As áreas do Brasil dominadas pelo agronegócio tiveram crescimento médio real de 29,4%, bem acima das regiões não agrícolas entre 2019 e 2022, em comparação ao quadriênio anterior. Segundo cálculos do economista Braulio Borges, da LCA Consultores, no restante do país a alta foi de 3,8%. A produção do agro representa 8% do PIB brasileiro, mas pode chegar a 28% se incluídos serviços e toda a cadeia. Levando em conta valores deflacionados pelo IPCA, o PIB agropecuário foi de R$ 2,08 trilhões no período.
Essa alta se deve principalmente à elevação dos preços das commodities e ao real desvalorizado. Em volume, o PIB do agropecuário - que diz respeito à produção e não a toda cadeia - cresceu, em média, 1% ao ano entre 2019 e 2022, enquanto o PIB nacional avançou 1,1%.
Esse Brasil - cuja renda tem se expandido acima da média nacional e que passou com menos turbulências do que o restante do país pelas últimas recessões e pela pandemia - ajuda a explicar o endosso do setor ao bolsonarismo, afirmam especialistas.
No 1º turno da eleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve 48,43% dos votos, e Jair Bolsonaro, 43,20%. O atual presidente venceu no Centro-Oeste, Sul e Sudeste, sobretudo onde predomina o agro: o interior dos Estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, todo o Centro-Oeste, Triângulo Mineiro e sul da Região Norte. O petista teve mais votos na maior parte da Região Norte e no Nordeste.
A correlação entre o desempenho do agro e a gestão do atual governo, no entanto, não é direta. Há componentes anteriores que explicam a bonança do setor, diz Sergio Vale, da consultoria MB Associados. “Se pegarmos o crescimento dos Estados brasileiros ao longo das últimas quatro décadas, os que mais cresceram foram aqueles onde o agro tem maior peso”, diz. Para ele, o setor integrou-se mais do que outros à economia global. Segundo Felippe Serigati, da FGV Agro, o segmento também tem mais força política.
Fonte: Valor Econômico