Uma das últimas etapas do processo de exportação é o envio e distribuição do produto, uma logística que pode ser complexa e, quase sempre, precisa de um intermediário. Por terem uma estrutura enxuta, os pequenos empreendedores devem buscar orientações, seja em cursos de capacitação ou com companhias e profissionais do setor. A depender do porte da encomenda, é possível fazer o despacho por conta própria, e serviços de entrega já conhecidos pelos brasileiros oferecem suporte.
Lidar com a burocracia, porém, é difícil e é para isso que muitas vezes contratar um despachante aduaneiro se faz necessário. Esse profissional é responsável por todos os procedimentos legais e administrativos envolvidos na importação ou na exportação, cuida de questões fiscais, cambiais, pode fazer o registro das operações e cuidar de toda a logística. Trata-se de um facilitador dos trâmites e uma figura representativa da empresa ante os órgãos governamentais.
Wilson Segala, sócio-proprietário do laboratório de desenvolvimento Resix Invent, lamenta que os processos no Brasil sejam complexos e relata a saga para conseguir exportar. “Nós já tínhamos o Radar (sistema com autorização da Receita Federal) para importar, então precisamos da autorização do banco para a exportação. Tem papelada, teve visita ao banco em plena pandemia. Tivemos o apoio do nosso gerente e conseguimos a liberação.”
A empresa dele começou as atividades em 2016 dentro do Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP) e atua no desenvolvimento de produtos da área química para diferentes setores, como hospitalar, agro, de tratamento de água e esgoto, cosméticos e veterinário. O item que abriu caminho para o mercado internacional foi um filtro a base de nanotubo de carbono que tira as impurezas da água de forma mais precisa do que os convencionais. A tecnologia pode ser adaptada desde o uso residencial até uma grande estação de água.
A demanda veio de uma multinacional italiana que buscava meios de baixar a carga orgânica da água para se adequar à legislação local, que permite o descarte para tratamento. Para fazer o envio do material, Segala conversou com algumas empresas de logística e, mesmo o produto dele sendo leve, foi preciso contratar um despachante, com o qual gastou cerca de R$ 1.500.
“Quando parte para a contratação de despachante, se você não tomar cuidado, ele inviabiliza qualquer negócio externo”, alerta o empresário. Porém, ele reconhece a importância de ter um especialista por perto para lidar com as burocracias, a legislação de cada país e a adaptação de cargas tributárias. “As ferramentas não são tão simples”, diz. Felizmente, deu tudo certo com o envio e, em abril deste ano, ocorreu a primeira exportação.
Segala já tinha interesse em exportar e mirava os países vizinhos, como Argentina, Chile e Peru. Antes da pandemia do coronavírus, manteve conversas com um centro tecnológico em Portugal a fim de abrir uma filial, mas veio a pandemia e “esfriou tudo”. Agora, com esse primeiro cliente, as perspectivas são outras.
“Esse produto tende a ter consumo regular, pois tem tempo de vida útil, e a gente viu que tem muita oportunidade pela Europa. A ideia é pegar essa primeira multinacional como referência”, diz.
Enquanto isso, a fábrica da Resix Invent passa por mudanças e o empresário contratou uma agência de publicidade para fazer um site em três idiomas, além de folderes para fazer seu marketing e facilitar o contato com clientes externos. São estratégias que ajudam a ganhar novos mercados pelo mundo.
“A exportação te dá um ‘selo’ de qualidade superior, é importante para a nossa visibilidade. Na nossa área, temos bastante mercado para explorar e, como o Brasil está passando por uma crise que afeta as vendas, a exportação pode ser uma saída.”
Diretora-executiva da distribuidora de alimentos Ingapan, Carla Tiaki Utsunomiya considerou mais válido contratar pessoas que soubessem lidar com as questões burocráticas. “Pela nossa estrutura, não tenho um departamento de exportação, mas tenho uma consultoria que me auxilia. Para o despacho, também contratei uma empresa terceirizada de logística e seguro”, explica.
Embora atue no setor de panificação no noroeste do Paraná, a aposta atual dela no mercado internacional é de polpas congeladas de frutas e açaí. Por isso, o transporte precisa ser muito específico para conservar o produto até o destino, cuja orientação pode vir de uma empresa especializada no nicho.
Além disso, um profissional de logística pode ajudar na adaptação às leis do país, gerenciando os documentos exigidos e demais barreiras que o empreendedor desconhece.
Custos de envio variam, mas podem compensar\
Empresas como Fedex e Correios possuem um conjunto de serviços para companhias e pessoas que desejam exportar. Os preços variam conforme o país de destino e o peso do pacote. Elas ainda oferecem apoio com documentações, embalagem e preparação da carga. No caso do Exporta Fácil, dos Correios, a equipe providencia o registro da operação junto ao sistema da Receita Federal, o que isenta o pequeno empreendedor de mais um trâmite.
Foi essa facilidade que fez com que Thalita Bonadio Coelho Bügner, sócia-proprietária da Pistilos Primor, escolhesse esse serviço para enviar, por conta própria, os pistilos artificiais e arames galvanizados que a empresa fabrica. Por serem leves e de pouca espessura, é possível despachar uma grande quantidade em um pacote pequeno ou médio. O que ela não esperava, porém, era que o pacote fosse taxado ao chegar na Holanda, além de pagar R$ 480 de frete em uma caixa de quatro quilos.
Para lidar com essas questões e evitar surpresas, o CEO da JM Negócios Internacionais, Augusto Fernandes, orienta buscar um despachante. “Se a pessoa fizer por conta, é um barato que sai caro porque tem detalhes que aumentam o custo”, diz.
“O modal (meio de transporte) passa a ser um diferencial de custo, a rota mais longa ou curta. São muitas variáveis, então faz grande diferença para importar e exportar a prestação de serviço. Ela pode fazer por si, mas tem tanto entrave burocrático logístico que é melhor pagar consultoria do que se arriscar”, orienta Fernandes.
O especialista destaca outra vantagem de ter apoio: saber calcular o tempo correto para o despacho. “A exportação tem prazo para embarcar as cargas e, às vezes, acontece uma precipitação e a pessoa paga armazenagem sem necessidade.”
Fonte: Estadão
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