18/09/2020

Portos respondem a limitações impostas pela pandemia, crescem e miram em gestão eficiente para atrair investimentos

 Portos respondem a limitações impostas pela pandemia, crescem e miram em gestão eficiente para atrair investimentos


Evento promovido pelo Fórum Brasil Export analisou como as Autoridades Portuárias precisaram rever planos comerciais e financeiros estabelecidos ao final de 2019 diante da pandemia

A rotina de quase todo o planeta sofreu um forte impacto em março deste ano quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou uma pandemia devido à rápida disseminação de casos de Covid-19 em todas as regiões do globo. No mesmo mês, foram registrados e noticiados os primeiros casos da doença no Brasil, paralisando comércios, setores produtivos e atividades financeiras. A atividade portuária foi classificada como essencial com a publicação da Medida Provisória 945, hoje convertida em lei, mas, ainda assim, os gestores dos portos brasileiros enfrentaram muitas incertezas e tiveram que lidar com a diminuição de funcionários do “grupo de risco” nas Autoridades Portuárias. Pouco mais de seis meses depois, os portos públicos registram mais cargas movimentadas do que em 2019 e encontram ambiente propício para projetar o futuro, debater ideias e propor ajustes estruturais no setor.

Reunindo quatro presidentes de Autoridades Portuárias de quatro diferentes regiões do País, o 2º Webinar do ENAPH (Encontro Nacional de Autoridades Portuárias e Hidrovíarias), fruto da parceria entre o Fórum Nacional Brasil Export e a (ABEPH) Associação Brasileira das Entidades Portuárias e Hidroviárias foi realizado nesta quinta-feira, 17 de setembro, e mostrou como as Autoridades Portuárias precisaram rever planos comerciais e financeiros estabelecidos ao final de 2019 diante da pandemia.

Passado o choque inicial, a maior parte dos principais portos comemoram crescimento e miram em ampliar a produtividade. A moderação da atividade digital coube a Mayhara Chaves, presidente da ABEPH e da Companhia Docas do Ceará, além de Conselheira do Nordeste Export. Ela destacou a importância de integrar a logística brasileira, garantir um ambiente de segurança jurídica para investidores, aprimorar cada vez mais a gestão dos portos e integrar as hidrovias aos portos marítimos.

“Estive recentemente conversando com a Secretaria Nacional de Portos sobre gestão e vislumbro que até o final do ano poderemos traçar planejamento de portarias, normativas e evoluções para o setor portuário”, destacou Mayhara, citando como exemplo início de discussões acerca do modelo de guarda portuária nos portos públicos, assunto que ela levantou durante o 1º Webinar do ENAPH, promovido no início deste mês.

A diretora-presidente do Porto de Cabedelo, Gilmara Temóteo, relatou que o ano de 2020 começou promissor para o porto paraibano, com a expectativa de licitações de áreas e atração de investimentos. Ela explicou, todavia, que com a chegada da pandemia a administração do Porto apresentou diferentes projeções ao Conselho de Administração, estimando redução de 15%, 30% e até 50% na movimentação operacional.

Levando em conta todas as cargas, mais de 700 mil toneladas já foram movimentadas por Cabedelo até o final de agosto, índice 10,45% maior do que o registrado nos oito primeiros meses de 2019. O porto paraibano vem realizando consistentemente operações de trigo, malte, coque de petróleo, ilmenita, gasolina e diesel. Gilmara apontou que a equipe da Autoridade Portuária agora trabalha para dar continuidade ao crescimento das operações e elogiou a iniciativa do ENAPH, que permite um “debate riquíssimo” entre lideranças, investidores e autoridades do segmento.

A atividade ininterrupta dos portos ofereceu as condições necessárias para o Brasil não parar e garantir o abastecimento de toda a sociedade, ressaltou o diretor-presidente da CDRJ (Companhia Docas do Rio de Janeiro), vice-almirante Francisco Antonio de Magalhães Laranjeira. Como instrumentos estratégicos para o País, observou, os portos precisam contar com gestores com visão ampla para que sejam eficientes e eficazes. Somente no último mês de agosto, os portos administrados pela CDRJ registraram a movimentação de 5,16 milhões de toneladas, o maior índice mensal desde dezembro de 2018 e 21,7% a mais do que as operações realizadas em agosto de 2019.

