Após sucessivos lockdowns severos para o controle da dissemnação da Covid-19, a China está sofrendo com novos surtos com a variante ômicrom, dobrando o número de infectados para 3,4 mil pessoas. O lockdown nessa cidade do sul do país deverá vigorar, ao menos, até o dia 20 de março, fechando comércio e levado as pessoas a trabalharem mais uma vez a partir de suas residências.
Além de ter um dos portos mais movimentados da China, Shenzhen é sede de empresas como Tencent Holdings e Huawei Technologies. Agências de notícias internacionais, como a Bloomberg, informam problemas também em portos em Xangai, Qingdao,Ningbo e Zoushan, relatando aumento na fila de desembarque de mercadorias nesses portos.
“Se cancela um navio, ele tem que descarregar em outro porto. Os atrasos, que vinham se reduzindo, vão voltar a piorar de novo. Isso vai reduzir a capacidade de transporte e pode elevar o frete, mas não para níveis de US$ 20 mil”, diz Barreto. “Avalio que não há muito espaço para grandes aumentos no preço do frete, mas esse lockdown vai colapsar os congestionamentos e causar atraso nos desembarques”, explica Barreto.
Segundo ele, o frete da China para a Europa e Estados Unidos está em torno de US$ 15 mil por contêiner, preço que ele não acredita que deva subir muito mais que isso. Era esse também o preço do frete entre Brasil e China, mas segundo Barreto, em janeiro deste ano um novo operador iniciou essa rota reduzindo o frete para cerca de US$ 6 mil.
Um dos motivos que impediria um aumento expressivo do valor do frete, além dos níveis atuais, é que o mundo todo está passando por inflação e há reflexo dos momentos mais severos da pandemia nos últimos dois anos no transporte internacional de cargas. Para ele, exportadores de madeira, açúcar, carne e algodão poderão ser mais afetados do que os exportadores de soja, embora seja cedo em sua avaliação para analisar o impactos do lockdown.
“O fato é que no mundo não tem mais margem para subir o frete muito mais, porque se não, não vai ter mais nada para carregar. A inflação está explodindo no mundo inteiro”, explica.
“Algum impacto sim, pois a China é um dos principais compradores de açúcar”, diz Arnaldo Bortoletto, presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana (Coplacana). Por meio da assessoria de imprensa, o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, informou que o lockdown em Shenzen não está afetando as exportações de algodão. Também não se espera impacto nas exportações soja e milho, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
Em nota, a operadora marítima Maersk informou que está monitorando de perto a situação e “os planos de contingência foram ativados”. Segundo a empresa, os portos estão em funcionamento para embarcações, mas “os armazéns locais foram fechados e os serviços de transporte rodoviário foram afetados”. O transporte terrestre, sengundo a Maersk, também teve a eficiência reduzida em razão do lockdown.
Fonte: Revista Globo Rural