O fim da obrigatoriedade de estudos clínicos fase 3 no país permitirá um aumento na oferta de vacinas contra a covid-19, mas não em número suficiente para imunizar toda a população antes de meados de 2022, na avaliação de Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBIm). Com a alta demanda mundial, vacinar 210 milhões de pessoas continuará como um desafio.
Segundo o Plano Nacional de Imunização (PNI), a população prioritária é de 77 milhões, para os quais serão necessárias quase 155 milhões de doses.
As melhores chances de aumentar a oferta são via produção local, Butantan e Fiocruz, e as vindas da Sputnik, do laboratório russo Gamaleya, e da Covaxin, do indiano Bharat Biotech. Ambas poderiam agregar mais 30 milhões de doses no curto prazo. Esse volume se junta às 46 milhões de doses da Coronavac, do Butantan e 102,4 milhões da AstraZeneca, previstas pela Fiocruz.
No primeiro semestre. “Os grandes produtores mundiais já estão com as encomendas feitas. Eles foram muito financiados pelos países ricos, que terão preferência, e estão na Covax Facility para doar vacinas para outros países”, diz Cunha.
A Janssen fez estudos de fase 3 no Brasil, mas ainda não tem oferta de compra do governo. Ela deve obter a aprovação do FDA, órgão regulador dos EUA, agora em fevereiro, que, como financiador do imunizante, deve ter preferência. O Brasil, lembra Cunha, já perdeu o “timing” na compra das vacinas da Pfizer.
O presidente da farmacêutica brasileira União Química, Fernando De Castro Marques, disse que o fim da fase 3 no país pode abrir caminho para trazer Sputnik V. A empresa entrou com o pedido de uso emergencial para 10 milhões de doses do imunizante no dia 15 de janeiro e a Anvisa não havia aprovado a solicitação por causa dessa restrição.
A companhia tem um acordo com o Instituto Gamaleya para produção do imunizante no Brasil para atender os mercados latino-americanos. A unidade de biofármacos da União Química, em Brasília, já iniciou a produção-piloto do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da Sputnik V. A produção deve iniciar em abril.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) há 238 vacinas contra a covid-19 sendo desenvolvidas no mundo, mas apenas 16 estão na fase 3 de testes clínicos. Nem todas com resultados publicados. “Estar na fase três não significa que a vacina poderá ser usada”, diz Cunha, da SBIm.
Além da oferta restrita de vacinas, questões logísticas devem impedir que toda a população seja imunizada neste ano. Embora o país tenha uma grande experiência em vacinar grandes contingentes em pouco tempo - vacina 80 milhões de pessoas em dois meses na campanha da gripe -, as equipes do SUS estão estranguladas, diz Cunha. Ele calcula que o país deve levar entre oito e dez meses para vacinar os quase 80 milhões cidadãos prioritários com duas doses.
“A logística da vacina da covid-19 é mais complexa e demorada que a da gripe. E cada vacinado precisa ser cadastrado no sistema para que haja um acompanhamento”, diz. Esse é um dos motivos de a vacinação com as doses já disponíveis estar ocorrendo de forma lenta.
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