Allan Esron Pereira Inácio é mestre em Organizações e Desenvolvimento, coordenador do Núcleo de Finanças da Escola de Negócios e do curso de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
O ano de 2020, logo em seus primeiros meses, apresentou desafios jamais imaginados pelos gestores do século 21. Da noite para o dia – no caso brasileiro, em menos de um mês – os gestores foram colocados frente a uma nova realidade e precisaram mudar o contexto organizacional.
Foram muitos os negócios que encerraram as atividades pois não contavam com fluxo de caixa para sustentar um longo período de adaptação. Outros não souberam como se adaptar, enquanto alguns proprietários preferiram fechar com medo do que viria pela frente. Houve, ainda, dezenas de outros motivos.
As incertezas em um contexto como esse desafiam, primeiramente, os gestores das áreas de estratégia, marketing e logística das organizações, pois esses devem responder para o hoje e para o amanhã como a empresa se posicionará e como vai superar as mudanças nos hábitos de consumo e modelos de distribuição, por exemplo.
A situação não é mais serena para os gestores de recursos humanos, operações e finanças, já que são convidados a promover adaptações técnicas, estruturais e culturais nas organizações de forma rápida, garantindo que as pessoas estejam treinadas e motivadas, que o modelo produtivo se adeque à nova demanda e que os recursos financeiros consigam sustentar e realimentar o negócio nesse novo contexto.
Socialmente, muito se comenta sobre o novo normal, a nova economia e o novo mercado. É certo afirmar que mesmo após a aplicação de uma vacina em larga escala, permitindo deixar o isolamento e retomar o convívio social sem qualquer restrição, ainda teremos um contexto de mercado bem distinto. É fato!
Isso significa que nada do contexto mercadológico da pré-pandemia retornará? O pós-Covid é algo que não conhecemos e tudo nesse contexto é impossível prever? Devemos esquecer tudo o que conhecemos como mercado?
Não acredito em uma mudança cultural tão acentuada que torne o pré-pandemia desprezível. Temos, afinal, exemplos de modelos organizacionais e de negócios oriundos, em essência, do século 19 e que estão aí operando com muito sucesso. É claro que estão revestidos de tecnologia, mas o negócio, em essência, é o mesmo.
Podemos, então, ficar tranquilos e apenas apostar no que já conhecemos? Em absoluto, crises como essa trazem muitas oportunidades e elas estão aí aos montes, esperando que os gestores as aproveitem; é importantíssimo tentarmos enxergar onde estão.
As organizações que estão superando a crise estão investindo em digitalização, divulgação, diversificação, novos canais de distribuição, parcerias e em tecnologia para auxiliar na manutenção e crescimento do seu status de mercado.
Estão à frente, sobretudo, aquelas empresas que aproveitando oportunidades, como as que entenderam o contexto de trabalho home office como chance para reduzir custos e otimizar processos de atuação. Ao invés de dispender recursos em grandes estruturas físicas contando com prédios de escritórios, móveis e utensílios, rede física e internet, elas perceberam que para muitos tipos de trabalho não é necessário o ambiente físico. Algumas grandes organizações já anunciaram que para colaboradores de vários departamentos não irão mais voltar para o presencial.
Então, o que temos de certo para o futuro é que a demanda, consumo e produção retornarão aos patamares anteriores e em algum momento o ultrapassarão – tenho tranquilidade em afirmar isso. No entanto, os gestores que conseguirem materializar nas organizações um formato que permita aliar o contexto de consumo tradicional diferenciado ao novo consumidor digital colocarão sua organização à frente. Manter a essência, aproveitar oportunidades e diversificar possibilidades é o grande desafio para o tempo da Covid e pós-Covid.
Materializo tais afirmações pois nós, humanos, somos seres sociais e temos necessidade de convivência, além de sermos muito instigados pelo novo. A tecnologia e a comunicação continuarão refletindo diretamente nos comportamentos, atitudes e desejos do público consumidor. As estratégias organizacionais e de marketing surgirão e o consumo seguirá acontecendo fortemente.
As principais mudanças atuais que permanecerão se referem aos hábitos de consumo e à diversificação de canais de vendas e distribuição. Do tradicional, retornarão formatos de consumo que causam experiência sensorial, que presencialmente mexem com o afetivo, entre outros. As organizações que resistiram aprenderam a utilizar delivery, e-commerce, m-commerce – e essa experiência pode (e deve) influenciar no comportamento e no atendimento aos clientes no pós-pandemia.
20/12/2024
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