15/12/2022

Panorama do setor de Operadores Logísticos no Brasil

 Panorama do setor de Operadores Logísticos no Brasil



Muitos anos se passaram desde a entrada dos primeiros Operadores Logísticos (OLs) no Brasil. De mercado iniciante nos anos 90, atualmente este setor é composto por empresas maduras, que em média contam com uma experiência de cerca de 30 anos no país.


Para quem ainda tem dúvida sobre seu escopo de atuação, a ABOL (Associação Brasileira de Operadores Logísticos), criada há 10 anos, define Operadores Logísticos como os prestadores de serviço capazes de realizar simultaneamente as atividades de transporte, armazenagem e controle de estoques. Eles se diferenciam das demais empresas executoras de serviços logísticos específicos (como transportadores e administradores de galpões), pois os OLs são capazes de integrar e gerir várias atividades logísticas, oferecendo soluções completas.


Indústrias Farmacêuticas, que são também fabricantes de produtos de alto valor.


Todos esses segmentos lidam com necessidades e exigências logísticas elevadas, movimentando produtos mais caros e com maior margem. Dessa forma, as indústrias desses setores acabam por dispor de orçamentos que comportam a contratação de serviços logísticos mais premium, se adequando assim à proposta de valor oferecida pelos Operadores Logísticos.


Por outro lado, a evolução dos Operadores Logísticos em termos de ramo de atuação é também bastante influenciada pelos movimentos econômicos. O rápido avanço do comércio eletrônico, por exemplo, trouxe à tona a necessidade imediata de aumento de capacidade logística para comportar a forte elevação das entregas das compras realizadas online. Assim, de 2020 para 2022, grande parte dos Operadores Logísticos passou a atuar no comércio eletrônico, em operações envolvendo atividades diversas, tanto de armazenagem quanto de transporte. Mesmo sendo esse um segmento que traz pouca margem financeira, o e-commerce foi o setor que mais cresceu em termos de atuação dos OLs: em 2020 cerca de 26% dos OLs atuava em operações logísticas de e-commerce, e em 2022 esse percentual passou para 42%.  Vale ressaltar que a logística necessária para entrega a pessoas físicas, especialmente de pequenos volumes, é diferente daquela voltada à movimentação tradicional de produtos entre empresas, exigindo dos Operadores Logísticos que passaram a atuar neste setor a realização de investimentos na adequação de processos, veículos, equipamentos, tecnologia e parceiros.


Além do e-commerce, uma análise evolutiva mostra que os Operadores Logísticos vêm crescendo em atuação principalmente nos setores de Produtos de Limpeza, Cosméticos e Tecnologia.


Regiões de Atuação dos OLs


A decisão sobre quais regiões atuar faz parte da estratégia de cada Operador Logístico. Os OLs de maior porte em sua maioria (83%) operam em todo o Brasil, permitindo assim a prestação de serviços mais abrangentes para clientes com presença nacional. Esse diferencial permite que os Operadores Logísticos absorvam maior volume de carga, entretanto, sem focar em uma região específica, é possível que o Operador não alcance boa rentabilidade em regiões com pouca escala de movimentação. Além disso, exige que o OL assuma inúmeras e distintas complexidades logísticas de um país com dimensões continentais como o Brasil.


Por sua vez, os OLs de menor porte são aqueles com atuação mais regional, com boa parte se posicionando como especialistas em mercados locais, sendo muito conhecedores e até dominantes em uma determinada região. Por serem especializados regionalmente, podem conquistar clientes interessados em contratações locais com alto nível de serviço, entretanto, ficam limitados em termos de aumento de volume e restritos a alguns clientes.


Como era de se esperar, a região Sudeste é a de maior presença dos OLs: 97% deles atuam nessa região, que é a de maior desenvolvimento econômico do país. A região Sul é a segunda com maior presença de OLs, servida por 75% deles. Em seguida vem a região Centro-Oeste (62%), Nordeste (58%) e Norte (44%).


Ao longo dos anos, fica evidente a estratégia dos OLs de buscar ampliação geográfica, buscando assim aumentar seu mercado de atuação. A presença de Operadores Logísticos cresceu em todas as regiões do país entre 2020 e 2022. Destaca-se especificamente o Centro Oeste, que entre todas as regiões brasileiras foi a que mais cresceu em atuação dos OL. O Centro Oeste é a terceira região brasileira em PIB per capta, especialmente por conta do Distrito Federal e do Mato Grosso.


Diferencial do Operador Logístico


Os Operadores Logísticos se posicionam no mercado como empresas de logística que se diferenciam por oferecerem soluções customizadas e flexíveis, podendo se adequar e atender clientes com mais alta exigência de qualidade, integridade e segurança da carga, trazendo soluções tecnológicas e inovações. Esse posicionamento, declarado pela maior parte dos OLs brasileiros, demonstra o foco dos OLs em oferecer serviços para clientes que prezam por níveis de serviços mais elevados, e que buscam e podem pagar por serviços agregados que vão além de entregas rápidas e serviços baratos. Ofertar serviços mais elaborados pode exigir, por exemplo, licenças especiais de operação, controles muito mais acurados, monitoramento em tempo real, visibilidade contínua de fluxos para clientes, entre várias outras ações que tornam a realização do serviço mais complexa e custosa.


