07/08/2025

JSL "acelera" receita. Desafio, agora, é vender ativos imobilizados

 JSL "acelera" receita. Desafio, agora, é vender ativos imobilizados



O volume expressivo de novos contratos firmados no segundo trimestre, que alcançaram R$ 1,5 bilhão, contribuiu para o resultado da JSL, companhia de logística do grupo Simpar, que registrou receita líquida de R$ 2,4 bilhões — alta de 11,2% em relação ao mesmo período de 2024.


O Ebitda ajustado foi de R$ 491,7 milhões, com crescimento de 23,5% sobre o segundo trimestre do ano anterior. Os índices ficaram acima das previsões do banco BTG Pactual, conforme relatório publicado no mês passado.


“O meu ciclo de novos contratos tem sido maior do que o volume de encerramento nos últimos anos. Do nosso IPO [em setembro de 2020] para cá, nosso CAGR [taxa de crescimento anual] tem sido de 18% de crescimento orgânico, sem levar em conta as aquisições”, afirma Guilherme Sampaio, CFO da JSL, ao NeoFeed.


No lucro líquido, a empresa alcançou R$ 21,4 milhões, uma queda de 80%. No entanto, segundo o CFO, esse valor inclui um crédito extraordinário de R$ 150 milhões do Sistema S. Desconsiderando esse efeito, o lucro líquido ajustado teve alta de 9,9%. A alavancagem também recuou 0,1 ponto percentual, para 3,1 vezes a relação dívida/Ebitda.


Entre os novos contratos, destaque para a operação de movimentação de importações e exportações no armazém do Aeroporto de Guarulhos (SP), após a fase alfandegária. A empresa faz o acondicionamento da carga até a retirada pelo transportador. O contrato, iniciado em 1º de maio, tem duração de nove anos.


Sinergias entre subsidiárias


No caminho para melhorar a rentabilidade e reduzir o endividamento, a JSL implementou, no segundo trimestre, um plano de eficiência operacional. A estratégia busca integrar de forma mais coordenada as atividades das oito empresas adquiridas desde o IPO.


“Vamos realmente utilizar o tamanho da escala da JSL como benefício para o negócio. Isso inclui ações concentradas, como uso de novas tecnologias para funções que não precisam ser replicadas. São sinergias sem interferir na independência de cada empresa”, explica Sampaio.


Um dos exemplos é a torre de monitoramento de frota, que existia separadamente em cada subsidiária. Agora, o serviço será centralizado. Já foram mapeados R$ 110 milhões em sinergias a serem capturadas com o plano.


Estratégia para deixar setor de grãos


A JSL também reduziu sua participação no transporte de grãos, movimento considerado estratégico. O setor representa atualmente cerca de 0,5% da operação. Em maio de 2023, a empresa adquiriu a IC Transportes por R$ 587 milhões. A operação de grãos, no entanto, não era rentável.


“Quando compramos, vimos que ela precisava de um ajuste de margens operacionais. A primeira coisa que identificamos é que o transporte de grãos não cabia na companhia. Assim, fomos reduzindo o volume até o patamar atual”, explica o CFO.


Tarifas dos EUA e impacto limitado


A empresa não deverá ser afetada diretamente pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump, em vigor desde hoje, sobre produtos brasileiros.


Segundo Sampaio, os principais setores atendidos pelos caminhões da JSL estão fora da lista da taxação: celulose, automotivo e minério de ferro.


“Apesar da dúvida inicial e da preocupação, hoje percebemos que não estamos nessa rota. Essa é a importância da diversificação — estamos presentes em vários fluxos e setores.”


O setor de alimentos e bebidas representa 24% do market share da empresa. Papel e celulose, 17%; automotivo, 14%. O segmento de varejo e e-commerce teve alta de 41% no trimestre e já responde por 6% da operação. No setor de carne, foco está no Mercosul, com transporte rodoviário e mínima atuação portuária.


Venda de ativos


Desde o IPO, há quase cinco anos, a JSL quadruplicou sua receita. Com o aumento da demanda, foi necessário adquirir caminhões e equipamentos. Agora, o desafio é lidar com um volume de ativos imobilizados estimado em R$ 620 milhões, já fora de uso.


“É um bom problema, mas precisamos resolver. Precisamos aumentar o ritmo de vendas desses ativos nos próximos meses”, admite o CFO.


No segundo trimestre, a empresa arrecadou R$ 108 milhões com essas vendas — alta de 55% sobre o mesmo período de 2024. A meta é alcançar R$ 250 milhões em até um ano.


Os ativos disponíveis incluem caminhões, ônibus, carretas, empilhadeiras, tratores, veículos leves e utilitários. No caso de contratos com renovação periódica, como transporte de madeira, a frota é trocada a cada três anos.


“O lado bom é que são ativos líquidos, de venda rápida. Nosso objetivo é vender mais do que compramos, para reduzir esse estoque. Com ativo parado, há custo. E esse recurso poderia estar rendendo no banco”, completa.


Avaliação na Bolsa


Na B3, as ações da JSL registram leve valorização no acumulado de 2025, com alta de 0,57%. A companhia, que integra o grupo Simpar, está avaliada em R$ 1,5 bilhão.


Fonte: Neofeed



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