14/12/2023

Infraestrutura precária impõe custos elevados ao transporte de grãos, comenta Jonathan Delpino, da Bravo

 Infraestrutura precária impõe custos elevados ao transporte de grãos, comenta Jonathan Delpino, da Bravo



Os custos logísticos no agronegócio representam mais de 20% do faturamento bruto do setor no Brasil, conforme relatório da Fundação Dom Cabral. O número está acima do percentual médio de 12,4% das empresas brasileiras.


Ainda de acordo com a instituição, o setor do agronegócio depende muito do modal rodoviário para transportar suas cargas. Cerca de 75% de todo produto transportado no país são feitos em rodovias, com o resto dividido entre ferrovias, hidrovias e outros modelos. Entretanto, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) avaliou que quase 6 em cada 10 trechos do modal rodoviário estão em estado regular, ruim ou péssimo de conservação.


Na avaliação do gerente Comercial da Bravo Serviços Logísticos, Jonathan Delpino, a infraestrutura de estradas e portos ainda é, e deve permanecer, como um grande problema por mais algum tempo. “A maior parcela da produção agrícola do país está no interior, principalmente no Centro-Oeste/Norte, onde de 2009 a 2019 a produção de grãos - milho e soja - mais que dobrou e a quantidade de rodovias de boa qualidade não mudou”, disse.


“Atualmente, temos aproximadamente 60% de todas as rodovias classificadas como regulares, ruins ou péssimas, segundo dados da CNT, e quase todas essas estão nos estados produtores de grãos. Isso faz com que cerca de 85% do volume de grãos transportados por rodovias tenham altos custos operacionais, tanto para receber os insumos, quanto para escoar a produção”, ressaltou.


Em entrevista exclusiva à MundoLogística, o executivo compartilhou insights sobre o atual cenário do mercado logístico, especialmente no segmento agrícola.


Leia na íntegra!


MUNDOLOGÍSTICA: Como a Bravo percebe o atual cenário do mercado logístico, especialmente no segmento agrícola?


JONATHAN DELPINO: O ano de 2023 está sendo marcado pelo efeito do “La Niña”, o que acaba influenciando muito no mercado agrícola. Já presenciamos nesses últimos meses do ano, perdas tanto no Sul — muita chuva —, quanto no Centro-Oeste/Norte — falta de chuva. Essa incerteza, somada ao comportamento de preços das commodities e dos insumos, tem gerado compras mais tardias e baseadas na certeza de utilização, muito diferente de anos anteriores, em que havia compras por oportunidade e/ou estoque de reserva.


Ao longo dos últimos anos, o setor de logística passou por diversas transformações, mas um tema que parece persistir nas discussões entre os executivos é a precariedade da infraestrutura no Brasil. Em sua análise, você ainda considera que essa questão permanece como o principal obstáculo nas operações logística agrícola?


Com certeza. A nossa infraestrutura de estradas e portos ainda é, e deve permanecer, como um grande problema por mais algum tempo. A maior parcela da produção agrícola do país está no interior, principalmente no Centro-Oeste e Norte, onde a produção de grãos — milho e soja — mais que dobrou de 2009 a 2019 e a quantidade de rodovias de boa qualidade não mudou. Atualmente, temos aproximadamente 60% de todas as rodovias classificadas como regulares, ruins ou péssimas, segundo dados da CNT, e quase todas essas estão nos estados produtores de grãos. Isso faz com que cerca de 85% do volume de grãos transportados por rodovias tenham altos custos operacionais, tanto para receber os insumos, quanto para escoar a produção.


Na sua opinião, quais são os passos mais importantes para superar os desafios da logística agrícola brasileira? Como podemos garantir uma logística mais eficiente e sustentável?


Falando da cadeia de insumos, podemos dizer que o mercado tem demandado cada vez mais por entregas rápidas, serviços customizados e operações sustentáveis. Enxergamos isso como um ótimo direcionador dos caminhos e soluções que os operadores logísticos precisam buscar. Nós, da Bravo Serviços Logísticos, temos testado vários modelos para tornar as operações de transporte mais inteligentes, por meio de novas tecnologias, mas, acima disso, também acreditamos e temos investido pesado em modelos mais sustentáveis, sejam eles por meio veículos que trazem tecnologias de redução de CO2 [biometano ou elétrico] ou por outros tipos de combustíveis que não demandam de investimentos em novos tipos de veículos/motores, como o HVO — também chamado de diesel verde. Entendemos que o futuro será focado em operações mais eficientes e sustentáveis. Para isso, vamos precisar agregar tecnologias, diversificar os modais e investir em soluções sustentáveis de transportes, buscando sempre estar mais próximo do cliente final.


Como a Bravo Serviços Logísticos integra práticas sustentáveis em suas operações logísticas?


A Bravo Serviços Logísticos conta com boas práticas e padrões relacionados às questões ambientais, sociais e de governança [agenda ESG], abrangendo todas as operações, e com um time de Sustentabilidade liderando essas iniciativas. Somos uma empresa signatária do “Pacto Global” da ONU, assinando anualmente o compromisso de apoio aos dez princípios que o compõem. Além disso, somos avaliados pela Ecovadis, plataforma colaborativa que permite o monitoramento do desempenho em sustentabilidade. Ainda realizamos o “Programa Baixo Carbono” [inventário de emissões e redução de CO2] e outras ações, como de energia sustentável, gestão hídrica, gerenciamento de resíduos, educação ambiental e a produção anual do Relatório de Sustentabilidade [GRI]. Atualmente, nossa frota de veículos também conta com caminhões movidos a biometano e GNV.


Como a Bravo Serviços Logísticos enxerga o futuro em termos de estratégias de distribuição? Existem planos para a adoção de novas tecnologias ou a expansão para novos mercados?


A Bravo Serviços Logísticos tem como essência e propósito suportar o crescimento do mercado em que atua e de seus clientes, agregando valor aos seus negócios por meio da logística. Por isso, buscamos sempre antecipar as necessidades de operações de nossos clientes em regiões estratégicas e com potencial de mercado. Acreditamos muito que estar mais próximo do cliente final é algo que será cada vez mais importante para o mercado e que, com toda a certeza, fará muita diferença para a estratégia de nossos clientes.


Como a empresa busca se destacar diante da concorrência e agregar valor aos clientes?


Temos uma cultura centrada no cliente. Por esse motivo, assumimos o compromisso de estar sempre à frente em melhorias e inovação, tecnologia e ações sustentáveis. Buscamos sempre oferecer uma infraestrutura robusta, seja em operações de transporte ou de armazéns. Sabemos que o mercado de insumos agrícolas tem muitas variáveis externas que podem mudar todo o cenário em curtos períodos de tempo, por isso, buscamos sempre antecipar tais cenários para poder suportar nossos clientes em suas estratégias de atendimento, nos tornando parceiros estratégicos. Hoje, somos destaque como operador logístico referência no atendimento da cadeia de valor do nicho de insumos agrícolas.


Quais são as principais tendências e desafios que a empresa identifica no contexto do mercado atual?


Em nossa visão, ter agilidade, oferecer visibilidade por meio das tecnologias e prestar serviços customizados com operações sustentáveis será a “cereja do bolo” que os clientes buscarão nos próximos anos.


Fonte: Mundo Logística



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