Diante das dificuldades nos portos, os exportadores de café têm buscado alternativas para não perder prazos junto a compradores internacionais: desde o embarque em sacos sem contêineres, ao envio por avião.
Nos últimos meses do ano passado, houve o resgate de um sistema chamado ‘break bulk’, que é um tipo de embarque via sacas diretamente nos navios, sem o uso de contêineres. A modalidade foi usada há algumas décadas e ressurgiu adaptada. “Os porões dos navios, hoje, possuem sistemas de refrigeração para tentar garantir a umidade que o processo de exportação requer”, cita Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé.
Não fosse assim, dificilmente exportadores do porte da Cooxupé, a maior cooperativa de café do mundo, e tradings, optariam pelo sistema que no passado trazia riscos de comprometer a qualidade do grão. A cooperativa chegou a enviar mais de 100 mil sacas por essa modalidade no fim do ano passado.
Segundo o Cecafé, desde novembro já ocorreram quatro operações de exportadores via ‘break bulk’ e mais duas foram marcadas para janeiro e fevereiro. Para o presidente do Cecafé, Nicolas Rueda, o modelo é tendência “que veio para ficar”.
Vale lembrar que a principal saída para o grão é Santos (SP), que respondeu por 77% do volume de embarques do grão no ano passado - ou 31 milhões de sacas -, seguido por Rio de Janeiro e Sepetiba (RJ), com 16,3%; e Vitória (ES), com 2,6%.
Em meio ao caos logístico nos portos, houve quem enviasse café por avião. Essa é, porém, uma modalidade muito mais cara. A Agropecuária Labareda (Franca, SP), de cafés especiais, recorreu à alternativa ao menos duas vezes no semestre passado, em outubro e novembro, para atender à Cals Coffee, que distribui seus cafés na Espanha e Portugal.
O importador assumiu as despesas com o frete, e o custo logístico por saca subiu de US$ 7 para US$ 80. “Tivemos de dar um desconto a ele no café”, diz Gabriel Oliveira, diretor da Labareda. Embora também tenha notado melhor fluxo em Santos, ele conta que ao menos duas remessas recentes que saíram por navio devem chegar ao destino com um mês de atraso.
Fonte: Valor Econômico
27/11/2024
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