A rede de supermercados Pão de Açúcar começou ontem a oferecer cerca de dois mil itens na plataforma do Mercado Livre, na busca por novos canais para acelerar as vendas de alimentos pela internet, em meio a uma forte concorrência.
O GPA, dono do Pão de Açúcar, havia fechado com a Americanas um acordo em maio. Agora, terá entrega grátis em compras acima de R$ 79,90 usando a estrutura de logística do Mercado Livre.
Mais do que entrar num novo canal, o acordo deixa mais claro a forma como o GPA pensa o seu modelo de venda e de gestão daqui para frente. O grupo está montando uma plataforma aberta, que irá operar diferentes canais ao mesmo tempo, sem precisar controlar todos os processos.
Será o Mercado Livre que fará toda a logística da entrega para o Pão. O GPA apenas leva as mercadorias ao centro de distribuição do Mercado Livre em Cajamar (SP). Para parceiros que fecham acordos dentro desse sistema, 75% das entregas ocorrem em até 24 horas, diz Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre. Cerca de 1,8 mil cidades são cobertas nesse prazo. Isso é possível porque a companhia se responsabiliza pela armazenagem, envio e até a logística reversa - e cobra um percentual da venda por isso (em geral, de 10% a 15%). Pão e Mercado Livre não informam essa taxa.
Até o fim do ano, os cinco centros de distribuição do Mercado Livre armazenarão produtos do Pão. O hipermercado Extra, também do GPA, deve passar a operar na plataforma ainda em 2021. O Extra começou neste mês a vender pela Americanas e pelo Supernow, ambas plataformas da B2W, concorrente do Mercado Livre. O Pão vende na Americanas desde maio.
A princípio, a venda do Pão no Mercado Livre inclui alimentos não perecíveis, itens de higiene, beleza e bebidas, entre outros, com plano de chegar a um número de 4 mil a 5 mil produtos neste ano. O volume de 2 mil hoje equivale a cerca de metade da mercearia seca disponível numa loja tradicional. Estão fora da lista, num primeiro momento, congelados e frutas, legumes e verduras, devido ao custo e à complexidade de gerir essa entrega - poucos marketplaces (shoppings on-line) vendem esses produtos no país.
Nesse processo, a integração dos sistemas de Pão e Mercado Livre era um dos pontos mais sensíveis - e é fator decisivo para que o modelo de logística funcione. “Foi nisso que gastamos mais tempo. Foram meses trabalhando para automatizarmos e unificarmos essa comunicação”, diz Yunes.
“Sempre fomos uma plataforma fechada, mas decidimos abrir, buscar parceiros. Com isso, há várias formas de se comprar hoje, os estoques giram muito rapidamente. E o produto tem que estar disponível se a venda é feita pelo Mercado Livre para entrega em horas. Eu não posso falhar nisso”, diz Rodrigo Pimentel, diretor de ecommerce do GPA. Por mês, 70 milhões de pessoas entram no Mercado Livre.
Na segunda metade do ano passado, o GPA reviu o seu modelo digital e decidiu entrar em marketplaces de outros grupos e em aplicativos, e ainda abrir o seu próprio marketplace. Neste ano, fechou acordos com Rappi, iFood, Cornershop, B2W e Mercado Livre. Seguiu esse caminho para ganhar velocidade, por conta do avanço de B2W e Magazine Luiza sobre o seu segmento, além da competição natural com Carrefour. “Estamos no mundo da colaboração agora, entendemos que precisamos juntar forças”, afirma Pimentel.
Consultores entendem que o GPA segue um caminho necessário. “No site deles, o Pão cobra pelo frete, mas vende congelados, perecíveis. É outro público, e mesmo que acabe concorrendo com ele mesmo no Mercado Livre, é a decisão correta. Não dá para ficar fechado, ele precisa estar vendendo em todos os lugares porque se não estiver, o concorrente vai estar. E faz isso com quem tem um sistema de distribuição já pronto”, diz Eugenio Foganholo, sócio da Mixxer.
O Mercado Livre, diz o consultor, ganha uma marca nacional premium e num segmento de alta recorrência. “Estamos trazendo uma nova frequência, mais recorrência, possivelmente um público que ainda não atendíamos. Na lista dos 20 produtos mais vendidos em maio, todos são de supermercados ou de saúde”, diz Yunes.
O GPA fechou o primeiro trimestre com 71% das vendas digitais de autosserviço no país. O canal digital equivale a 5,7% da venda total do GPA (era 2,4% há um ano). No Pão de Açúcar, essa taxa foi a 15%. No Brasil, a venda on-line de alimentos, de pouco mais de 1% antes da pandemia, estaria alcançando 2%, segundo consultorias.\
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Fonte: Valor
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