Flexibilidade, novas rotas e modais, planejamento, visibilidade e longo prazo. Esses foram alguns dos aprendizados obtidos pelo setor de logística com a pandemia do coronavírus, que apesar de arrefecida, ainda deixa a sua marca.
Os impactos da crise sanitária integraram as discussões do painel "Comércio Internacional na Pós-Pandemia: as percepções dos Operadores Logísticos em relação às mudanças nas cadeias de produção", durante a 27a edição da Intermodal South America, encerrada nesta quinta-feira. A mediação ficou por conta da diretora-executiva da ABOL, Marcella Cunha.
A essencialidade da logística para manter os mercados abastecidos, assim como o surgimento de novas oportunidades e o desenvolvimento de soluções foram lembradas pelos representantes de empresas, como a CEVA, Brado, Multilog e Wilson Sons. Os executivos concordaram que a pandemia trouxe mudanças, como a necessidade de se repensar a produção centralizada, saindo da extrema dependência da China, por exemplo.
"Com os Estados Unidos tendo colocado como meta tirar a dependência naturalmente, está havendo um roll out das companhias na busca por países friendly. Vejo o Brasil e o México em potencial para ocuparem esse destaque e atenderem o mercado americano", destacou o CEO da Multilog, Djalma Vilela. Para o diretor comercial da Brado, Daniel Salcedo, "os clientes passaram a ter uma visão mais racional do uso do sistema, com planejamento e novas soluções intermodais".
O frete e o e-commerce, cujo crescimento foi significativo na pandemia, também foram o foco dos debates. De acordo com os operadores, os fretes estão mais baixos do que antes da chegada da Covid-19, com exceção apenas às exportações brasileiras, onde os custos operacionais dos armadores também subiram.
Quando se trata das vendas online, o diretor executivo do Tecon Salvador e Centro Logístico da Wilson Sons, Demir Lourenço, trouxe à tona o caso recente da Americanas. "Vai ser um ano desafiador nesse aspecto. Há empresas de tecnologia dedicadas ao e-commerce com impacto negativo grande", afirmou. Já o head of Trade Management and Product Development da CEVA, Giovani Grassi, observou a complexidade da logística do ecommerce.
"A entrega no mesmo dia é difícil e cara. Receber o produto no mesmo dia tem um custo importantíssimo, a margem de venda é baixa, não é tão rentável como na pandemia. O que vimos recentemente foi a expansão de lojas somente online agora estabelecendo pontos de coleta onde produtos podem ser retornados".
A Intermodal South America é o maior e mais completo evento das Américas e chama a atenção pela variedade de soluções para a gestão logística e transporte de cargas, em todos os modais de transporte. O evento, realizado no São Paulo Expo, contou com a participação de 500 marcas nacionais e internacionais, representantes de todos os elos da cadeia de produção, suprimentos e distribuição. Entre os expositores estavam associadas à ABOL, como a Multilog, Bravo, Coopercarga, Tora, Wilson Sons e JSL.