Uma junção de problemas faz com que a fila de navios aguardando atracação nos portos brasileiros seja uma das maiores da história neste momento, com 277 embarcações até esta quinta-feira. A espera chega a dez dias em média.
Entre as principais causas para esse gargalo está o atraso na colheita de soja e a pouca disponibilidade de navios graneleiros, explica Larry Carvalho, advogado da Rabb Carvalho, especialista em conflitos ligados ao comércio exterior.
Segundo ele, o frio intenso nos Estados Unidos fez o país aumentar suas importações de carvão, o que concentrou muitos navios graneleiros na região em janeiro e fevereiro. Afora isso, a colheita atrasada de soja no Brasil acentuou a necessidade de embarcações para março.
“Além disso, a covid-19 tem causado atrasos nas operações internacionais por causa de restrições de atracação em alguns lugares e demora na repatriação de tripulantes. E não podemos esquecer que a China tem impedido a entrada no país de minério de ferro da Austrália em meio a disputas políticas. Tudo isso retirou tonelagem do mercado”, conta.
No Arco Norte, região onde o escritório Rabb Carvalho mais atua, chuvas também impediram qualquer movimentação nos portos. Nas estradas de acesso a Miritituba (PA), entre as rodovias BR-163 e BR-230, houve filas com mais de 3 mil caminhões no mês passado.
Nesse contexto, o custo do transporte marítimo para a soja subiu. Em dezembro, o frete de Santos para a China, por exemplo, custava US$ 32 a tonelada. Em fevereiro, ele subiu 43,7%, para US$ 46.
“Estamos prevendo disputas sobre demurrage e de qualidade da soja”, diz Carvalho. Em geral, afirma, quando o carregamento chega à China depois de dias na chuva, há perdas de qualidade do grão. Mesmo com as tradings dando desconto, os recebedores chineses abrem claims”, afirma o advogado, que representa diversos players na área de logística, transporte e agronegócio.
20/12/2024
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