02/09/2020

Queda será a maior em 120 anos e supera até época da gripe espanhola

 Queda será a maior em 120 anos e supera até época da gripe espanhola



_Ibre projeta queda de 6,1% do PIB per capita neste ano_

Com os impactos das medidas de isolamento para conter a pandemia, a queda do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2020 será a mais intensa registrada nos últimos 120 anos, desde 1901, mostra levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), com base em indicadores do IBGE e do Ipea. A expectativa da fundação é de retração de 5,4% do PIB neste ano.

O Ibre/FGV prevê ainda, no levantamento, queda de 6,1% do PIB per capita neste ano. Usado por economista para medir a riqueza de países, o indicador é definido pelo divisão do valor do PIB com a população total. Se confirmada a projeção, será o pior desempenho desde 1981, quando recuou 6,3%. Dessa forma, a renda per capita deverá encerrar o ano em R$ 30.135 por habitante, retornando a nível próximo do registrado em 2007 (no valor de R$ 29.788).

Silvia Matos, coordenadora do boletim Macro do Ibre/FGV, diz que a intensidade da retração do PIB neste ano deverá ser maior, por exemplo, do que a registrada durante a gripe espanhola, em 1918. Naquele ano, o PIB brasileiro recuou 3,2%, uma das piores taxas da série histórica disponível. Segundo ela, o impacto seria maior agora, em parte, por causa das mudanças de perfil da economia do país nesse período de um século decorrido entre as duas pandemias.

A economista lembra que os números da gripe espanhola são incertos, tanto no campo sanitário quanto da própria atividade econômica. Havia então menos dados confiáveis disponíveis, assim como menos pesquisas sendo realizadas. Porém, Silvia Matos diz que o país era em 1918 era ainda uma economia agrária, com menor participação do setor serviços no PIB e uma parte significativa da população vivendo em áreas rurais.

“A economia é atualmente mais intensiva em serviços, com mais participação do turismo. São atividades bastante afetadas pelo isolamento social, pela pandemia. E isso era bastante diferente em 1918”, diz a coordenadora do Boletim Macro. “Embora a pandemia possa ter afetado menos o PIB em 1918, os impactos foram provavelmente maiores no bem estar da população, já que houve uma quadro relevante de mortalidade, havia pouca tecnologia para salvar vidas e encontrar a cura rápida.”

Diferentes países do mundo sofrem perdas recordes em 2020, por causa das medidas de isolamento necessárias para enfrentar a pandemia. O Brasil, porém, entrou na atual recessão em situação pior do que os demais economias, argumenta.

Entre o segundo trimestre de 2014 e o fim de 2016, enquanto o resto do mundo crescia, o Brasil viveu uma longa e profunda recessão provocada por erros de política econômica.

“Tivemos assim duas grandes recessões em uma mesma década no Brasil. Entramos nesta crise atual em situação pior do que os demais países: baixa produtividade, elevada informalidade, desemprego elevado. Não havíamos ainda nos recuperados das perdas anteriores. Então, o desafio agora será grande para a recuperação”, acrescenta.

Para a economista, dificilmente a recuperação da economia no segundo semestre será suficientemente rápida para evitar que o ano seja o pior da história do país. Essa posição inglória era ocupada até então pelo PIB de 1981 (-4,3%) e de 1990 (-4,3%). Neste último caso, o mais recente, trata-se da recessão provocada pelo Plano Collor, que confiscou em março daquele ano as contas de poupança.

Para chegar a essas conclusões, o Ibre/FGV adotou uma série histórica construída pelo Ipea para o PIB brasileiro do período de 1900 a 1947. Os dados a partir de 1948 são oficiais e adotados pelo IBGE, embora também costurem séries estatísticas com metodologias diferentes entre si. A série histórica compatível com a metodologia vigente das Contas Nacionais tem início em 1996.

No caso do PIB per capita, Silvia Matos explica que as perdas em 2020 não devem ser as maiores história por fatores demográficos. No início dos anos 80, a população brasileira crescia a um ritmo de 2% ao ano. Atualmente, esse avanço populacional está abaixo de 0,8% ao ano, como mostrou recentemente publicação do IBGE. “O menor crescimento populacional suaviza na estatística o impacto da pandemia”, afirma Silvia.

Fonte: Valor Econômico

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