Em meio a um cenário cada vez mais dinâmico e competitivo, as cadeias de suprimentos passam por um momento de transformação em escala global. Da indústria ao agronegócio, cresce a necessidade da adoção de soluções logísticas mais eficientes, sustentáveis e integradas, do ponto de origem ao destino final. A aposta nesse modelo busca otimizar o desempenho operacional e ampliar a competitividade das empresas em diferentes setores produtivos.
É nesse contexto que a DP World — responsável por um dos maiores e mais modernos terminais portuários privados multipropósito do Brasil, localizado em Santos (SP), e representante nacional do Grupo DP World (Dubai Ports World) — tem ampliado seu portfólio e diversificado os negócios. A estratégia é oferecer aos clientes um conjunto de operações integradas, cobrindo todo o ecossistema logístico.
Fabio Siccherino, CEO da DP World no Brasil, explica que a nova estratégia do Grupo visa expandir a atuação da empresa para além dos portos e terminais, consolidando o posicionamento como provedora de soluções logísticas completas, capazes de atender todas as etapas da cadeia – do transporte internacional ao armazenamento, distribuição e entrega. “A abordagem end-to-end fortalece a marca ao oferecer conveniência, agilidade e eficiência em uma jornada completa”, afirma.
A companhia tem ampliado a presença nos segmentos de freight forwarding (agenciamento de cargas) e contract logistics (logística de contratos customizados), com atividades que envolvem armazenagem, distribuição, crossdocking (mercadorias recebidas, separadas e redistribuídas para diferentes destinos, muitas vezes envolvendo múltiplos fornecedores e clientes, sem armazenamento prolongado) e transporte terrestre com rastreamento, proporcionando aos clientes uma experiência totalmente alinhada.
Segundo dados de uma pesquisa realizada pela consultoria McKinsey, em parceria com a DP World, a indústria é o segmento que mais valoriza escalabilidade e flexibilidade (55%), fornecedores end-to-end (68%) e cobertura geográfica (45%). A pesquisa completa, que apresenta outros insights setoriais, pode ser visualizada neste link.
Ainda com base no comparativo internacional apresentado pela McKinsey, observa-se que essa tendência em valorizar soluções end-to-end e escalabilidade também se reflete em outros países, embora com nuances específicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a cobertura geográfica ganha maior destaque em função da extensão territorial e da complexidade logística, enquanto no México a ênfase está nas soluções end-to-end, evidenciando a necessidade de integração das cadeias de suprimento ligadas ao mercado norte-americano.
No Brasil, a redução do Custo Total de Propriedade (TCO) é vista como prioridade em todos os setores. No caso da indústria, além desse foco, também se destacam a flexibilidade e a velocidade nas entregas, o que reforça a necessidade de soluções logísticas mais ágeis e adaptáveis ao dinamismo do mercado brasileiro.
Além da integração de suas divisões de negócios — Portos e Terminais, Serviços Marítimos, Logística e Tecnologia —, a companhia investe de forma permanente em modernização da infraestrutura e automação de processos. Essas iniciativas elevam os níveis de produtividade, reduzem os gargalos e aumentam a previsibilidade das operações.
Expansão estratégica
A capilaridade e a expansão da empresa são marcadas pela abertura de escritórios de freight forwarding em cidades estratégicas como São Paulo (SP), Campinas (SP), Curitiba (PR), Itajaí (SC) e Santos (SP). Ainda em 2025, serão inauguradas unidades em Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ). Até 2027, será a vez de Manaus (AM) e Fortaleza (CE) receberem estruturas próprias, localizadas próximas a polos industriais, zonas de processamento de exportação e centros logísticos estratégicos. O objetivo é facilitar o atendimento a setores como manufatura, eletroeletrônicos, automotivo, óleo e gás e agronegócio.
No segmento de contract logistics, a companhia dispõe de aproximadamente 100 mil metros quadrados de capacidade em plantas no Brasil. A instalação mais recente foi arrendada em Cajamar (SP), com início das operações previsto para setembro, e será o primeiro armazém multicliente da companhia no país.
Esse centro adota o modelo de “shared warehouse”, em que múltiplas empresas utilizam a mesma infraestrutura, tecnologia e equipe. O formato reduz custos fixos, aumenta a flexibilidade e permite escalabilidade rápida em períodos de alta demanda, como Black Friday, Natal e outras datas sazonais. A unidade oferece soluções completas de inbound e outbound, gestão de inventário, montagem de kits, etiquetagem, cross-docking, fulfillment, e-commerce e logística reversa, operando com sistema WMS proprietário que fornece visibilidade e controle em tempo real.
"Um dos principais benefícios do modelo multicliente é sua escalabilidade e a possibilidade de ser replicado em qualquer região do Brasil, levando mais eficiência e flexibilidade às operações logísticas em diferentes mercados", destaca o CEO.
Essa movimentação fortalece a estratégia end-to-end da empresa, consolidada no país por meio da DP World Logistics, especialmente após a aquisição da Syncreon, fornecedora global de soluções de cadeia de suprimentos, em 2021. A operação ampliou a oferta de serviços customizados para clientes B2B e B2C, desde a origem até o destino final.
“Ao controlarmos mais etapas da cadeia de suprimentos, reduzimos a dependência de terceiros e ganhamos escala de atuação. Outro diferencial está na capacidade de customização, com ofertas específicas para diferentes segmentos estratégicos, como celulose, e-commerce, automotivo e bens de consumo”, explica Siccherino.
A trajetória da companhia no Brasil teve início em 2013, com o complexo portuário privado no Porto de Santos (SP). Na última década, foram investidos R$ 3 bilhões em infraestrutura e tecnologia para ampliar a capacidade da estrutura, melhorar a produtividade, estender o comprimento do cais e reduzir as emissões de carbono, tornando-se o principal complexo multipropósito do país.
Em 2024, o terminal movimentou mais de 1,25 milhão de TEUs de cargas, 14% a mais em relação ao ano anterior. O TEU é a unidade de medida utilizada em transporte marítimo e equivale a um contêiner padrão. Desde o início das operações em 2013, a empresa já movimentou mais de 10 milhões de TEUs e quase 20 milhões de toneladas de celulose, recebeu mais de 5.700 navios e consolidou-se como um importante hub para exportação de celulose e movimentação de cargas gerais.
Fonte: Valor Econômico