A pandemia de covid-19 alterou comportamentos de consumo e levou líderes de cadeias de suprimentos e logística a ajustarem processos e a buscarem mais resiliência diante de eventuais crises futuras. Nos segmentos de bens de consumo e varejo, por exemplo, quase sete em cada dez organizações planejam mudar estratégias nessa área nos próximos três anos, , segundo pesquisa do Capgemini Research Institute com 400 executivos em 11 países. Perto de 60% vão investir mais na digitalização das suas cadeias.
“O objetivo é satisfazer os clientes com atendimento mais rápido e menor custo de frete”, diz Mauricio Andrade de Paula, diretor de soluções para área de consumo, varejo e distribuição da Capgemini. Para isso, as empresas estão apostando em grande rol de tecnologias emergentes, entre as quais a Capgemini destaca computação em nuvem, automação, , inteligência artificial (IA), robótica, internet das coisas e cibersegurança. “Nuvem pode atender picos de sazonalidade sem aumentar custos, enquanto IA apoia processos de planejamento de demanda, abastecimento automático de pontos de venda e robôs de relacionamento com clientes (chatbots), entre outras aplicações”, ilustra Andrade de Paula.
No Carrefour, que atua com 485 lojas em múltiplos formatos, os investimentos em TI e inovação atingiram R$ 227 milhões em 2020. As iniciativas incluíram reconfiguração da cadeia de suprimentos para suportar mudanças drásticas no comportamento de compra do consumidor, diz o diretor de supply chain, Marcelo Lopes.
Entre ações, Lopes destaca mudanças em algoritmos do ERP da empresa, que passou a consumir dados de outras áreas - como a de relacionamento com o cliente (CRM) -, captando movimentos que levaram a aperfeiçoamentos nas rotinas relacionadas com estoque e abastecimento.
Outra decisão foi intensificar o compartilhamento de dados e tendências com provedores de insumos. “Por meio do portal do fornecedor, os nossos produtores, seja uma Unilever, uma Nestlé ou um fornecedor regional de bananas, passaram a ter acesso a informações relevantes para gestão mais adequada da sua produção.” A cadeia de abastecimento do Carrefour envolve 28 operações logísticas, entre centros de distribuição (CDs) e outras plataformas.
No grupo GPA, dono das marcas Extra e Pão de Açúcar, investimentos tecnológicos também foram acelerados, sobretudo para suportar as vendas on-line, que triplicaram em 2020 em comparação com 2019. Entre as iniciativas, Marcelo Arantes, diretor executivo de logística do GPA, destaca melhorias no software de gestão dos centros de distribuição e uso de inteligência artificial em processos de toda a cadeia, desde os CDs até as lojas, para acelerar as tomadas de decisão.
O grupo aprimorou sistema que emite alertas em tempo real de todas as etapas da operação de abastecimento e buscou inovações em logística em startups, como a Intelipost, que desenvolveu plataforma em nuvem para definir melhor transportadora para cada envio - são mais de mil caminhões circulando diariamente para abastecer lojas e entregar pedidos.
A DHL Supply Chain, que mantém mais de 50 centros de distribuição no país, também acelerou investimentos para ajustar softwares relacionados a gestão de armazéns, pessoas e frotas e para desenvolver inovações em parcerias com startups.Um resultado desse tipo de parceria é a solução da Trackage para gestão de pátio em grandes centros de distribuição, que agiliza os processos de carga e descarga e reduz o contato de caminhoneiros com equipes operacionais. “Tudo é feito via aplicativo de celular e temos uma noção exata da localização do caminhão”, diz Lilio de Souza Rocha Neto.
Fonte: Valor
20/12/2024
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