A chegada do produto ao destino é ponto sensível para qualquer indústria. O aumento das vendas por comércio eletrônico acelerou a digitalização de toda a cadeia logística para dar maior eficiência à entrega. Mapear e acompanhar a carga evita a perda de tempo e de produtos e aumenta a eficiência do transporte.
Os marketplaces de fretes – que conectam empresas e caminhoneiros autônomos, embarcadores e transportadoras por meio de transações on-line – cresceram ainda mais durante a pandemia do novo coronavírus.A Cargo X ampliou em 44% a contratação de fretes em 2020 com um sistema que reúne 10 mil embarcadores, 20 mil empresas de transporte e 450 mil caminhoneiros.Algoritmos de inteligência artificial ajudam na previsão de chegada dos caminhões em cada rota e eliminam a capacidade ociosa, que gira em torno de 60%, calculando a capacidade total dos veículos com a carga.
Por meio de transações on-line entre as empresas e caminhoneiros, o sistema encurta o tempo da cotação do transporte das cargas e dá visibilidade aos custos. Sensores embarcados nos veículos medem a agressividade na condução do motorista, que também é avaliado pelos clientes.
Um sistema antifraude valida os documentos do motorista e aponta se esteve envolvido em acidentes ou roubos. “Com essas informações conseguimos prever a qualidade futura do transporte da carga por cada caminhoneiro, economizando dinheiro dos embarcadores, que terão menos acidentes no transporte e menores valores de seguro”, afirma Federico Vega, CEO da Cargo X.
Com foco em caminhoneiros autônomos, a TruckPad montou uma plataforma que reúne cerca de 12 mil transportadoras e tem 500 mil motoristas cadastrados, sendo 75 mil ativos, que movimentaram R$ 10 bilhões em 2020, destaca o CEO Carlos Mira. Para completar a experiência do motorista, lançou o Truck Pad Pay, meio de pagamento homologado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A transportadora paga ao caminhoneiro por meio da carteira digital no sistema da Truck Pad, cujo crédito pode ser transferido para uma conta ou pagar combustíveis por meio de um QRCode no celular em postos conveniados em todo o Brasil.
A coleta e consolidação dos dados do fluxo logístico é outra importante ferramenta para que a entrega aconteça sem percalços no conceito de internet das coisas. A Trackage desenvolveu um dispositivo que pode ser acoplado em diferentes partes do caminhão, galpão, empilhadeira, pessoas e outros ativos.O chip permite monitorar cargas a distância, verificar a temperatura de produtos perecíveis, dando alertas em tempo real sobre impactos ou violação de produtos e outras condições configuradas remotamente, disparando alarmes sobre problemas na operação, explica o CEO da Trackage, Victor Hugo Moreira.
Com a pandemia, a empresa criou crachás inteligentes que monitoram a localização de colaboradores em plantas industriais e operações logísticas, emitindo alertas quando a concentração de pessoas é muito alta em um determinado local. Com esse mesmo crachá é possível programar empilhadeiras para desligarem quando estiverem muito próximas de um pedestre, evitando acidentes.
Em parceria com a DHL Supply Chain, a Trackage desenvolveu o Maestro, aplicativo de gestão de pátio para smartphones usado pelos caminhoneiros e pelos centros de distribuição para organizar a entrada e saída dos veículos. “Esse monitoramento diminuiu o tempo de espera da carga e descarga e quase zerou o contato humano nestes processos, contribuindo para reduzir riscos associados à disseminação da covid-19”, afirma Lilio de Souza Rocha Neto, evangelizador em inovação da DHL Supply Chain.
Antes dessa abordagem, o ingresso de veículos para coleta e descarga envolvia várias etapas, como a realização de cadastro manual e contato humano, agora feito no aplicativo de forma autônoma. “Recebemos a informação de chegada e de localização do veículo no pátio, gerindo de forma remota as instruções de movimentação”, explica Rocha Neto. Com base em experiências da DHL em outros países, a empresa estuda adotar no Brasil os chamados pallets inteligentes, cujos sensores enviam informações em tempo real sobre localização, carregamento e condições climáticas.
