A multinacional GLP, de Cingapura, investirá R$ 2,1 bilhões entre 2024 e 2026 no Brasil para a construção de novos galpões logísticos, um movimento que reforça a aposta da companhia na economia brasileira e, principalmente, no potencial de avanço do comércio eletrônico.
Nesse modelo de negócios, os galpões são alugados para empresas como centros de armazenamento e distribuição de mercadorias. A principal demanda aí tem partido das varejistas que vendem pela internet, um setor que viu a competição aumentar nos últimos, engrossado pelo desembarque das empresas asiáticas Shopee, Shein e Temu, entre outras.
A GLP é a maior desenvolvedora de galpões do Brasil, dona de 13 parques logísticos com mais de 30 galpões, que totalizam uma área bruta locável (ABL) de 3 milhões de m². No próximo triênio, pretende ampliar essa área em mais 1 milhão de m².
“É um crescimento significativo”, afirma o presidente da GLP, Mauro Dias, em conversa com a Coluna. Segundo ele, o próximo ciclo repetirá o volume de investimentos feito no triênio anterior, entre 2021 e 2023, reforçando a presença da GLP no Brasil.
Projetos mais próximos de SP
Neste ciclo, entretanto, a localização dos projetos ficará em um raio menor de São Paulo, passando de 30 quilômetros para 15 quilômetros, o que abrange Guarulhos, Cajamar, Franco da Rocha, Embu e região do ABC. “Essa é a área onde enxergamos mais potencial”, diz.
Neste momento, dois parques logísticos já estão em obras de expansão, o Bandeirantes I, em Franco da Rocha; e o Embu III. O próximo a entrar em obras, ainda este ano, será um empreendimento em terreno adquirido anos atrás da família Klabin, em Guarulhos.
Há também planos para projetos dentro das cidades, o que permite às varejistas ganhar tempo nas entregas. “Aí são empreendimentos menores e voltados a produtos de giro mais rápido”, explica Dias.
Nos últimos anos, a GLP também fez movimentos de venda de ativos. Conforme revelou a Coluna no fim do ano passado, via fontes, a GLP vendeu para a Brookfield nove parques logísticos pelo valor de R$ 750 milhões. As unidades estavam espalhados por Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, com 350 mil m² de ABL ao todo.
Dias não comenta negociações específicas, mas explica que as vendas fazem parte de um processo natural de reciclagem de capital, dado que a empresa atua no mercado local há mais de uma década.
Mercado está aquecido
O presidente da GLP conta que o mercado se mostrou bastante movimentado nos últimos meses. A GLP, sozinha, assinou contratos de locação que totalizaram 300 mil metros quadrados, o equivalente a cerca de 30% de tudo que foi comercializado no Estado de São Paulo entre janeiro e maio. As maiores transações envolveram imóveis para o Mercado Livre e a Shopee, na Grande São Paulo. Ao todo, o comércio eletrônico respondeu por 84% das locações da GLP neste ano.
“O comércio eletrônico continua crescendo e aumentando sua penetração no varejo. Além das empresas já presentes aqui, esse setor tem como característica a chegada de outros competidores de fora”, afirma Dias. “No nosso portfólio, 65% são empresas que estão no comércio eletrônico. Esse perfil tem sido o principal locador do mercado de galpões.” Pela frente, a expectativa é que essa demanda continue aquecida.
Atualmente, 92% da área disponível da GLP está alugada, o que representa uma ocupação acima da média de mercado, entre 88% e 89%. “Esse é um patamar bastante saudável para nós”, avalia Dias. Por sua vez, o preço de locação começou a subir após ficar estagnado por vários trimestres consecutivos. O motivo dessa alta é o nível elevado de ocupação, a demanda crescente e a busca por imóveis em áreas mais nobres, isto é, bem perto dos grandes centros.
Fonte: Estadão