17/02/2021

Falta de competitividade brasileira além das commodities ainda preocupa

 Falta de competitividade brasileira além das commodities ainda preocupa


Se a presença chinesa como principal comprador dos produtos brasileiros deve bater novos recordes, a falta de diversificação na pauta e no destino das exportações preocupa especialistas. Eles temem que a parceria, interesse de ambos os países, possa se transformar em uma armadilha para o Brasil.

Para Miguel Daoud, sócio-diretor da Global Financial Advisor e assessor econômico, ao mesmo tempo em que a relação comercial entre Brasil e China é alvissareira, é também preocupante na medida em que torna o Brasil dependente de um país. 

“A gente sabe que a China vai continuar demandando. A nossa preocupação é com relação aos preços, porque estamos vivendo um momento de muita liquidez na economia mundial e esse dinheiro acaba indo para especulação em commodities.”

Ele diz que o Brasil tem de aproveitar este momento. Mas precisa ficar atento para buscar alternativas à dependência da China porque ela não é boa. De acordo com ele, buscar outros mercados agora é muito difícil porque nenhum país no mundo tem a demanda da China.

“A estratégia seria agregar valores aos produtos internamente. Mas para isso, seria preciso fazer investimentos direcionados para adicionar valor à soja, ao milho e à carne, por exemplo. Precisaria ter toda uma estruturação de logística e investimento na industrialização dos produtos agrícolas”, diz Daoud.

Só assim, segundo ele, o País terá mais segurança sem depender apenas dos pedidos da China. Mesmo porque os preços das commodities oscilam muito e, em algum momento, isso poderá prejudicar o Brasil.

Papel chinês

A avaliação da economista Fabiana D’atri, coordenadora de economia do Bradesco e também diretora econômica do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), é a de que a perspectiva da dependência brasileira da China tem que ser relativizada porque o contexto é de uma pandemia em que a China se posicionou bem.

Ao mesmo tempo em que as exportações para a China ganharam espaço, as importações de produtos chineses, sobretudo de componentes eletrônicos, também cresceram. Em 2020, 21,4% dos produtos importados pelo Brasil vieram de lá, ante 14,1% das compras feitas uma década antes, segundo estatísticas do Ministério da Economia. 

“Vamos importar insumos e vacinas dos países autorizados e que os tiverem disponíveis. Parte importante virá da China, mas como percentual da pauta, acredito que essa participação será pequena dado ao peso dos demais itens. Como falei, com a retomada da economia brasileira, vamos importar mais produtos manufaturados. Muitos vindos da China”, conclui Fabiana.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o Brasil ainda precisa melhorar a competitividade da sua indústria, para conseguir ganhar mercados com produtos de maior valor agregado. Um fator que prejudicou a indústria nacional foi a queda de 13% em 2020 na exportação para a Argentina, principal comprador de manufaturados brasileiros. “Sem ficar competitivo em produtos de maior valor agregado, o Brasil não conseguirá ganhar peso internacional.”

Notícias Relacionadas
 Ministério dos Transportes planeja 21 leilões de rodovias e ferrovias em 2026, com R$ 288 bi de obras

26/11/2025

Ministério dos Transportes planeja 21 leilões de rodovias e ferrovias em 2026, com R$ 288 bi de obras

O Ministério dos Transportes anunciou, nesta terça-feira (25), uma carteira de leilões para 2026 com 13 licitações de concessões rodoviárias e 8 de ferrovias, com uma previsão de R$ 288 (...)

Leia mais
 Governo apresenta nova rota ao Pacífico pelo Acre na Rússia em busca de atrair indústrias de fertilizantes ao estado

25/11/2025

Governo apresenta nova rota ao Pacífico pelo Acre na Rússia em busca de atrair indústrias de fertilizantes ao estado

O governo do Estado, por meio de uma comissão institucional designada pela Casa Civil, participou ao longo da última semana de agendas estratégicas em Moscou, capital da Rússia, após con (...)

Leia mais
 Cinco dicas para a logística de empresas chinesas no Brasil

24/11/2025

Cinco dicas para a logística de empresas chinesas no Brasil

Mesmo com as longas distâncias geográficas e culturais, a forte parceria comercial entre China e Brasil deve continuar crescendo. Os investimentos chineses já estabelecidos até agora, qu (...)

Leia mais

© 2025 ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. CNPJ 17.298.060/0001-35

Desenvolvido por: KBR TEC

|

Comunicação: Conteúdo Empresarial

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.