Laranjeira destacou que, para o futuro, a administração dos portos devem “cuidar da atratividade” de suas instalações, incluindo os acessos terrestres e os serviços de dragagem, especialmente nos canais de navegação que mais exigem manutenção. O diretor-presidente da CDRJ disse, ainda, esperar que a implantação da BR do Mar – programa de incentivo à cabotagem – possa ajudar o Rio de Janeiro a atrair novas cargas para seus portos, tornando-se um estado ainda mais atuante no transporte marítimo.

Responsável por administrar seis unidades portuárias, a CDP (Companhia Docas do Pará) reúne particularidades sem comparativos no País, como a enorme distância territorial entre essas instalações, disse o diretor-presidente Eduardo Bezerra. Alguns desses portos, informou, são afastados dos grandes centros urbanos e de desenvolvimento e há dificuldade até em obter um bom sinal de Internet. “Por isso agora projetamos investimentos em comunicação e tecnologia para não sermos mais surpreendidos como fomos”. Bezerra classificou como maior desafio nesse período de pandemia a necessidade de operacionalizar os recursos humanos da Companhia, já que cerca de 25% do efetivo foi afastado por se enquadrar como “grupo de risco”.

Bezerra afirmou ser muito otimista quanto ao futuro do desenvolvimento portuário do Pará. Ele destacou a licitação de uma área no Porto de Vila do Conde onde será construída uma usina termoelétrica operada a partir de um terminal de GNL. A indústria do alumínio é outro grande trunfo do estado paraense. “60% da movimentação da CDP está vinculada a essa indústria. É muito grande o potencial de negócios a serem desenvolvidos. Leilões importantes foram feitos e isso mostra que a classe empresarial acredita no País”.

Mesmo com expressivos investimentos realizados em portos públicos e privados na costa catarinense e nos demais estados da região Sul, o Porto de Itajaí segue competitivo e em crescimento, enfatizou o superintendente Marcelo Werner Salles. Ele atribuiu o interesse no Porto a investimentos recentemente realizados, como o aprofundamento do canal de acesso e adequação da nova bacia de evolução, as obras de reforço e realinhamento dos berços 3 e 4 e liberdade de gestão proporcionada pela delegação da Autoridade Portuária pelo Governo Federal à municipalidade. “Toda essa condição de investimentos pelo Governo Federal, pelo governo estadual, pela Autoridade Portuária e pelo TUP Portonave permitiu ao porto público de Itajaí dar um salto de 170% de cargas movimentadas”.

Em 21 anos de delegação do Porto ao município de Itajaí, acrescentou Salles, o crescimento foi de 1400%. Na visão do superintendente, o crescimento mútuo de todos os portos da região comprova que a ainda deficiente infraestrutura brasileira detém o potencial de produção em todo o País. Ele disse estar otimista para o futuro dos portos e do setor produtivo nacional como um todo.

Presente no encontro, o diretor presidente e CEO da ABOL – Associação Brasileira de Operadores Logísticos, Cesar Meireles, solicitou a palavra e reforçou a relevância da discussão em torno da multimodalidade com foco no ganho da eficiência logística. “No âmbito do Fórum Brasil Export, tivemos esta semana uma reunião muito produtiva sobre a potencialidade multimodal da região Centro-Oeste do país, na qual presenciamos uma discussão extremamente rica. Já a ouvi palestrar, cara Mayhara Chaves, sobre o compromisso com as hidrovias e gostaria de clamar novamente para que a questão da hidrovia venha a fazer parte efetivamente das nossas discussões”, disse Meireles.

Ele mencionou complexos aquaviários europeus da região do “Eurodelta”, que compreende Alemanha, Bélgica e Holanda, como modelos inspiradores que “nos provocam a que não nos aquietemos. Potencial hidroviário temos em abundância, especialmente quando falamos em Centro-Oeste. Temos a leste a hidrovia do Paraná, a oeste a hidrovia do Paraguai, o potencial gigantesco da Araguaia-Tocantins, entre tantas outras opções para aumentar a eficiência logística usando soluções calcadas na integração. Nós, Operadores Logísticos, somos verdadeiramente dedicados ao conceito de integração e não conseguimos ver o Brasil de forma fragmentada. Queria oferecer a nossa disponibilidade para que possamos discutir a logística entre todos os modais”, disse o diretor presidente e CEO da ABOL.

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