A jornada ESG (sigla em inglês que se refere a questões ambientais, sociais e de governança corporativa) nas empresas é tão complexa que toda ajuda é bem-vinda. E a ajuda pode vir de uma startup, de um fornecedor mais inovador, de uma organização do terceiro setor, de uma consultoria e por aí vai.
Para justamente tentar unir todas essas pontas e acelerar a implementação de ideias mais sustentáveis pelo público corporativo, a Pangeia, empresa fundada por Gustavo Peixoto, construiu um ambiente digital em que todos esses participantes podem participar – desde que tenham o propósito comum de troca de experiência sobre estratégias de sustentabilidade.
Chamado de Revolução ESG, o objetivo da plataforma aberta e colaborativa é criar uma rede de conexões para compartilhar erros e acertos, promover networking e facilitar parcerias entre elas. “Como gestora, a Pangeia tem o papel de conectar os agentes por meio da tecnologia”, comenta Daniel Coracha, sócio e diretor de inovação da Pangeia.
Ele cita que além da própria plataforma on-line, que traz as ações em andamento pelos participantes e dados de contato, também estão previstos eventos, como webinares bimestrais e, para as empresas (chamadas de agentes transformadores), um pacote de mentorias com especialistas para ajudar na aceleração da jornada ESG e a encontrar agentes e projetos que tenham relação com seus desafios.
“Estamos em estágio final de programação de um ‘marketplace’ de iniciativas de ESG na prática para que qualquer pessoa, organização ou entidade possa participar e o aplicativo está previsto para sair até o final do ano”, comenta ainda o executivo.
Quem paga a conta são as companhias que tem interesse nessas conexões e aprendizados – elas se associam ao Revolução ESG por um membership. “O valor mensal ou bianual depende da maturidade ESG da corporação ou entidade privada, da quantidade de horas de mentoria requerida e complexidade dos objetivos estratégicos e metas ESG”, detalha Coracha.
Neste grupo, já fazem parte do ecossistema corporações como Via (holding que agrupa as marcas Casas Bahia, Ponto e Extra.com.br), Viasat (líder global em comunicações via satélite), Moss (climatech, empresa de tecnologia para serviços ambientais), Meta (empresa que engloba as plataformas Facebook, Instagram e WhatsApp), Conexsus (assessoria, acesso a mercados e finanças para agentes da sociobiodiversidade) e TV Lar (grande grupo varejista da região norte).
Para os chamados agentes Propagadores, pessoas engajadas com as causas ambientais e sociais e que ajudam a propagar as boas práticas ao ecossistema, e os agentes sementes, como são chamadas as organizações especialistas na temática ESG e execução de projetos, não é cobrada nenhuma taxa ou mensalidade para participarem.
No primeiro grupo, já são mais de 50 líderes atuantes, reunindo desde conselheiros de grandes empresas, executivos e especialistas atuantes, a filósofos, artistas e representantes de povos originários. No segundo, que terá um papel importante na produção e conteúdo e assessorias pontuais, já dezenas de organizações envolvidas, entre elas: Sistema B, Instituto Akatu, Instituto Lixo Zero, KPMG, Ideia Circular, Imaflora / Origens Brasil, Organis, Vegan Business, Forest Trends, Regeneração Global, Prosas e Nova Acrópole.
“Está claro para nós, com os projetos em execução até o momento, que o poder de juntarmos diferentes corporações, ONGs, startups e demais agentes do ecossistema, de diversos setores em ações co-branding promovem o que chamamos de efeito ‘win-win’ ou ‘ganha-ganha’: alto impacto social e ambiental e aceleração da jornada das corporações para se tornarem classe mundial em ESG”, pontua Coracha.
A ideia de criar uma plataforma que usasse a tecnologia para juntar diversos agentes veio com a experiência da Pangeia, empresa fundada pelo executivo em 2016 e que começou como um e-commerce de produtos sustentáveis. A empresa foi, ao longo dos anos, se conectando com diversos parceiros e percebendo que existia uma demanda de mercado por conexões para promover impacto.
A decisão de expandir este DNA para conectar mais ocorreu em 2020 após a aceleração e redesenho estratégico que passamos com a consultoria global KPMG e o hub de inovação Distrito. “ Nossa vocação para conectar organizações e pessoas a causas era evidente, e percebemos diversas iniciativas fantásticas que não se beneficiavam do poder do efeito de redes para ganhar escala”, conta Coracha.
Em maio de 2021 começaram, então, a conectar empresas à rede de especialistas na temática e, como primeiro resultado, anunciaram uma parceria da loja sustentável Pangeia com a Via, uma forma de ajuda os pequenos e médios produtores sustentáveis espalhados pelo Brasil. O projeto contou ainda com apoio da CX Investimentos Socioambientais, empresa de serviços financeiros da Conexsus, e da Moss, outros parceiros. Com a plataforma, agora querem escalar este tipo de projeto.
“Após combinar os desafios com as necessidades estratégicas, a jornada inicia com workshops, curadorias e matchmaking com os agentes do ecossistema, de conexão com startups a ONGs que já atuaram no problema, para construção de soluções co-branding envolvendo os múltiplos agentes. O último passo é preparação da solução para replicação em outras regiões que sofrem do mesmo desafio”, finaliza.
Fonte: Valor Econômico