Facilitar a interação entre vários embarcadores é a proposta do Frete Compartilhado, da Simulefrete. A empresa tem dez operações nos mercados automotivo, comércio eletrônico, varejo e farmacêutico e 50 transportadoras cadastradas no sistema para a apresentação de suas tabelas de frete. Para dar o “match” entre as empresas, o sistema identifica parâmetros de transporte semelhantes de embarcadores distintos, gerencia necessidades regulatórias, operacionais, securitárias e de gerenciamento de risco, além das regiões de origem e destino das remessas.Após a definição de parâmetros e necessidades básicas para a execução do transporte, duas empresas poderão expedir suas cargas mais rapidamente para uma região ou cidade sem a necessidade de aguardar um melhor lote de produtos para embarque. “Um pedido de cinco toneladas de autopeças, por exemplo, poderá ser direcionado para um caminhão que também levará oito toneladas de livros de outro embarcador, ambos com o mesmo destino ou em rota compatível de entrega”, explica Marcos Barbosa, cofundador da Simulefrete. No compartilhamento de cargas, os parâmetros controlados pelo algoritmo de inteligência artificial garantem que não haverá junção de pedidos ou cargas incompatíveis, seja por questões de regulamentação, risco ou incompatibilidades operacionais.
A conectividade da rede celular 4G que cobre todo o território nacional permitiu à TIM expandir serviços de rastreamento de veículos com a Gestão de Frotas First Mile. O sistema acompanha o transporte de mercadorias para centros de distribuição além de fornecer informações sobre o planejamento das entregas aos motoristas e o andamento da viagem por meio do smartphone dos motoristas. O aplicativo acompanha o tempo de transporte dos produtos e gera comprovante digital da entrega. Outra solução da TIM, o Last Mile, cobre a segunda metade da viagem, com o rastreamento da entrega partindo dos centros de distribuição até o cliente final. “É possível acompanhar o sucesso de uma entrega ou eventuais motivos de atraso, ter o status da localização dos motoristas e o comprovante da operação”, explica Paulo Humberto Gouvea, head de soluções corporativas da TIM.
Criada em 2020, a logtech CargOn surgiu da necessidade de dar mais segurança aos embarcadores na contratação da transportadora, escolha e monitoramento da carga, unindo na plataforma informações de gestão e contratação do frete.Uma ferramenta de “business intelligence” (BI) armazena dados como cadastro do motorista e seu histórico, jornada de trabalho, tempos de paradas e trajetos percorridos com controle de velocidade, além de registros de coleta e entrega.O BI consolida esses dados e auxilia as empresas na tomada de decisão, incluindo situações de risco como roubo ou acidentes. “Por falta de informações consolidadas as empresas perdem entre 5% e 7% da carga, sem contar outros motivos como acidentes, avarias, sinistros e atrasos”, avalia Denny Mews, CEO da CargOn.
Um algoritmo de inteligência artificial faz o reconhecimento facial dos condutores para a identificação do motorista e sua habilitação. Para validar seu cadastro o motorista faz uma selfie sua e do documento; as imagens são enviadas para a portaria da empresa atendida juntamente com a ordem de serviço, evitando fraudes e roubos por falsos portadores. O sistema gerencia a carga, faz o agendamento do veículo nos destinos, rastreia e monitora itens, dá a previsão de entrega e avisos sobre possíveis atrasos. O motorista é avaliado pela plataforma, ampliando as chances de novos trabalhos.
A operação logística ferroviária também se beneficia de informações nos smartphones. Para facilitar a comunicação e avaliar a performance das operações, a Rumo criou o projeto Chave Na Mão, um aplicativo para os maquinistas, que recebem no celular o cronograma de trabalho, ponto, repouso, holerites e férias. A concessionária, por sua vez, tem acesso às informações da equipe e pode fazer ajustes na escala, dando mais eficiência ao transporte de cargas, ressalta Roberto Rubio Potzmann, diretor de tecnologia da Rumo.
A condição dos trilhos é acompanhada pelo Detector de Trilho Ferroviário (DTQ), equipamento instalado em diversos pontos da via que informa as condições dos trilhos para o Centro de Monitoramento de Redes. Ao identificar uma anomalia, os maquinistas de todos os trens que tentarem passar pelo trecho são informados em tempo real, eliminando o risco de descarrilamento.
20/12/2024
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