Marcella Cunha, Diretora executiva da Associação Brasileira de Operadores Logísticos, nasceu em Brasília e adora sua cidade, embora também tenha um xodó por São Paulo, que visita mensalmente para as reuniões na sede da entidade.
Com mais de 10 anos de experiência trabalhando nas áreas de Relações Internacionais e Relações Governamentais no Brasil, fez especialização em Ciência Política e está encantada nesse primeiro ano de trabalho na Abol.
“A entidade é muito jovem, e temos muito trabalho pela frente para continuar defendendo os interesses de empresas do setor de tecnologia e transportes”, ela diz. Quando estava prestes a fechar um trabalho com uma startup do México que veio para o Brasil, recebeu o convite pelo linkedin de um headhunter contratado pela Abol.
Ela está muito feliz no trabalho e entusiasmada com a programação do aniversário de dez anos da Abol, em julho: “Vamos lançar a nova edição do Perfil do Operador Logístico, uma pesquisa realizada a cada dois anos, que representa a fotografia do setor, realizada com o ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain. A ideia é ter o setor mapeado no Brasil, vamos quantificar tudo e lançar os dados em uma coletiva de imprensa no final de maio ou início de junho”, revela.
Marcella antecipa que, mesmo com a pandemia, o setor registrou crescimento: “Num primeiro momento veio o baque, mas depois todas as empresas do grupo praticamente bateram recordes em termos de movimentação. Quando todo o resto do mundo parou, os operadores logísticos estavam na contramão, contratando mais gente e pelo regime de CLT, o que mostra o grande compromisso das empresas com a mão de obra no Brasil”.
Outro ponto que ela destaca é que os operadores logísticos enxergam o e-commerce como um novo segmento e o que mais cresceu, além do varejo. “Toda atividade econômica depende de um operador logístico seja a indústria para captar o insumo e fazer a produção, para chegar às lojas e fornecedores e no sistema de market place.
Nenhuma atividade prescinde desse apoio, há grandes empresas que já vêm canalizando parte de sua logística, mas mesmo assim ainda precisam dos operadores em algumas oportunidades”.
O desafio agora é continuar a batalha para obter um marco legal para a profissão:
“No Exterior, os órgãos reguladores e anuentes compreendem essa atividade, não existe uma regulamentação explícita. Aqui no Brasil, é como uma atividade invisível aos olhos para a sociedade. Você compra, recebe e não tem ideia dos caminhos percorridos.
A Abol ajudou a construir o PL 3757, que está tramitando na Câmara dos Deputados e propõe um marco legal para os operadores logísticos. Tivemos que fazer ajustes no texto, com apoio da CNT (Confederação Nacional dos Transportes) e vamos reapresentá-lo nas próximas semanas.
Depois ainda tem que passar pelo Senado, é um caminho longo”.
Outra pauta que ela assume é jogar luz para a questão de gênero: “Hoje, do grupo de 31 empresas, só temos três dirigentes mulheres. É um percentual baixo quando se pensa em logística, transporte, infraestrutura. Somos minoria e ainda há muitas diferenças salariais”.
Na questão da sustentabilidade, a presidente e sua diretoria criaram um grupo ESG para trazer novas oportunidades: “As empresas estão muito atentas, há uma preocupação legítima com a temática e as maiores dificuldades estão na inclusão e na governança. Fizemos uma pesquisa entre as empresas para saber os estágios em que se encontram, e a maioria colocou de baixo para médio. Há muito para discutir e evoluir juntos”.
A essencialidade do serviço traz segurança ao setor, mas é necessário manter o rumo correto: “O desafio é entregar um serviço personalizado para os clientes de ramos diferentes”, sugere.
Na vida pessoal, Marcella, 37 anos, gosta de ficar próxima à natureza, e seu ponto de energia é o Lago Paranoá. Não perde um show de rock, pratica crossfit e é vegetariana convicta. Por isso, suas dicas de restaurantes em Brasília são os The Plant e Girassol.
Adora animais e a grande companhia é o filho canino Django, um Jack Russell Terrier que adora caminhar com ela e, às vezes, até apronta, como recentemente quando se envolveu em uma briga e provocou a queda de sua dona. Nada sério, já foi perdoado.