Companhias de pagamento automático que usam “tags”, os adesivos colados nos vidros dos automóveis, estão ampliando esforços para abocanhar uma fatia cada vez maior dos mercados de veículos pesados e corporativos, que mesmo na crise se mostraram resilientes. A FleetCor, dona da Sem Parar, criou a Sem Parar Empresas, e a ConectCar agora oferece um serviço de vale-pedágio a caminhoneiros.
Paralelamente, o governo federal adota mecanismos para ampliar o uso dos adesivos - as tags poderiam, por exemplo, reunir os dados do motorista e da carga transportada, necessários para a fiscalização em estradas, reduzindo assim a papelada.
As tags caíram no gosto dos motoristas em geral na pandemia, pois a passagem automática evita que o contato físico com dinheiro e com a pessoa que cobra o pedágio. Enquanto o volume total de passagens nas cabines manuais apresentou queda de 8% (leves e pesados) em março deste ano na comparação com igual mês de 2020, as passagens automáticas avançaram 11%, segundo a Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR).
Mesmo na crise, o setor de carga tem crescido. Levantamento da AT&M, empresa de averbação de seguros de transporte de carga, aponta que no primeiro quadrimestre de 2021 foram registrados R$ 3 trilhões em movimentação de cargas no país, alta de 43% sobre um ano antes.
Diante das oportunidades no mercado, a FleetCor criou em março do ano passado o Sem Parar Empresas no Brasil. Segundo o presidente da nova unidade, Henrique Freire de Moraes, a estimativa é crescer 20% ao ano a base de clientes nos próximos quatro anos.
A Sem Parar Empresas já nasceu grande: 1 milhão de veículos na sua plataforma, o que responde a 80% do mercado de gestão de frota do país. A empresa responde por cerca de 90% do mercado total de tags no país. Os veículos pesados representam 44% de todas as passagens registradas na empresa hoje - antes da pandemia essa fatia era de 43%.
A nova companhia veio da separação da Sem Parar, que agora é responsável apenas pelo braço de clientes pessoa física (B2C). A reorganização levou também para o comando de Moraes a CTF Technologies, focada no controle de combustível e gestão de frota, e deixou sob responsabilidade de um terceiro executivo, Alexandre Trita, a VB Benefícios, que tem serviços como vale-alimentação.
Também de olho no mercado de caminhões e frotas corporativas, a ConectCar lançou em abril deste ano o seu vale-pedágio obrigatório (VPO). O VPO foi instaurado em 2001 pelo governo federal como uma forma de retirar do transportador a responsabilidade de pagar pelo pedágio, eliminando assim o custo com o pedágio no valor do frete contratado. No total, são 16 empresas credenciadas para oferecer o serviço.
Com o VPO, a empresa que contrata o frete passa a ser responsável pelo pagamento do pedágio, que pode ser feito tanto por cartão pré-pago ou via tags. Apesar de regulação antiga, agora que a ANTT tem apertado o cerco na fiscalização, destacaram os executivos do setor.
Newton Ferrer, diretor comercial da ConectCar, disse que a empresa já teve experiência antes com venda de VPO, mas por meio de uma parceria com a RoadCard, em que ela emitia o VPO e carregava via tAG da ConectCar. “Isso serviu de laboratório para a gente e assim construirmos o que temos hoje”, afirmou. Ferrer disse ainda que com a entrada de novos players o mercado de VPO fica mais concorrido, abrindo assim espaço para redução de custos e melhor experiência aos usuários.
Outra companhia que tem aproveitado as oportunidades no setor corporativo é a Repom, que pertence ao grupo francês Edenred. O foco da empresa é a gestão de pagamentos relacionados à frota e em vez de ter uma tag própria, usa o modelo “white label” oferecido pela Greenpass e pela Move Mais. A empresa é líder no segmento de VPO e foi a primeira a ser homologada pela ANTT.
“Com a crise, vimos muitas empresas buscando soluções de gestão para reduzir custos. O agronegócio mesmo cresceu na pandemia”, disse Vinicios Fernandes, diretor de produto da Repom. A empresa registra 30 milhões de transações por ano e tem em sua base mais de 1 milhão de caminhoneiros utilizando seus serviços - que não englobam apenas tags. Na Repom, cerca de 60% dos pagamentos do VPO são feitos com o cartão pré-pago e 40% por tags - serviço oferecido via parceiros há dois anos e meio.
Segundo Fernandes, a tecnologia das tags abre uma janela ilimitada para a digitalização do setor de transporte rodoviário. “Há um caminho muito grande rumo à digitalização do processo de logística de transporte nos próximos anos. Um caminhoneiro para fazer pesagem no posto de fiscalização precisa de um calhamaço com os documentos”, disse.
O governo, de forma geral, tem incentivado o uso das tags nas rodovias pedagiadas ao dar desconto de 5% no valor da tarifa para o passageiro que usa o sistema, regra que passou a vigorar nas novas concessões federais e também no Estado de São Paulo. Em um futuro, as tags ainda seriam uma ferramenta para ajudar a viabilizar o “free flow” nas rodovias, ou seja, o pagamento por km rodado, disse o secretário nacional de Transportes Terrestres, Marcello Costa.
O governo federal lançou, recentemente, o Documento Eletrônico de Transportes (DT-e). A ideia é que essa plataforma consiga aglutinar mais de 60 documentos necessários para a fiscalização nas rodovias. Segundo Costa, a DT-e pretende se tornar uma espécie de carteira digital. “Não apenas para guardar, mas também obter documentos de forma digital”, afirmou.
As tags, segundo ele, podem entrar no futuro como uma ferramenta para guardar os documentos. A tecnologia dos adesivos, segundo Costa, pode ser usada também para ajudar no processo de rastreamento da carga.
O DT-e deve ganhar mais abrangência em 2024, com um maior número de documentos e tipos de carga abraçados pelo sistema. “Não só para carga rodoviária. O projeto é para todos os modais de transporte”, disse o secretário.
Fonte: Valor Econômico
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