04/03/2021

Rumo inaugura operação da nova Ferrovia Norte-Sul

 Rumo inaugura operação da nova Ferrovia Norte-Sul


A Rumo começa a operar oficialmente, hoje, a Ferrovia Norte-Sul. A movimentação de cargas iniciará pelo trecho sul da via, mas, até o fim de 2021, toda a malha já estará em funcionamento, segundo Beto Abreu, presidente da empresa, que faz parte do grupo Cosan.

A inauguração do empreendimento é um marco. O evento ocorre cerca de dois anos após a Rumo conquistar a concessão e a mais de 30 anos desde que o corredor foi concebido, para ser uma “espinha dorsal ferroviária” entre o Norte e o Sul do país.

O primeiro trecho a entrar em operação vai do terminal de São Simão (GO) até Estrela D’Oeste (SP), onde há ligação com a Malha Paulista, ferrovia também operada pela Rumo e que desemboca no Porto de Santos.

A segunda etapa do empreendimento deverá ser inaugurada no terceiro trimestre de 2021, quando ficar pronto o terminal de transbordo na cidade de Rio Verde, também em Goiás.

A terceira e última fase será a conclusão do restante da malha, que vai até Porto Nacional (TO) - onde há conexão com o tramo norte da Ferrovia Norte-Sul, operado pela VLI. Este último trecho ainda exige algumas obras, mas já estava praticamente concluído quando o contrato foi firmado com a Rumo, que tem feito modernizações na via.

Até agora, a companhia destinou R$ 711 milhões à ferrovia, que foi entregue inacabada pelo governo. A maior parte dos recursos foi usada justamente no trecho sul do empreendimento, que faz interligação com a Malha Paulista. Ao todo, o contrato de 30 anos prevê R$ 2,7 bilhões de investimentos na malha.

“A maior dificuldade era a construção de quatro pontes, muito extensas, entre Goiás, Minas e São Paulo. Concluímos as pontes e agora estamos inaugurando o primeiro terminal, em São Simão”, afirma o executivo.

O terminal foi feito em parceria com a Caramuru Alimentos e deverá ter capacidade para movimentar até 5 milhões de toneladas de grãos por ano.

A maior parte da carga movimentada pela Rumo na Norte-Sul deverá estar concentrada “de Rio Verde (GO) para baixo”, ou seja, em direção ao Porto de Santos, explica Abreu. Em 2021, a expectativa é que a operação tenha um foco grande em grãos, como milho, soja e farelo. Ainda neste ano também deve iniciar o transporte de contêineres pela via.

Em 2022, deverá começar a movimentação de combustíveis, principalmente com o escoamento do etanol produzido em Goiás, a partir da cana e do milho, e a chegada do diesel importado e consumido na região.

Também no próximo ano está prevista a entrega de um novo terminal rodoferroviário, na cidade de Iturama (MG), que está sendo construído pela Coruripe. Com isso, a Norte-Sul também deverá passar a escoar açúcar. Outra carga no radar da Rumo é o minério de ferro, que poderá começar a ser transportado a partir de 2023 na via, afirma Abreu. A expectativa é que a ferrovia atinja a sua maturidade em 2025.

Ao todo, já são quatro terminais construídos em função da nova ferrovia. Além das unidades em São Simão (GO), Rio Verde (GO) e Iturama (MG), a Brado, subsidiária de logística da Rumo, está construindo um terminal voltado a contêineres em Imperatriz, no Maranhão, mas ainda não há previsão para a conclusão das obras.

A Rumo conquistou a nova concessão da Norte-Sul em março de 2019. À época, a companhia venceu a disputa contra a VLI (que opera o trecho norte da ferrovia) com um lance agressivo, de 100,9% de ágio. Quando assinou o contrato, no fim de julho daquele ano, a empresa assumiu o compromisso de começar a operação em até dois anos - o que conseguiu fazer com cerca de cinco meses de antecipação.

Desde então, a companhia vem se preparando para dar conta desse aumento na movimentação de carga. No ano passado, a Rumo teve um grande avanço nesse sentido ao conseguir a aprovação para renovar, por mais 30 anos, seu contrato da Malha Paulista - ferrovia que faz a conexão da Norte-Sul com o Porto de Santos. O contrato foi firmado em maio de 2020, e a empresa já iniciou os investimentos para expandir a capacidade da via. Ao todo, serão alocados R$ 6 bilhões no sistema, em troca da prorrogação contratual.

Para Abreu, os investimentos que têm sido feitos na Malha Paulista e no Porto de Santos serão suficientes para abarcar o novo volume de cargas.

Para além da Norte-Sul, a Rumo também continua focada em expandir sua Malha Norte, em direção ao Mato Grosso. O objetivo da empresa é prolongar sua ferrovia no Estado, que hoje vai até Rondonópolis, para que chegue até Lucas do Rio Verde, em um trajeto de cerca de 600 km.

“O projeto continua uma prioridade. Estamos discutindo o melhor modelo regulatório com o Ministério de Infraestrutura e, uma vez que essa etapa seja finalizada, o desafio será o licenciamento ambiental, que pode demorar até três anos”, afirma.

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