31/03/2021

Um novo eixo para a estratégia de logística portuária de São Paulo

 Um novo eixo para a estratégia de logística portuária de São Paulo


Por Casemiro Tércio Carvalho, engenheiro naval, é executivo do setor de infraestrutura e ex-presidente da Autoridade Portuária de Santos e do Porto de São Sebastião\
O governo do Estado de São Paulo publicou, no Diário Oficial no dia 25 de março, chamamento público para a construção de uma nova rodovia e uma ferrovia entre o Rodoanel, na Grande São Paulo, e a Baixada Santista – mais precisamente na Margem Esquerda do Porto de Santos. A iniciativa representa muito mais do que uma nova e necessária saída para o escoamento e movimentação de cargas na região. Trata-se de uma salutar e importante mudança no eixo da estratégia de atendimento à logística portuária, com um novo olhar sobre a necessidade de construção de uma nova descida tão almejada e esperada pelo setor logístico.

O ponto determinante para a viabilidade deste projeto é que está prevista a construção de um túnel imerso para a ligação seca entre às margens do Porto de Santos, em um local próximo de onde era defendida a construção de uma ponte. Uma obra que impactaria negativamente e definitivamente o desenvolvimento da operação portuária e o incremento e expansão dos negócios no Porto de Santos, um grande ativo brasileiro que responde pela movimentação de quase um terço da balança comercial do país.

A retomada do projeto para uma nova descida, discutido anteriormente por outros governos, denota a maturidade da equipe técnica do setor logístico paulista optando por empreender como agente regulatório essa solução.

Essa mudança na rota, valida e reforça os argumentos defendidos pela Campanha Vou de Túnel, movimento de mais 30 empresas e associações, que defende que a transposição entre margens na área portuária deve ser feita, exclusivamente, por solução imersa. Este debate sobre a ligação seca entre Santos e Guarujá se arrasta há anos e o novo movimento da equipe técnica do governo do estado evidencia o encaminhamento definitivo de outro projeto essencial para os municípios da Baixada Santista – a construção do túnel imerso entre Santos e Guarujá.

O túnel atenderá mais de 40 mil pessoas por dia e reduzirá em 25 minutos o tempo de travessia. O trajeto entre as cidades passará a ser feito em menos de cinco minutos. Com a distância de cerca de 1,7 km em localização estratégica, o túnel é também a opção mais econômica e tem menor custo global do que os outros projetos apresentados. O projeto terá investimento da ordem de R$ 2,5 bilhões e pode ser incluído no projeto de desestatização do Porto de Santos, enquanto a ponte custaria R$ 3,9 bilhões.

O objetivo da Campanha Vou de Túnel sempre foi ampliar o debate sobre a ligação seca e informar a sociedade e os gestores públicos sobre as vantagens do modal, tanto para o desenvolvimento portuário na região, quanto para as cidades envolvidas.

Essa visão em prol de uma solução imersa preza pela boa engenharia e foi definida apenas por questões técnicas, diante de um dos principais temores da comunidade portuária como um todo – a criação de uma barreira física no canal de navegação que impediria a chegada da próxima geração de navios no maior porto da América Latina.

As boas práticas internacionais reforçam esse posicionamento, já que há tempos não se constrói pontes em rota de navegação nos principais portos espalhados pelo globo. Países protagonistas no transporte marítimo internacional seguem as recomendações da PIANC (Associação Mundial de Infraestrutura de Transporte Marítimo) que indica soluções de ligação seca via túnel como melhor alternativa. Agora, ganha a logística nacional e a baixada santista.

Esse cenário assustador, da possibilidade construção de uma ponte, colocaria em risco a balança comercial, seja a exportação de commodities seja a importação de produtos das mais distintas naturezas que movem a economia brasileira. Especialmente, neste momento de crise econômica, com o avanço da Covid-19 no estado e o momento mais grave da pandemia em todo o país.

A sinalização do Governo de São Paulo de convocar empresas interessadas para tocar o novo projeto de rodovia/ferrovia e que inclui um túnel deve ser visto como um certeiro freio de arrumação na estratégia para atender à logística portuária. O próximo e importante passo do governo, previsto também para o mês de março, é o lançamento do edital para chamamento público para estudos sobre o projeto do túnel imerso entre Santos e Guarujá, defendido pela Campanha Vou de Túnel.

Diante de tantos argumentos e da mudança de visão do sistema de transporte paulista, fica clara que a definição pela solução imersa é a única alternativa que atende, simultaneamente, às necessidades de mobilidade urbana e inclusão da comunidade da Baixada Santista e o desenvolvimento da operação portuária e seu impacto econômico em um momento crucial para a população de todo o país.

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