20/05/2021

Metas ambientais de empresa na B3 são baixas

 Metas ambientais de empresa na B3 são baixas


Há maior interesse em torno dos investimentos aderentes às práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), mas as companhias brasileiras ainda têm um longo caminho a seguir. Um levantamento da consultoria Luvi One mostra que até abril, 17% das empresas listadas na B3 tinham metas específicas relacionadas à redução de impactos climáticos. Ao se analisar apenas metas genéricas quanto à redução dos impactos ambientais, o número de empresas brasileiras sobe para 37%.

Os dados da Europa mostram como as empresas da região estão mais avançadas em relação ao tema. Segundo a pesquisa, 81% das companhias europeias apresentam metas de redução de emissões e 61% têm objetivos para utilização sustentável de água. O número sobe para 90% quando se trata de redução de desmatamento.

O levantamento da Luvi One considerou todas as companhias listadas na B3, excluindo empresas do mesmo grupo econômico. Para a realização do estudo, foram avaliados nos relatórios publicados pelas empresas, se consideram os objetivos de metas sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), a metodologia da Global Report Iniciative (GRI), que endereça questões de sustentabilidade em seus relatórios anuais, além dos atos de gestão ambiental das empresas.

“Há um grande caminho para amadurecimento sobre o tema no Brasil. As empresas podem não ter capacidade de crescer e perder mercado se essas questões não forem tratadas. As empresas brasileiras de commodities agrícolas podem ser facilmente bloqueadas por questões ligadas ao desmatamento”, disse o economista Felipe Gutterres, presidente da Luvi One, , e responsável pelo levantamento. O executivo foi diretor financeiro da empresa de logística portuária Wilson Sons por 12 anos.

Quando o recorte é reduzido apenas para empresas do Ibovespa, os percentuais são mais altos: 51% delas possuem metas específicas para redução do impacto ambiental. Além disso, 84% publicaram relatório de sustentabilidade -ante 39% quando consideradas todas as companhias.A pesquisa também mostrou que 71% das companhias do Ibovespa endereçam os objetivos da ONU (em comparação a 33% no geral), e 77% seguem os padrões do GRI, mais do que o dobro dos 36% quando considerada toda a amostra.

“Estamos na era do ativismo dos stakeholders - investidores, consumidores, sociedade civil, reguladores. Essas empresas que \compõem o Ibovespa] já realizaram que se não tiverem o assunto endereçado, vão ficar para trás no mercado interno e no internacional”, disse Gutterres. O estudo não considerou o Índice de Sustentabilidade (ISE) da B3, e o economista avalia que o resultado seria maior se analisado apenas esse grupo.

No momento, a bolsa prepara uma nova metodologia para o ingresso das empresas no ISE. Desde que foi criado, a definição era realizada pelo grupo de especialistas reunidos no conselho deliberativo do ISE. A decisão combinava conhecimentos de mercado com o desempenho das empresas em um questionário. Com o avanço na metodologia e a maior disponibilidade de informações ESG, serão considerados dados e critérios objetivos, segundo a B3, em nota.

Apesar dos níveis ainda baixos, os números tendem a melhorar ao longo dos anos, já que as empresas estão conscientes dos caminhos a serem seguidos, na avaliação dos especialistas. “A agenda de sustentabilidade passou a ser dos CEOs e a ser um tema relevante nos conselhos. Já se aprendeu que não basta ter o ESG como uma agenda adjacente, isso passou a afetar o centro dos negócios”, disse a sócia da gestora EB Capital, Luciana Antonini Ribeiro.

“No longo prazo, o ESG não será mais um diferencial. As empresas que não adotarem esses critérios serão prejudicadas financeiramente, sem acesso a crédito, por exemplo. E gestores que não estiverem atentos a isso serão prejudicados”, disse a estrategista-chefe da Órama Investimentos, Sandra Blanco. Desde outubro, a Órama oferece um selo ESG.De 650 fundos disponíveis, 12 receberam o selo, sendo nove de renda variável e dois de crédito privado. Os fundos que desejam essa qualificação passam por análise da plataforma.

Fonte: [Valor Econômico

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