidiu investir na qualificação dos seus motoristas, mostrando como o trabalho poderia ser otimizado de maneira a reduzir custos como manutenção e gasto de combustível.
Segundo a representante, um erro comum entre as empresas é justamente atualizar a frota de veículos, sem ensinar os seus funcionários a usar as novas tecnologias presentes. “Não adianta ter um super caminhão para um trabalhador que não tem qualificação”, diz.
A pauta ESG – sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança – também aparece dentro do setor de logística por meio do seu pilar social. Para reduzir a disparidade entre o número de motoristas homens e mulheres, a TransJordano criou um núcleo de formação para aumentar a atuação das motoristas, em um setor majoritariamente masculino. Ainda segundo Joyce, a companhia tem cerca de 10% da sua frota guiada por mulheres.
As discussões dos dois dias de evento do Summit "Futuro da Indústria Automotiva" podem ser acessadas gratuitamente na plataforma de vídeo do Estadão.
Fonte: Estadão