Com o avanço de 1,2% no volume de serviços prestados em maio ante abril, o setor confirma sua volta a um cenário de crescimento com "ritmo mais moderado" que o vinha caracterizando desde dezembro de 2020. Nos seis meses até maio, o crescimento acumulado do setor foi de 3,5%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa terceira etapa dos serviços na pandemia, de crescimento moderado, tinha sido interrompida em março, no auge da segunda onda de infecções e óbitos por covid-19. A análise é do responsável pela Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE (PMS), Rodrigo Lobo.
Segundo o especialista, no início da crise houve um movimento de perdas intensas no volume de serviços entre os meses de março e maio de 2020, com queda de 19% na esteira de um fechamento mais intenso da economia por governos estaduais e municipais. Em seguida, entre junho e novembro, Lobo aponta um "crescimento mais acelerado" do setor de maior peso na economia, que experimentou alta de 19,6% nos seis meses até novembro.
A dinâmica de perdas intensas seguidas de uma recuperação acelerada e, depois, recuperação mais moderada se repetiu para todas as atividades de serviços, mas foi mais marcada para os serviços prestados às famílias: estes perderam 57,5% nos três primeiros meses da crise, avançaram 73,7% nos seis meses seguintes e, mais recentemente, e, mais recentemente, desde novembro, acumulam perda de 4%, em que pesem variações positivas nos últimos meses.
A variação no volume dos serviços nessas três fases do setor apontadas pelo IBGE é menor para outras atividades. Para os transportes, entre março e maio houve queda de 20,9%, com recuperação de 21,9% entre junho e novembro e 8,7% nos seis meses até maio.
O setor de serviços foi o último a retomar pela primeira vez o patamar pré-pandemia, o que só aconteceu em fevereiro deste ano devido ao contato pessoal intrínseco à maior parte de seus segmentos. Após a piora da pandemia em março, que voltou a derrubar a economia, maio foi o primeiro mês em que os três setores da economia voltaram a superar ou igualar o nível de atividade pré-pandemia: enquanto os serviços estão 0,2% acima desse patamar e o comércio o supera em 3,9%, o volume produzido pela indústria - a primeira a se recuperar pela primeira vez, ainda em 2020 - está em linha com aquele registrado em fevereiro de 2020.
Segundo o IBGE, com relação ao pico da série histórica, em maio, os serviços ficaram 11,3% abaixo desse patamar registrado em novembro de 2014; o comércio estava 1,3% abaixo do nível histórico registrado em novembro de 2020, já em meio à crise; e a produção industrial situava-se 16,7% abaixo de seu melhor resultado, obtido em maio de 2011.
Transportes
A atividade transportes, serviços auxiliares de transporte e correio cresceu 3,7% em maio ante abril e agora está 4,7% acima do patamar pré-pandemia, seguindo como um dos pilares de sustentação da retomada do setor de serviços. Essa alta, informou o IBGE, se deve ao avanço do transporte aéreo, que avançou 60,7% na margem, após dois recuos em abril (-21,8%) e março (-17,9%).
Rodrigo Lobo atribuiu essa expansão de maio à recuperação do transporte de passageiros e a uma nova contribuição do serviço de carga, que experimentou incremento durante a reorganização da economia no contexto de pandemia.
Na comparação com maio de 2020, o avanço no volume de transporte aéreo foi de 217,1%. Nos primeiros cinco meses do ano, o segmento acumula alta de 2,5%. Mas, em doze meses, ainda experimenta recuo de 27,5%.
Segundo Lobo, apesar da alta, o transporte aéreo teve um volume de serviços, em maio, 28,9% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2021 e, desde então, precisaria crescer 40,6% para retornar ao nível pré-crise. Em maio, o setor também estava 45,1% abaixo do pico da série histórica, registrado em agosto de 2015. A atual série histórica do IBGE para serviços teve início em janeiro de 2011.
Entre as outras atividades dentro do setor de transportes, houve avanço de 3,3% no volume do serviço terrestre, após dois meses de recuos. No ano, esse subsegmento teve avanço de 12,4%, mas, em doze meses, ainda experimenta queda de 2,2%.
Em movimento de acomodação, o transporte aquaviário registrou recuo de 3,3% em maio ante abril, após avançar 7% em abril e 1,4% em março, sempre na margem. Nos cinco primeiros meses do ano, acumula alta de 11% e, em 12 meses, de 9%. Segundo o IBGE, em maio, o segmento está recuperado e operou em nível 11,1% acima do registrado em fevereiro de 2020, o último mês sem efeito da crise.
Fechando os serviços de transporte, o segmento de Armazenagem, serviços auxiliares e correios cresceram 3,6% em maio, acumulando alta de 14,4% no ano e 8,3% em doze meses. A exemplo do transporte marítimo, esse segmento de armazenagem opera em nível 17,7% acima do patamar pré-pandemia. Em maio, a categoria alcançou novamente o ponto mais alto da série histórica do IBGE, como tem acontecido desde o início de 2020, nas palavras de Lobo "motivado pela operação de aeroportos e concessionárias de rodovias".
Segundo o especialista, os serviços que dispensam contato, sobretudo os de transporte de cargas e logística, assim como o serviços profissionais e de informação e comunicação seguem sustentando a retomada do setor, apenas "ajudada" pela alta dos serviços prestados às famílias, que parte de uma base deprimida e ainda está limitada pelo contexto pandêmico.
Fonte: Valor Econômico
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