A formação de uma melhor infraestrutura de recarga de baterias, a criação de um marco legal e de programas de fomento à eletromobilidade e a adoção de um conjunto de sistemas e tecnologias que facilitem a gestão de dados, entre outros temas, são alguns dos aspectos apontados em uma pesquisa com 16 grandes empresas para identificar desafios e oportunidades para o transporte elétrico de cargas.
Realizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), e encomendado pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), o levantamento teve como objetivo mapear o cenário atual em diversas situações: da logística de entregas de mercadorias ao consumidor final até o deslocamento de longas distâncias para equipamentos e suprimentos.
Marina Grossi, presidente do CEBDS, disse que o estudo identificou pontos essenciais para que a transformação da mobilidade avance, como novas leis e normas que favoreçam a utilização de veículos elétricos e a ampliação da infraestrutura de recarga, o que pode criar ambiente favorável para a realização de investimentos pelas empresas.
“O transporte de carga, essencial para os negócios, tem relação direta com os compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa das empresas. É importante que o país desenvolva e coloque em prática um plano estratégico de transição energética, que estimule a mobilidade limpa”, disse Grossi. Até porque parte das empresas possui compromisso firmado para zerar emissões de CO2 até 2030.
Apesar de haver política insuficiente de incentivos, há um movimento do setor para eletrificação da frota, aponta o estudo. Em grandes capitais se pode ver a circulação de VUCs (veículos urbanos de carga) elétricos, geralmente utilizados na chamada última milha, que é o trajeto entre o centro de distribuição e o destino.
Para o coordenador do portfólio de transporte do Instituto Clima e Sociedade, Marcel Martin, há grande espaço para desoneração fiscal a fim de incentivar a transformação e uso dos veículos elétricos. Já as empresas têm a oportunidade de descarbonizar e cumprir as métricas ESG por meio da substituição de frotas, sobretudo em meios urbanos.
“Exemplos globais comprovam que empresas e governos podem trabalhar juntos para construir um marco regulatório que favoreça a transição energética das frotas.”
A pesquisa ouviu empresas de vários setores: varejo (Grupo Carrefour), mineração (Anglo American e CBA), energia (Neoenergia e Schneider Electric), tecnologia (Grupo Sabará e Amazon), infraestrutura (Ecorodovias), serviços (Sesc), telecomunicações (Telefônica), bebidas (Ambev), beleza (Natura), saúde (Intermédica), petroquímica (Braskem), florestas (Suzano) e papel e embalagens (WestRock).
O estudo é divulgado no momento em que os preços do óleo diesel no país e no mundo encontram-se em altos patamares, puxados pela desorganização do mercado global causado pela guerra na Ucrânia. O governo vem debatendo medidas que possam aliviar a pressão de preços sobre o transporte, como mudanças na política de preços da Petrobras , adoção de subsídios a caminhoneiros (ainda que temporários) ou mesmo o controle dos preços internos.
Fonte: Valor Econômico