01/04/2021

Pandemia leva à expansão vigorosa do delivery

 Pandemia leva à expansão vigorosa do delivery


Entre as transformações que a pandemia da covid-19 trouxe para a vida dos brasileiros, a necessidade de fazer compras on-line é uma das que vieram para ficar. Ela provocou uma mudança de paradigma na forma de consumir, que desencadeou um verdadeiro boom de compras delivery, principalmente de alimentos. No entanto, o boom não chegou até as empresas tradicionais de entregas rápidas que atendem a escritórios, fechados em função da a pandemia.

Levantamento feito pela Mobills, startup de gestão de finanças pessoais, baseado em dados de mais de 46 mil usuários de seu aplicativo, mostrou que os gastos com os principais aplicativos de entregas focados no delivery de comida (Rappi, Ifood e Uber Eats) cresceram 149%em 2020. Dezembro foi o mês com mais despesas com delivery do ano passado. Além disso, comparado a março de 2020, início da pandemia e de maior queda nas despesas por aplicativo no Brasil, o aumento foi de 187%. Para o CEO da Mobills, Carlos Terceiro, a queda em março está relacionada com o medo das pessoas diante da incertezas da pandemia, enquanto dezembro representa uma volta à normalidade, mesmo com o alto índice de casos de Covid-19.

Sobre a movimentação deste início de ano, a educadora financeira da Mobills, Larissa Brioso, diz que o cenário de incerteza econômica em que vivemos faz com que seja impossível prever com certeza o que irá acontecer. Para ela, a necessidade de adoção de novas medidas de isolamento social por parte de muitos Estados, com o fechamento de setores não essenciais, deverá manter a demanda por aplicativos de entregas focados no delivery de alimentação.

A Loggi é uma das empresas que se beneficiaram desse boom por possuir uma malha logística que atende de entregas locais até entregas em todo o território nacional, com coleta de pequenos e grandes e-commerces, transferência para as cidades de destino e entregas ao consumidor final. Segundo Thibaud Lecuyer, CFO da empresa, a Loggi se a essa demanda baseando-se no que a China fez após a pandemia da Sars, em 2008, com o crescimento de plataformas business to business.

“Eles avançaram dez anos investindo em tecnologia e nós decidimos fazer a mesma coisa ao observarmos o desenvolvimento do e-commerce no Brasil. Nos adiantamos, e quando aconteceu a pandemia da covid-19, estávamos preparados e pudemos atender à demanda. Tivemos em 2020 um crescimento de 360% no volume do que entregamos em relação a 2019. Começamos 2020 com 1,1 mil funcionários e terminamos o ano com 2 mil”, diz Lecuyer.

Ainda em 2020, a empresa inaugurou dezenas de agências próprias, seis novos centros de distribuição (CDs) e ampliou sua atuação direta para cerca de 500 municípios, atendendo cerca de 50% da população. Agora, a meta é terminar o ano com 14 CDs, cobrindo 100% do território brasileiro.Para atingir essa meta, a Loggi realizou no início deste ano a captação de R$ 1,15 bilhão em sua sétima rodada de investimentos, a maior desde 2013, quando começou a operar. Quase a totalidade dos recursos será destinada a ampliar as estruturas físicas e sua capacidade tecnológica.

Para as empresas de entregas rápidas tradicionais, a pandemia só fez aumentar uma crise que vem se arrastando nos últimos quatro anos em função da concorrência com as empresas de aplicativos, que trabalham com entregadores sem vínculo empregatício, segundo explica Fernando Souza, presidente do Sindicato das Empresas de Distribuição de Entregas Rápidas do Estado de São Paulo (Sedersp).

“Atendemos principalmente escritórios, clientes particulares e pequeno varejo, segmentos que tiveram que parar na pandemia e viraram home office. Não perdemos clientes, mas a demanda diminuiu mais de 20%. A maioria de nós não teve como investir no ano que passou. Estamos sobrevivendo e as nossas reservas estão se esgotando”, afirma.

Segundo Souza, em 2020 o crescimento do setor foi zero e a cada ano diminui mais o faturamento do segmento. Há cinco anos, o Estado de São Paulo tinha 12 mil empresas formais de entregas rápidas. Hoje, tem seis mil, com 230 mil funcionários. Já a cidade de São Paulo tem 2,1 mil empresas, com 80 mil funcionários. Em sua opinião, se o setor continuar enfrentando a concorrência das empresas de aplicativos, que não têm encargos trabalhistas com seus entregadores, dentro de dois anos as empresas formais terão que sair do mercado.

“Quem quiser continuar terá que mudar sua razão social e trabalhar sem registrar funcionários, contratando os que têm MEI, como fazem as empresas de aplicativo. É o que eu vou acabar fazendo depois de ter trabalhado durante 22 anos com uma empresa formal e com responsabilidade social”, diz Souza.

Tanto ele como Gilberto Almeida dos Santos, presidente do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Moto-Taxistas do Estado de São Paulo (SindimotoSP), acreditam que muitas irregularidades poderão ser levantadas na Câmara de Vereadores de São Paulo, que acaba de instalar a CPI dos Aplicativos. Segundo o presidente da comissão, o vereador Adilson Amadeu (DEM), os trabalhos irão demorar porque é preciso investigar, entre outras coisas, a arrecadação de impostos dessas empresas, a evasão de divisas e a precarização das relações trabalhistas.

“Essas empresas de aplicativos ficaram muito soltas. Não têm vínculo nenhum com os condutores de carros ou motofretes. Quando ocorre algum acidente, ninguém é responsável. Além disso, essas empresas são registradas fora de São Paulo para poderem pagar impostos mais baratos. Trabalham com liminares. Não apresentam o cadastro do condutor. Nós temos requerimentos para incluir nessas investigações o Ministério Público, a Fazenda, a Receita Federal, procuradores e empresas de auditoria”, diz Amadeu.

Para Augusto César Rodrigues, da empresa de motofrete GF Express, depois de renegociar a redução do aluguel e de demitir funcionários (tinha 47 entregadores no início de 2020 e agora 19), há pouco o que fazer. “Estou há 20 anos nesse segmento, mas não sei qual será o meu futuro. Muitas empresas que eram informais adotaram o modelo dos aplicativos e trabalham com entregadores que têm MEI. Mas essa opção não tem um respaldo jurídico.”

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