A JSL, empresa de logística do grupo Simpar, observa um espaço enorme para expansão no setor. O mercado potencial de logística no Brasil estimado é de R$ 960 bilhões, entre operações dedicadas, transporte de cargas, distribuição urbana e armazenagem, segundo cálculo da companhia.
“É um mercado enorme. A JSL, que é a maior do setor, é uma empresa de R$ 6 bilhões. Logicamente, não é um mercado 100% atingível. Mas queremos mostrar que a avenida de crescimento é gigantesca”, afirma o presidente, Ramon Alcaraz.
“É um mercado muito pulverizado, familiar, regional. Tem empresas muito boas, completamente fora do radar”, afirmou Antônio Barreto, diretor-executivo de planejamento estratégico da Simpar. As decisões sobre aquisições da empresa estão focadas no grupo controlador.
Para os próximos anos, Barreto diz que o foco é “fazer mais do mesmo”.
“Vamos buscar empresas rentáveis, com boa gestão. Isso é muito importante. Das empresas que adquirimos, não mudamos a gestão. Não tomamos decisão com base em potenciais sinergias, mas obviamente buscamos extrair o máximo delas”, afirmou.
Nos últimos três anos, o grupo analisou mais de 170 empresas, e chegou a cinco aquisições.
Ele diz que algumas discussões que não seguiram no passado hoje estão sendo retomadas. “Tem coisas que olhamos há um tempo e não conseguimos, porque concorria com IPOs, taxa de juros baixa. Esse mundo mudou. Algumas discussões voltaram para a mesa e outras ficaram inviáveis”, disse.
Mercado internacional
Os planos de expansão internacional da JSL poderá ser orgânica, por meio de clientes que têm atuação fora do país, ou via aquisições, segundo Alcaraz.
“Temos visto como funciona a operação nos Estados Unidos, Europa, Ásia. Vemos grandes oportunidades de oferecer um serviço diferenciado”, disse.
Em aquisições, a avaliação é que o cenário provocado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia, que afeta mercados internacionais, pode gerar oportunidades.
“Uma dificuldade [nas negociações internacionais] sempre foi juro baixo ou negativo, nos EUA e Europa. Quando ia para a mesa não era competitivo. Este movimento inflacionário atual talvez permita alguns movimentos de crescimento inorgânico — juntamente com o orgânico, porque uma vez que a empresa já esteja no país, fica mais fácil. Ainda não está fácil [as negociações]. A cabeça de múltiplos nesses países ainda é muito diferente do Brasil, mas é algo que pode avançar”, afirmou Barreto.
Primeiro trimestre
No primeiro trimestre, a JSL firmou novos contratos com valor de R$ 700 milhões, com prazo médio de 40 meses.
Desse montante, 94% são fruto de ampliações de contratos já existentes (cross selling).
“Seguimos crescendo com diversidade de negócios, o que garante resiliência, e 94% de cross selling, o que mostra nossa boa relação com os clientes, mesmo em um momento difícil, com repasse de custos”, afirmou Alcaraz.
Nos novos contratos do trimestre, 30% estão no segmento de papel e celulose, 26% em alimentos e bebidas e 12% em siderurgia e mineração. Além disso, 52% se referem a operações dedicadas, enquanto 34% são para transporte de cargas.
A companhia teve um aumento consolidado de 47% em sua receita bruta de serviços no primeiro trimestre, na comparação com igual período de 2021.
Se considerado o faturamento total da JSL e das empresas adquiridas no último ano, ainda há um crescimento orgânico de 21%, chegando a R$ 1,514 bilhão – como parte das companhias ainda não havia sido comprada no primeiro trimestre de 2021, o dado difere do consolidado no balanço.
Nessa comparação, a receita da JSL sem considerar as empresas adquiridas no período teria alta de 15%, e a receita combinada, de todas as companhias incorporadas ao longo do último ano, avançou 31% entre o primeiro trimestre de 2021 e de 2022.
Fonte: Valor Econômico