A despeito da repentina escassez de capital para startups diante do aperto de juros nos EUA, nichos como o de logística têm conseguido contornar a seca e descolar cheques polpudos. A mexicana Nowports, cujo software tem a ambição de se tornar uma espécie de “sistema operacional” para o transporte de cargas na América Latina, acaba de anunciar que recebeu aporte de US$ 150 milhões e se tornou o mais novo “unicórnio” da região. A firma de Monterrey foi avaliada em US$ 1,1 bilhão na transação.
A rodada de investimento — do tipo Série C, a terceira substancial na trajetória de uma startup —foi liderada pelo mega-fundo SoftBank Latin America Fund. Também participaram do aporte gestoras como Tiger Global, Foundation Capital, Monashees, Soma Capital, Broadhaven Ventures e Mouro Capital, além da chinesa Tencent, dona do aplicativo WeChat. Entre seus investidores também está Justin Mateen, um dos fundadores do app de paquera Tinder.
O aporte chega apenas cinco meses depois de a Nowports levantar US$ 60 milhões em uma rodada Série B. Aquele aporte coincidiu com a chegada da startup ao Brasil, onde tem operação com cerca de 50 funcionários em um escritório em São Paulo. O plano agora é ter uma nova base na cidade portuária de Itajaí (SC) nos próximos meses e chegar a 200 funcionários no país até o fim do ano.
Resposta latina à Flexport, do Vale do Silício
Fundada em 2017, a Nowports é uma plataforma digital que se propõe a monitorar e rastrear cargas transportadas em contêineres e aviões, além de se ocupar do trâmite burocrático que envolve a importação e a exportação, digitalizando documentos e gerando relatórios. O sistema mostra, por exemplo, um mapa interativo com a localização de cada contêiner e emite alertas a cada movimentação. A startup também oferece serviços financeiros com base nos dados dos clientes que analisa.
A Nowports é a resposta latino-americana à Flexport, startup do Vale do Silício na qual o Softbank também investe e que foi avaliada em US$ 8 bilhões após levantar US$ 2,2 bilhões em capital. Candidata a IPO, a Flexport encabeçou a lista de startups de alto crescimento mais inovadoras da rede americana CNBC este ano.
— As exportações são uma parte importante da economia da América Latina, e o Brasil é o maior mercado de logística da região. Por isso o país é tão importante para nossa estratégia. Mas queremos chegar a todos os mercados emergentes, como África e Sudeste Asiático, além de ter operação em países com negócios importantes com essas regiões. Em agosto, por exemplo, vamos abrir escritório em Madri — conta Alfonso “Poncho” de los Rios, CEO e co-fundador da Nowports que chegou a morar seis meses em São Paulo para lançar a operação local.
No começo do ano, a Nowports iniciou operação no Panamá, em Concepción (Chile) e em Medellín (Colômbia). Agora, a startup tem dez escritórios em sete países latino-americanos.
Fonte: O Globo