As tensões nas cadeias globais de abastecimento aumentaram nas últimas semanas e tendem a piorar, antes de melhorarem, concordam analistas na Europa. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE) constata que as encomendas de mercadorias estão aumentando, enquanto os estoques continuam caindo.
A expectativa é que o pico da escassez de alguns produtos, como semicondutores, ocorra neste terceiro trimestre. Em julho, o comércio mundial em volume caiu 0,9% comparado a junho, quando tinha registrado alta de 0,7%, segundo levantamento do CPB, centro de pesquisa económica da Holanda.
Em nota a clientes, o banco suíço UBS diz esperar que os problemas das cadeias de abastecimento se prolonguem pelo próximo ano, pois levará algum tempo para expandir a infraestrutura logística, contratar e treinar mão-de-obra adicional. O banco nota que mais companhias, sobretudo nas áreas química, de bens de capital e transportes, apontam as cadeias de abastecimento como o risco número um para suas atuais projeções de ganhos neste ano.
A pandemia de covid-19 causou um queda abrupta e repentina da demanda. Os confinamentos impediram as pessoas de consumir, e as empresas reduziram bastante a produção. As políticas de estímulo adotadas por diferentes governos permitiram que a demanda fosse logo retomada, mas as empresas não relançaram a produção no mesmo ritmo, até porque vários países com campanhas de vacinação mais modestas ainda enfrentam restrições de mobilidade.
Mais recentemente, a variante delta desacelerou atividades de fábricas em países como Japão, Coreia do Sul e Chile. No Vietnã, as exportações de calçados desabaram 40% na metade de agosto, comparadas ao mesmo período do ano passado. Produtores de têxteis, móveis e alimentos também tem sido afetados. Produtores de carros, incluindo Nissan, Toyota, Ford e General Motors, tiveram que cortar produção por causa da falta de chips. Toyota previa redução de 40% na produção em setembro.
A retomada da demanda mundial, as perturbações no lado da oferta e a diminuição de estoques provocaram um aumento de preços de matérias-primas e de custos do transporte marítimo no mundo inteiro, em particular na América do Norte e na Europa, aponta a OCDE.
Os preços mundiais de matérias-primas superaram em 55% em julho e agosto as cotações de um ano atrás. Os custos de transporte de contêineres também triplicaram em um ano. Os navios são utilizados hoje quase a plena capacidade, e continua faltando contêineres. ‘’ Enviar um contêiner da China para a Costa Leste dos EUA custava menos de US$ 3 mil antes e agora sai por mais de US$ 20 mil’’, diz Laurence Boone, economista-chcfe da OCDE.
Na semana passada, um número recorde de 61 navios estavam ancorados em portos da Califórnia, à espera de embarque ou desembarque de mercadorias. segundo a OCDE. As regras de distanciamento físico, os fechamentos temporários e reforços de normas de higiene estão atrasando os serviços nos portos.
Segundo o UBS, até recentemente as companhias eram capazes de compensar a alta de custos com mais produtividade e alta nos preços dos produtos. No entanto, à medida que faltam insumos suficientes para produzir as mercadorias e meios para levá-las para o consumidor, há limites para fazer essa compensação.
De toda maneira, a expectativa de vários analistas, incluindo na OCDE, é que as interrupções nas cadeias de abastecimento não constituem ainda uma ameaça grave à recuperação económica global. Haverá moderação do crescimento no ano que vem, mas dentro das expectativas.
Alguns governos na Asia começaram a autorizar a operação de fábricas focadas em exportação, mesmo com capacidade reduzida. Mas muito continua dependente da evolução das campanhas de vacinação e do controle de novas variantes que podem aparecer.
Fonte: Valor Econômico
27/11/2024
Costa Filho defende avanços na agenda de sustentabilidade no mercado de aviação e navegação
Durante o seminário “Brasil rumo à COP 30”, realizado pela Editora Globo em parceria com a CCR, o ministro afirmou que o governo tem estimulado a contratação de navios "cada vez maiores" (...)