Neste ano, a estimativa do Banco de Desenvolvimento da América Latina é de uma contração de até 9% na economia regional
O Banco de Desenvolvimento da América Latina (conhecido pela sigla CAF) prevê uma nova "década perdida" na região como consequência da pandemia. A instituição projeta que apenas em 2025 o PIB per capita latino-americano voltará ao patamar verificado em 2015. Neste ano, a estimativa é de uma contração de até 9% na economia regional — com alguma perspectiva de queda mais leve graças ao desempenho menos negativo do que o esperado no Brasil.
Para 2021, a CAF acredita em um crescimento médio entre 4% e 5%. "Estamos passando um pente-fino nos números, mas a recuperação será lenta e não teremos um rebote significativo nas taxas", afirmou, nesta quinta-feira (10), o presidente do banco, Luis Carranza Ugarte, em encontro virtual com quatro veículos de imprensa latino-americanos — o Valor foi um deles.
Carranza, que foi ministro da Economia do Peru por duas vezes, vê assimetria grande nas trajetórias de recuperação e um aumento das desigualdades sociais como ponto em comum nos países da região. Para ele, quem tem economias mais dependentes de matérias-primas e voltadas à exportação tende a reagir melhor do que países com peso maior dos serviços em geral e do turismo, especificamente.
Um dos pontos que mais lhe chamam a atenção na pandemia é a "aceleração das transformações digitais em nossa sociedade" e seus efeitos sobre o emprego. Na avaliação do ex-ministro peruano, o maior risco de "destruição líquida" de vagas não está nos postos de trabalho mais qualificados e nem nos mais básicos, mas principalmente no pessoal com qualificação intermediária.
"Precisamos adaptar-nos a essa nova realidade e capacitarmos a nossa juventude. Nossos países têm legislações trabalhistas complexas e vem aí um processo de transformação digital que muda a relação trabalhador-empresa. Não se trata de desproteger, mas flexibilizar a possibilidade de contratar e demitir. Não se pode gerar um excesso sobre a realidade econômica que temos aqui."
Carranza afirmou que reformas econômicas, incluindo mudanças em legislações setoriais a fim de trazer mais investimento privado estrangeiro à região, são essenciais e têm agora uma oportunidade de avançar. Crises menores, segundo ele, têm ganhadores e perdedores.
Numa crise tão intensa, que define como "a pior da história republicana na maioria dos países" da América Latina, praticamente todos perdem. E isso permite reacomodação política, facilita a construção de consensos, viabiliza uma aceleração das reformas travadas.
Endividamento público
Sem enxergar aperto monetário nos países ricos e nem repique das taxas de inflação aqui na vizinhança, pelos próximos dois a três anos, o presidente da CAF coloca o endividamento público como maior risco no horizonte. Ressalta que bônus e subsídios diretos às populações mais vulneráveis não são problema agora, são necessários, mas mantê-los por muito tempo não é "boa ideia".
"Vamos necessitar déficits fiscais importantes neste e no próximo ano. Mas, daí em diante, deveríamos ver uma saída suave em direção às variáveis clássicas e um caminho de estabilidade para a dívida pública", disse Carranza, em uma hora de entrevista — da qual também participaram "El Economista" (México), "Portafolio" (Colômbia) e "Gestión" (Peru).
Antes da pandemia, segundo ele, muitos países da Europa tinham dívida bruta em torno de 100% sem que isso fosse um problema. "Na América Latina, seria insustentável. Entre 40% e 60% não é uma relação ótima \dívida/PIB], mas permite estabilidade", afirmou. Além do tamanho dos compromissos, as taxas de juros e o crescimento da economia são importantes para a sustentabilidade da dívida, lembrou.
Não só a disciplina fiscal, mas a qualidade do gasto público é essencial. Ele defendeu a importância de abrir espaço, nos orçamentos, para investimento e não elevar despesas correntes. Na infraestrutura, enfatizou a importância de ter projetos bem montados para atrair o capital estrangeiro, aproveitando o momento de liquidez internacional.
A CAF, que carrega ainda a sigla de Corporação Andina de Fomento, tem, hoje, 17 acionistas latino-americanos e caribenhos, além de Espanha e Portugal. No Brasil, um dos principais sócios, a instituição apoia projetos de entes subnacionais como a linha 17-ouro do metrô de São Paulo, o sistema integrado de mobilidade em Contagem (MG), a requalificação urbana de Jaraguá do Sul (SC). Em agosto, aprovou um empréstimo de US\$ 350 milhões à União para ajudar no pagamento do auxílio emergencial.
Fonte: [Valor econômico
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