Após oito anos e meio, Cesar Meireles está pronto para deixar a presidência da ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. O último dia no cargo está marcado para 31 de março e a sua trajetória vai deixar muitas marcas e grandes legados, que levam o executivo a ter certeza de que cumpriu o seu mandato com plenitude. O Projeto de Lei (PL) nº 3.757 de 13/07/2020, de autoria do deputado Hugo Leal (PSD/RJ), em tramitação na Câmara dos Deputados, estudos sobre o setor, a integração entre as empresas associadas, entre suas áreas técnicas, o intercâmbio de experiências, as viagens técnicas e missões ao exterior, bem assim a participação em diversos eventos são algumas das ações que tornaram Meireles admirado e reconhecido por todos que o conhecem e acompanharam de perto o seu trabalho à frente da ABOL.
Meireles ingressa no projeto junto aos fundadores em 2012, ano de fundação da Associação, quando 16 empresários confiaram ao executivo a realização de um sonho: atuar em um setor mais estruturado, com maior segurança jurídica e preparado para o crescimento sustentado. Para atender aos anseios do grupo, foram necessárias análises minuciosas e melhor compreensão do mercado. “O objetivo era garantir maior segurança jurídica ao setor, para que pudesse operar em um melhor ambiente de negócios, podendo, assim, desenvolver mais atividades, gerar mais emprego e renda, atrair maiores investimentos e permitir maior robustez, além da qual lhe era já caracterizada”, enfatiza Meireles.
E as ações feitas nesse período ratificam quase uma década de importantes conquistas. O destaque fica para o PL nº 3.757/2020, que é visto por Meireles como o encerramento de um ciclo e, ao mesmo tempo, o ponto de partida para uma nova importantíssima etapa que pode ser a consagração definitiva do segmento. O projeto regulamenta a atividade do operador logístico no Brasil e foi protocolado em 13 de julho do ano passado, no auge da grave pandemia da Covid-19, no mês de aniversário de 8 anos da Associação. Atualmente, o documento está aguardando a nomeação do relator na CVT (Comissão de Viação e Transporte) da Câmara dos Deputados e continuará seguindo os trâmites regulamentares até a sanção presidencial.
Ao protocolar o PL, Meireles cumpre, na totalidade, todas as demandas contratuais e entregas que foram plenamente acordadas com os fundadores. Para ele, o resultado aferido nesses oito anos e meio, trouxeram a maturidade, a visibilidade, o reconhecimento, a admiração e o respeito da ABOL de forma muito precoce. Vale destacar, que os primeiros passos da entidade foram dados dentro da casa de Meireles, onde a Associação ficou sediada por três meses.
Trajetória
As principais ações realizadas, por Meireles, em 2012 e 2013, incluíram a contextualização do que era o operador logístico para os 16 fundadores da Associação, assim como a análise do cenário mundial em relação à categoria setorial. Na época, chegou-se à conclusão de que todos estavam voltados à definição e reconhecimento do operador logístico à imagem e semelhança do 3PL (Third Party Logistics Provider), como é conhecido globalmente, já que não havia um regramento definido na legislação brasileira, nem mesmo dos países mais avançados na questão logística. A definição e o regramento não eram linear no mundo, daí a necessidade de se realizar um estudo profundo e contundente.
A partir disso, foram feitas viagens técnicas para o exterior em busca das necessárias informações, tendo participado de vários eventos, fóruns e missões técnicas em países como a Argentina, Uruguai, Perú, México, EUA, Holanda, Bélgica e Alemanha. O resultado dessa caminhada foi a elaboração de um estudo amplo, pleno e profundo sobre o setor. Esse, além de outros estudos, consiste em relevante legado deixado por Meireles, os quais podem ser consultados no site da ABOL, sempre, gratuitamente.
O material desenvolvido pelo consórcio KPMG Consulting, Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados e FDC (Fundação Dom Cabral), traz o contexto, definições e caracterização do segmento, além de uma rigorosa análise do ponto de vista regulatório de todos os setores nos quais os operadores logísticos estão presentes, a exemplo da observância das operações, boas práticas, tecnologias embarcadas, certificações, identificadores de performance, dentre outros detalhes reproduzidos em mais de 800 páginas. Para a ABOL, sem procurar ser cabotina, considera o estudo uma espécie de 'certidão de nascimento' do operador logístico no Brasil, sendo criado após a identificação de que uma CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica) não se aplicaria a esse setor, já que eles operam várias atividades, sendo integradores de todas elas
A síntese desse estudo é exatamente o PL, que apresenta de forma simples, objetiva e prática, duas questões fundamentais para o setor, que é a definição e a contextualização do que vem a ser o operador logístico, vindo também a atualizar a legislação do armazém geral, que é a mesma desde 1903. A trajetória de Meireles também inclui a filiação da Associação à CNT (Confederação Nacional dos Transportes) e à ALALOG (Associação Latino-americana de Logística), ambas em 2016, e sua inclusão no Fórum Permanente do Brasil Export, em 2020.
Depois de tantos feitos, Meireles, em alinhamento com seus conselheiros, entendeu ter chegado a hora de passar o bastão, dar voz a novas experiências, assim como acontece nos conselhos Deliberativo, Fiscal e de Ética da ABOL, estes, com mandato de dois anos renováveis por igual período. Diante disso, o presidente sempre insistiu que o mesmo deveria acontecer na presidência da diretoria executiva. Muito em breve será anunciado quem será o(a) sucessor(a) de Meireles. A escolha está sendo feita por um processo de headhunter liderado pelo Conselho Deliberativo.
Futuro
Sobre o futuro da ABOL, Meireles devota pleno êxito, acreditando que está no PL nº 3.757/2020 um dos passos fundamentais para o pleno entendimento e projeção continuada do setor. Além disso, observa que, para dar continuidade ao crescimento acentuado da entidade, as missões, os estudos e demais fóruns técnicos fazem-se mister.
Nesse cenário, a realização do congresso da Associação, paralisado em 2020 devido à pandemia, em modelo híbrido deve ser a retomada dessa agenda, dando início à uma nova fase da entidade para os próximos anos.
Além disso, o executivo destaca a importância e os benefícios de desenvolver convênios de cooperação com entidades acadêmicas e técnicas de primeira linha aqui e no exterior, quer seja nos EUA, quer seja junto à universidades e institutos de desenvolvimento e fomento setorial em países como a Holanda, Bélgica e Alemanha.
“Sinto-me feliz por ter sido agraciado com o imenso desafio de fundar uma entidade como a ABOL, que se tornou, muito precocemente, referência no setor, respeitada e admirada por todos. A lista de agradecimentos é vasta, desde seus fundadores, a todos os associados, aos membros dos conselhos, às minhas colaboradoras diretas da diretoria executiva, aos parceiros externos, às entidades às quais nos filiamos (CNT, CIT, ALALOG, Brasil Export etc), aos governos e seus executivos, aos amigos e parceiros das entidades congêneres, aos operadores logísticos ainda não filiados à ABOL e todos aqueles que torceram muito para o êxito da Associação. Sinto-me renovado para dedicar-me a novos e desafiadores projetos, colocando-me, de imediato, já a partir de abril, à disposição do mercado para empreender o que a mim possa vir a ser confiado!”.
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