Pouco mais de sete anos depois, o grupo Polimix, dono da concreteira que leva o mesmo nome e de uma das maiores fabricantes de cimento do país, espera, entre fevereiro e março, iniciar as obras de seu terminal portuário multiuso, denominado Porto Central. O local escolhido para o empreendimento fica no município de Presidente Kennedy, na costa do Espirito Santo, 150 km ao sul de Vitória.
A obra, lançada em 2014, é mais uma diversificação do grupo familiar, que atualmente tem negócios ligados à construção civil, transporte, produção de etanol, geração de energia renovável e reciclagem de materiais. O projeto está a cargo da TPK Logística, controlada em 70% pelo Polimix. Outros investidores detêm 30%.
O investimento total no Porto Central é bilionário. Por isso, o plano do grupo é começar com um terminal de granéis líquidos para movimentação de petróleo cru e de derivados de petróleo. Nessa fase, que significa a implantação do porto em si, estão previstos US$ 650 milhões (pelo câmbio de ontem, R$ 3,35 bilhões).
Os sócios preveem aportar 20% do montante, informa José Maria Vieira de Novaes, presidente do conselho de administração do Porto Central, 100% controlado pela TPK. O grosso do investimento, diz o executivo, virá de financiamentos com bancos de fomento e de investimentos e de agências (ECAs) especializadas em recursos para infraestrutura.
Segundo Novaes, o prazo para concluir a primeira fase do terminal de granéis líquidos, com quatro berços para receber navios, é de três anos. A capacidade de movimentação, de navio para navio, será de 1,2 milhão de barris de petróleo ao dia. “Nossa meta é poder iniciar operação ao final de 2024”, disse o executivo ao Valor.
Um passo importante para fazer o projeto acontecer, afirmou, já foi dado - foram firmados quatro contratos de operações de transbordo de petróleo e derivados no terminal com petroleiras que atuam no país. O último deles foi com a Petrobras no dia 13 deste mês. “Esses contratos são lastro para obtermos financiamentos para executar a obra”, destacou Novaes, que está à frente do Porto Central desde o início, primeiramente como CEO.
O executivo não revelou o nome das outras três companhias, alegando que estão na fase final de assinatura dos contratos. Mas revelou que o volume dos quatro contratos gira entre 250 mil e 300 mil barris/dia. A primeira etapa de terminal prevê movimentar até 1,2 milhão de barris por dia.
Em nota ao Valor, a Petrobras informou que assinou um contrato para operações de transbordo de navios (ship to ship) no Porto Central. E destacou que “a motivação desta contratação é aumentar a capacidade de transbordo e flexibilidade operacional para atendimento à exportação de petróleo nos próximos anos”.
O Porto Central informa que o terminal terá calado com 25 metros de profundidade e quatro berços aptos a receberem navios da classe VLCC (Very Large Crude Carrier), com capacidade de 2 milhões de barris de petróleo. Esses meganavios são abastecidos por outros navios, os aliviadores, que vêm das frentes de extração.
Novaes diz que o porto já está licenciado para ter até 13 berços no terminal de granéis líquidos, o que elevaria sua capacidade de transbordo a quase 4 milhões de barris por dia. Além da licença de instalação do porto, concedida em 2018, informa que já há autorização para supressão vegetal na área, da Marinha (para o canal) e todas as licenças da Antaq para o porto.
O executivo admite que se trata de um projeto gigante, a ser implantado em várias etapas e aberto a investidores. Estes poderão ser sócios em algumas operações ou montar seus próprios terminais - por exemplo, de grãos, de contêiner e outros. Estima-se investimentos de mais de US$ 2 bilhões nos projetos previstos no porto. “Há muito investimento no pré-sal e carência de infraestrutura”, diz.
Para levar avante o porto, a TPK firmou parceria com a Van Oord Dredging and Marine Contractors, companhia holandesa especializada em construção de obras marítimas. A empresa será responsável pelas grandes obras do porto, que estão estruturada em quatro grandes blocos - dragagem do canal de acesso; o quebra-mar (2,5 km de extensão, para abrandar as ondas); a infraestrutura para ancoragem de navios; e as complementares ao empreendimento.
Segundo Novaes, a Van Oord tem a opção de se tornar sócia do Porto Central, ficando com uma fatia do capital, hoje 100% da TPK. Sobre financiadores, ele diz haver entendimentos com dois bancos.
Além do terminal de granéis, o executivo informa que, em paralelo, está sendo desenvolvido para se instalar no porto um terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL), com duas termelétricas a gás, cada uma de 575 MW. “É de um investidor que se habilitou ao leilão de energia de setembro”.
“Uma extensão da ferrovia que a Vale fará até Anchieta (mais 80 km) poderá viabilizar outras cargas, como grãos, aço, minério, contêineres e fertilizante importado”, diz.
Fonte: Valor Econômico
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