A Infracommerce, plataforma de serviços on-line e de logística, fechou ontem a maior aquisição desde a fundação da empresa há nove anos. Comprou a Synapcom, rival direta e uma das principais empresas desse mercado digital surgidas na última década. Deve pagar R$ 1,2 bilhão, sendo cerca de R$ 430 milhões em ações (considerando o preço do papel na sexta-feira), por meio de uma emissão de até 27 milhões de ONs, e R$ 773 milhões em dinheiro, metade agora e metade em 12 meses.
Com a transação, a Infracommerce passa a ser um negócio com receita anualizada três vezes superior a do fim de 2020. Ainda deve terminar 2021 com quase o dobro do valor transacionado na plataforma sobre o ano anterior, calculou o Valor. Também finaliza a fase de seu plano de crescimento apresentado aos investidores antes de sua oferta pública inicial de ações, em maio, diz Kai Schoppen, CEO da Infracommerce.
Para o executivo, a emissão das ONs e a consequente diluição dos acionistas de cerca de 10% (considerando valor da empresa após a transação) são justificáveis pela lógica da operação. A Infracommerce compra seu rival direto na venda de serviços a empresas, como na logística de entrega. “É uma diluição leve ao se contar o salto que daremos. Estamos baratos frente a outros, somos uma plataforma em construção. Queremos ter uma ‘fuga para frente’, fechar o desconto em relação aos outros. É um mercado de gente muito grande e quero criar um negócio que não depende de ser comprado para ser relevante”, diz Schoppen.
Segundo ele, “a Synapcom não é endividada, não estava alavancada, entrou \no acordo] em parte pelo valor, afinal são milhões em ‘cash’, e pela ideia da construção de algo maior”, afirma. “Eles veem gente como Magalu e Mercado Livre investindo bilhões e precisam ser gigantescos para brigar com os grandes. Eles sentem as mesmas pressões que nós”, disse Schoppen. “Esse mercado é uma luta livre sem luva de box, com muito capital e agressividade”, afirma.
O montante de R$ 1,2 bilhão equivale a 4,36 vezes a receita recorrente anualizada da Synapcom - e a Infracommerce é negociada em bolsa a cerca de nove vezes o anualizado. A Locaweb (concorrente em alguns serviços), é negociada a 16 vezes a receita projetada em agosto por analistas para 2021. A operação tem que passar por votação em assembleia de acionistas, mas ainda não há data marcada.
Com a transação, a empresa vai pular de uma receita de cerca de R$ 240 milhões no ano passado para R$ 710 milhões, considerando o valor recorrente anualizado das empresas. Ainda pode atingir vendas brutais totais (GMV, da sigla em inglês) de R$ 8 bilhões a R$ 9 bilhões neste ano, baseado nas estimativas de analistas para os dois negócios. É quase o dobro do GMV da Infracommerce em 2020.
É algo pequeno frente ao volume transacionado pelo Magazine Luiza ou Mercado Livre (este com R$ 48 bilhões de GMV em 2020), mas garante um ganho de escala para ir diluindo custos e ampliando eficiência. Pelo modelo de operação da Infracommerce, vendendo diferentes serviços, a empresa acaba concorrendo com muitos negócios ao mesmo tempo, o que nem sempre é uma posição fácil. Com as varejistas tradicionais, ela compete no “fulfillment” (pacote de serviços on-line) e com Vtex ou Magento, concorre mais na criação e gestão dos sites de lojistas.
De forma individual, os acionistas da Synapcom, passam a ter, no máximo, 3% da Infracommerce - somados, chegam a cerca de 10%, mas não formam bloco único. Eduardo Kyrillos é o controlador da Synapcom. Na Infracommerce, os maiores acionistas são a Engadin Investments, com 12,1%, e a Flybridge, com 11,4%. A Iguatemi, dos Jereissati, tem cotas em um veículo que correspondem, indiretamente, a 65% da Engadin, maior sócia da Infracommerce.
O Valor apurou que a Infracommerce já buscava um acordo com a Synapcom antes mesmo do IPO, num plano antigo de juntar forças, mas a conversa não andou no ano passado. Sócios da Synapcom chegaram a avaliar uma abertura de capital em 2021, que não evoluiu, enquanto a Infracommerce avançava na sua oferta primária.
Com a empresa já na bolsa, retomaram as conversas de maneira mais estruturada, incluindo então o pacote de ações. Os sócios da Synapcom vão continuar na gestão. Esta é a quinta aquisição desde que a Infracommerce foi fundada, em 2012, e a terceira após a oferta.
O GMV dela sobe 35% de janeiro a junho, mas as despesas avançam 76% e ela acumula prejuízo de R$ 11 milhões, mesmo patamar de um ano antes. No mercado, a ação tem sentido menos o tombo generalizado das novatas digitais em 2021: desde agosto, o papel anda mais volátil, mas está em R$ 16,10, e saiu no IPO a R$ 16.
Para pagar os R$ 773 milhões no curto prazo, parte virá dos recursos da oferta, e o grupo ainda pode buscar financiamento no mercado - e não descarta a hipótese de recorrer a uma eventual oferta de ações. “Claramente vamos precisar mais à frente seguir um caminho de dívida ou equity”, diz o CEO.
O IPO da Infracommerce movimentou R$ 870 milhões em maio, e, no fim de junho, eram cerca de R$ 750 milhões em caixa, mas são recursos que vem sendo consumidos no negócio e no ciclo de expansão. Como outras plataformas, ela ainda não é geradora de caixa, e precisa recorrer a mercado para sustentar esse ritmo.
Fonte: [Valor Econômico
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