03/09/2021

Atrasos por fechamento de portos na Ásia preocupam varejistas no Brasil

 Atrasos por fechamento de portos na Ásia preocupam varejistas no Brasil


Comerciantes, médios e pequenos empreendedores devem ficar atentos com a proximidade de duas datas importantes para o comércio: Dia das Crianças e o Natal. O aquecimento da economia internacional, a falta de contêineres e a alta dos fretes aumentam a possibilidade de atrasos e desabastecimento do varejo brasileiro no final do ano. Especialistas alertam que o risco maior para o comércio exterior brasileiro é no trade com o mercado asiático. Claus Malamud, especialista em relações comerciais com a China, disse que é visível a alta de preços nos últimos meses, com tendência de mais aumentos, visto que não há previsão de redução de fretes até o próximo meio do ano.

“Dessa forma irão faltar insumos, pois a cadeia fica toda afetada. Isso gera inflação, o que não é bom para a economia nessa velocidade. Além disso, as exportações também ficam afetadas, pois portos fechados atrasam na entrega, o que também afeta em novas compras e pagamentos do exterior para o Brasil”, analisou Malamud.

Com portos fechados, insumos e materiais acabados não saem da China. Os pedidos seguintes não saem, por falta de espaço, criando um efeito em cadeia. As fábricas, por sua vez, acabam não conseguindo expedir os produtos. Os importadores deixam de faturar e há cancelamentos de pedidos. Datas importantes para o comércio varejista, como o Dia das Crianças e Natal, que dependem desses produtos, podem ser afetados.

Ele explicou que a falta de espaço é tão ou mais preocupante que a alta dos fretes, pois há mercadorias com datas certas para chegar. “Aquele produto que pode fazer parte de uma coleção de inverno, por exemplo, chega no verão, e há prejuízo”, exemplificou. Já exportadores com bens perecíveis têm o risco da perda completa do contêiner e todo transtorno. Um verdadeiro caos na cadeia de comex”, comentou.

Malamud acredita que o cenário pode piorar até o final do ano e, se os fretes subirem ainda mais, passa a virar uma dúvida de quando a carga irá chegar. “O correto é analisar o mercado sabendo que todos estão passando pelo mesmo problema. Quem tiver o produto em mãos, a grosso modo, será como ter ouro em mãos. O mercado ficará muito tenso, mas vai passar. A minha expectativa é que não normalize até meados de 2022”, projetou. Ele recomendou que o mais seguro é realizar as importações com três a quatro meses de antecedência antes de qualquer grande data comemorativa.

O diretor da assessoria em comércio internacional Efficienza, Fábio Pizzamiglio, observa, além dos altos valores de fretes e da falta de contêineres, o transit time da China para o Brasil, que passou de 40 para 60 ou 65 dias, o atraso nos embarques nos portos chineses, o free time reduzido de 21 para 5 a 7 dias, o desabastecimento do mercado brasileiro e o valor elevado dos produtos para o consumidor final.

O fechamento de portos na China em razão da pandemia poderá continuar causando prejuízos, principalmente a perda de produtos perecíveis, bem como aumento do valor de armazenagem, o atraso na distribuição de produtos pelo mundo e a desaceleração da economia. Pizzamiglio explicou que, com o fechamento dos portos, criam-se filas de navios aguardando atracação, gerando uma grande falta de contêineres para novos embarques.

Todos estes fatores culminam no aumento vertiginoso dos fretes marítimos, gerando aumentos de mais de 1000%, entre 2019 e 2021. A grande questão é que o aumento dos preços dos fretes, não garantem o embarque das mercadorias. Já se contabiliza um atraso médio de até quatro meses com o fechamento dos portos. O diretor da Efficienza acrescentou que toda a incerteza que paira sobre a logística internacional preocupa importadores e exportadores.

Além da alta demanda por espaços nos navios, ainda existe a possibilidade de omissão do porto (blank sailing), acarretando atrasos na entrega das mercadorias e, muitas vezes, impedem o cumprimento de contratos vitais para a saúde econômica. “Normalmente, essa época já é conhecida pela alta demanda de mercadorias e falta de contêineres. Neste ano, o cenário está um pouco pior, devido ao caos logístico que se instalou. Sugerimos ao importador é que antecipe suas compras e tenha um prazo maior para recebê-las”, recomendou Pizzamiglio.



Fonte: Portos e Navios

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