"Toda mudança passa por três pilares importantes: gestão de pessoas, revisão de processos e aporte de tecnologia". Foi com essa frase que o consultor em supply chain, Antonio Fernando Degobbi chegou ao final da sua apresentação sobre Logística do E-Commerce: Modelos de Entrega do Last Mile, durante a segunda edição de 2022 do ABOL Day, realizado este mês.
Destinado exclusivamente aos Operadores Logísticos (OLs) filiados à Associação, o evento trouxe à tona questionamentos essenciais em um período marcado constantemente por novas ferramentas destinadas à entrega de produtos: como será a transformação das empresas? E o modelo de inovação? Como se desenvolverá o mundo?
O termo Metaverso, mais uma vez, fez parte das discussões com a ideia de conexão entre o mundo virtual e físico. No caso da logística, ele se conectaria com o Omnichannel (“metachannel”). Nesse modelo, o consumidor pode comprar off e online, em ambientes virtuais 3D, pegando o melhor dos dois mundos.
"Hoje temos o Omni usando internet convencional e no futuro teremos o Metaverso. O cliente caminha virtualmente pelos corredores de uma loja encontrando os produtos e finalizando a compra. Nesse caso o 5G é imprescindível", destacou Degobbi.
Aparentemente, o modelo estaria pronto para trazer resultados positivos para ambos os lados. Mas, resta uma dúvida: a fidelidade do cliente vai ser a marca ou o ambiente de Metaverso em que ele estará trafegando?
Essa não foi a única indagação feita pelo especialista diante de um cenário de mudanças. Todas as soluções trazem prós, contras e alternativas a serem avaliadas. O ex-gerente de Operações Logísticas da Pirelli na América Latina, inclusive, mencionou a necessidade de as empresas investirem bastante em lojas físicas, lembrando que elas não são apenas pontos em que o cliente vai comprar alguma mercadoria.
"Elas podem se tornar um showroom, então tem que mudar um pouco isso, tem que ter um estoque do ponto de venda mais apurado tanto para compras online, como offline. E não menos importante é a gestão, que precisa ser única, a gestão de Omnichannel. Isso se aplica na medição do desempenho, resultado financeiro e nível do serviço", explicou.
Quando se trata da Last Mile ou última milha, ou seja, a última fase do processo de entrega de um produto, Degobbi mostrou restrições e opções. Algumas já estão sendo testadas pelas empresas, como os drones, outras ainda fazem parte de um plano futuro, como as plataformas aéreas (naves mãe) para lançamento de drones. A UPS, associada à ABOL, chegou a fazer entregas de vacinas contra a Covid por meio de drones nos Estados Unidos e clínicas rurais na África.
As bicicletas integram um dos modelos atuais oferecendo baixo custo, sustentabilidade e acessibilidade. No entanto, possuem limitação de capacidade, dependem da habilidade física do entregador e da infraestrutura das vias. Uma alternativa para os entraves seria o triciclo com bauzinho. Pessoas e lockers (armários instalados em pontos de grande movimentação e utilizados para a retirada de encomendas) também estão inseridos no formato atual de entrega. Cada um com a sua peculiaridade e dificuldade. A DHL é um dos OLs que já usam o locker para atender a demanda do e-commerce.
A análise de Degobbi sobre as possibilidades à disposição no mercado permite uma reflexão em relação ao que está por trás de toda a transformação. O 5G, a internet do futuro, veio pra ficar, mas a aplicabilidade envolve outras habilidades, preocupações e restrições. Não basta olhar para os percentuais de aumento das vendas online, é preciso saber lidar com esse crescimento oriundo da pandemia. "Utilize uma tecnologia quando tiver um tripé resolvido: pessoas, processos e tecnologia".