O alto nível de proteção ambiental de Fernando de Noronha (PE) inspirou autoridades e executivos a compartilharem suas estratégias ESG durante o Sustenta Export, realizado entre os últimos dias 27 e 28 de agosto. Na ocasião, a diretora executiva da ABOL, Marcella Cunha, apresentou a jornada de descarbonização dos Operadores Logísticos, diante de um cenário no qual o setor de transportes é responsável por aproximadamente 13% das emissões de gases do efeito estufa no Brasil e a temperatura média global, entre 2011 e 2020, foi a maior desde o período da revolução industrial (1850-1900).
“É preciso desromantizar o ESG e levar a sério a jornada de descarbonização. Criamos um grupo para tratar do tema, de forma a sensibilizar as empresas que ainda não tinham despertado para a pauta. As cobranças externas aceleram esse processo e estão vindo de clientes, fornecedores, reguladores, acionistas, mercado financeiro e bancos e até de consumidores finais mais atentos, que vêm exigindo mais transparência na cadeia de suprimentos”, destacou Marcella.
As ações da Associação também envolvem a construção da matriz de materialidade e a elaboração do piloto do inventário de emissões das empresas filiadas. “As iniciativas ajudam os operadores a embasar políticas internas e políticas públicas, criando soluções de forma multidisciplinar”, completou a diretora, que conduziu o painel com a participação do CEO da ID Logistics, Gilberto Lima Jr., o diretor geral da Andreani, Fernando Correia, e o CEO da Movecta, Rodrigo Casado.
Com um sólido planejamento envolvendo sustentabilidade, social e governança, os executivos concordam que é preciso dar o primeiro passo, sendo uma das ações principais o envolvimento dos colaboradores e, se possível, da comunidade. E eles estão fazendo a sua parte. Na ID, as principais medidas estão relacionadas à redução de energia elétrica. Nesse sentido, a empresa já conta com dois centros de distribuição autossustentáveis. A troca de baterias pela de lítio e a redução do consumo de papel também fazem parte das ações.
A Andreani, no Brasil, tem como foco o GNV e o etanol. Já na Argentina, as entregas são feitas de bicicleta no microcentro de Buenos Aires. Além disso, um estudo feito com a Mercedes levou à implantação de um “catavento” no final das carretas, tirando o atrito do vento e economizando 17% de combustível.
Na Movecta, a estratégia foi aliar a agenda de transformação digital com a agenda ESG. O resultado foi a implantação de um software de Inteligência Artificial para alocação dos contêineres nos terminais alfandegados e outro para automação dos compressores nos terminais refrigerados. Houve ainda o plantio de 4400 árvores, o equivalente à redução de mais de 600 mil toneladas de CO2.