Em janeiro, o presidente da república sancionou a regulamentação da reforma tributária. Com a aprovação recente, as empresas percebem a necessidade de repensar as malhas logísticas de distribuição. A Reforma Tributária traz mudanças significativas para o setor logístico, principalmente, no que se refere à tributação no consumo.
A mudança envolve a substituição de tributos como o ICMS e o ISS pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), um tributo sobre valor agregado que deverá ser aplicado no destino, e não na origem, como era anteriormente.
OPORTUNIDADES LOGÍSTICAS
Historicamente, muitas companhias brasileiras organizaram suas operações logísticas focando em regimes tributários específicos de estados que ofereciam incentivos fiscais mais atrativos, ao invés de priorizar eficiência operacional. Essa prática criou uma malha de distribuição complexa e, frequentemente, ineficiente, gerando maiores custos de transporte e impacto ambiental.
Inúmeras empresas possuem um mapa de distribuição que pode não estar alinhado com as necessidades de negócio do cliente ou operam com custos ou níveis de serviço indesejados. Segundo a FTI Consulting, os custos logísticos representam um valor que pode chegar de 3% a 10% do faturamento bruto das empresas, fazendo com que os mesmos sejam um ponto de preocupação.
Os estudos de otimização de malha logística tributária são extremamente relevantes no controle dos custos e na competitividade das empresas. Muitas vezes, elas não consideram o impacto significativo que otimizações dessa natureza podem trazer para toda a cadeia de negócio”, afirmou o diretor-executivo Sênior de Transformação de Negócios da FTI Consulting, Cristiano Rios.
De acordo com o executivo, com a aprovação da reforma tributária, abre-se uma janela de oportunidade para que a reavaliação da estratégia de distribuição seja feita considerando outros fatores além da localização.
Com a expectativa de que os entraves fiscais entre os estados brasileiros sejam reduzidos, as empresas poderão redesenhar suas redes de distribuição, considerando fatores como custo de transporte, tempo de entrega e pegada de carbono.
"É hora de as empresas também olharem para além dos incentivos fiscais e focarem em um planejamento de longo prazo que traga ganhos em eficiência, sustentabilidade e maior satisfação do cliente", acrescentou Rios.
HORIZONTE SUSTENTÁVEL
Além da eficiência operacional, a reforma tributária também oferece uma oportunidade para as empresas investirem em práticas de sustentabilidade. Segundo a diretora Sênior de Comunicação Estratégica & ESG da FTI Consulting, Kelly Souza, a reforma tributária permitirá que as empresas redefinam suas estratégias operacionais com foco na otimização logística, o que poderá resultar em planos de descarbonização mais robustos e maior alinhamento com as metas globais de ESG.
"Empresas que agirem de maneira proativa na adaptação às novas regras da reforma tributária sairão na frente. Elas poderão se beneficiar não só financeiramente, mas também em termos reputacionais, reduzindo sua exposição a riscos desnecessários e se tornando mais resilientes em cenários de crise", reforçou.
Fonte: Mundo Logística