Quando fala do propósito de transformar a infraestrutura brasileira e trazer competitividade aos produtos nacionais vendidos no exterior, João Alberto Fernandez de Abreu, presidente da Rumo, vai muito além da retórica – tem fatos para provar. A operadora de logística ferroviária do Grupo Cosan, bicampeã setorial de Época NEGÓCIOS 360º, administra metade da malha nacional.
Pois ela consegue hoje cobrar US$ 28 por tonelada de produto no corredor entre o Mato Grosso, principal região do agronegócio brasileiro, e o porto de Santos, o mais importante do país. Os produtores agrícolas americanos pagam US$ 47 por tonelada nas suas principais ferrovias, segundo Abreu, já consideradas bom exemplo. O produto nacional tem, assim, um custo logístico 40% menor e chega ao destino com preço mais competitivo.
Não é milagre, mas resultado de investimentos – e muito mais está por vir. Em 2020, a Rumo renovou de forma antecipada, por 30 anos, o contrato de concessão da Malha Paulista, trecho de cerca de 2 mil quilômetros entre Mato Grosso e Santos. Pelo direito de operar a rota até 2058, pagou cerca de R$ 3 bilhões ao governo e se comprometeu a investir mais R$ 6 bilhões em melhorias como novos pátios, duplicação de vias, postos de abastecimento, viadutos e obras de contornos urbanos. Ainda em território paulista, a Rumo desenvolve obras de modernização no porto de Santos, nas regiões do Paquetá e do Macuco.
Paralelamente, a empresa promove a interligação desse trecho paulista com a sua malha central, parte da famosa Norte-Sul, uma obra estatal iniciada em 1986 e que entrou em operação apenas um ano após ser privatizada, em 2019. Junto com a malha, foram construídas melhorias nessa via que interliga Santos com o porto de Itaqui, no Maranhão. Entre elas, o novo terminal de carga de Rio Verde, em Goiás – um investimento de R$ 430 milhões. “Existe uma gestão desses investimentos para transformar o sistema como um todo, não só uma malha específica”, diz Abreu. “E o resultado será aumentar a competitividade desde o produtor agrícola até o momento da partida do porto brasileiro para o seu destino.”
Tecnologia também é primordial. Veja o caso dos sensores de monitoramento espalhados pelos trilhos. Eles ajudam a prevenir acidentes – um trilho quebrado é detectado antes de algum trem passar sobre ele. Os vagões possuem tags para monitorar vibrações. Caso haja um nível excessivo, o trem freia e evita um acidente mais grave.
Munidas de sistema com algoritmo, as locomotivas da Rumo são semiautônomas e “aprendem” quanto mais são utilizadas. Detectam, por exemplo, os melhores locais para acelerar e frear as composições. “É a internet das coisas”, afirma o presidente. “Nossa central de controle conversa via satélite com nossos vagões, nossas locomotivas e até com nossos trilhos.” Isso, entre outras coisas, reduz acidentes. A Rumo entrou no nível de segurança-padrão das melhores companhias do mundo no setor e quer estar entre as três mais seguras até 2022.
Sistemas automatizados levaram à redução do gasto de óleo diesel de 5 litros para 3,5 litros por tonelada/km útil. E assim a companhia conseguiu adiantar de 2025 para 2023 o cumprimento da meta de reduzir em 15% a emissão de carbono.
Fonte: Época Negócios
27/11/2024
Costa Filho defende avanços na agenda de sustentabilidade no mercado de aviação e navegação
Durante o seminário “Brasil rumo à COP 30”, realizado pela Editora Globo em parceria com a CCR, o ministro afirmou que o governo tem estimulado a contratação de navios "cada vez maiores" (...)