Investimentos e Ações de desenvolvimento


Quando observados quais são os tópicos que mais estão sendo desenvolvidos pelos Operadores Logísticos, o aumento da integração com os clientes e o uso de tecnologia e automação chamam mais atenção. Isso mostra que os OLs estão inseridos em uma jornada de desenvolvimento tecnológico que vem se intensificando. E essa jornada vem acompanhada de aumento de nível de serviço e produtividade, observada por mais de 80% dos OLs entrevistados pelo ILOS. Vale ressaltar ainda o aumento no treinamento das equipes dos OLs, essencial para que as empresas possam se desenvolver continuamente.


Destacam-se, por fim, as ações que evidenciam os movimentos de aumento do mercado dos Operadores Logísticos, como a ampliação do portfólio de serviços, das regiões de atuação e dos segmentos atendidos, que já haviam sido evidenciadas anteriormente e que continuam como direcionador das ações futuras dos OLs.


Tecnologia


Quando se trata de uso de tecnologia, é muito marcante a busca dos Operadores Logísticos por integração. Sistemas que permitam agregar as plataformas de operação dos OLs com a de seus clientes e com os seus fornecedores são chave para este segmento. Vale destacar que os OLs precisam tanto lidar com informações de seus clientes, quanto contratar serviços terceirizados para operacionalizar os serviços (como transportadores terceiros e equipes de armazenagem). Realizar essa integração de forma eficiente é um fator crítico para o setor de Operadores Logísticos: atualmente 78% dos OLs estão aumentando o investimento em tecnologias que permitem essa integração.


Em segundo lugar dentre os itens de tecnologia com maior atenção dos OLs destaca-se o Data Analytics utilizando Inteligência Artificial e Machine Learning, que podem ser extremamente úteis para, por exemplo, melhorar a eficiência na distribuição de produtos e na gestão de armazéns.


Direcionadores dos OLs


O momento atual dos Operadores Logísticos mostra diferentes prioridades estratégicas para cada um deles. Entre Melhorar Serviço, Ganhar Mercado ou Reduzir Custos, não há um direcionador predominante entre todos os Operadores Logísticos atuantes no Brasil. O fato de não haver uma estratégia única não significa desalinhamento de mercado, mas sim a busca pelo melhor posicionamento para cada contexto.


Aumentar o Nível de Serviço, por exemplo, está mais presente nos Operadores Logísticos de maior porte, que buscam fidelizar seus clientes e atrair clientes com as maiores margens.


Por sua vez, os OLs de médio porte são os que têm mais buscado crescer seu market-share Ganhando Mercado, inclusive com fusões e aquisições.


Já a Redução de Custos está na prioridade dos OLs de menor porte, que dependem dessa ação para manterem suas empresas vivas no mercado, pois lidam com margens mais apertadas e necessitam diminuir gastos.


Conclusões


Os Operadores Logísticos faturam anualmente R$166 bilhões, o equivalente a cerca de 20% dos custos de transporte e armazenagem do país. Composto por cerca de mil empresas, o setor emprega por volta de 2 milhões de pessoas de forma direta ou indireta.


O ano de 2021 foi marcado pela recuperação da crise da pandemia, quando 82% dos OLs perceberam crescimento de faturamento. O aumento da margem, no entanto, não foi tão fortemente percebido.


Empresas de todos os setores contratam OLs, especialmente os segmentos que movimentam produtos de mais alto valor agregado e que exigem serviços e cuidados especiais. Os OLs buscam aumento da sua abrangência no país, tanto regional quanto setorial, e têm direcionado seus esforços para atender clientes que valorizem serviços premium, com customização e flexibilidade.


As tecnologias que visam a maior integração com clientes e fornecedores vêm sendo priorizadas pelos OLs.


Como prioridades estratégicas, os Operadores Logísticos de maior porte se focam em aprimorar seu nível de serviço, enquanto os OLs pequenos lutam para conseguir reduzir custos. Quanto aos OLs de médio porte, estes buscam prioritariamente ganhar mercado, tanto com crescimento orgânico quanto com fusões e aquisições.


Referências


Este artigo foi baseado no relatório denominado Perfil dos Operadores Logísticos 2022, desenvolvido pelo ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain e ABOL – Associação Brasileira de Operadores Logísticos). O relatório foi baseado nos resultados da pesquisa aplicada pelo ILOS com 117 Operadores Logísticos atuantes no mercado brasileiro. Mais informações disponíveis em https://abolbrasil.org.br/.


Fonte: ILOS



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