12/12/2022

A importância do transporte aéreo de cargas

 A importância do transporte aéreo de cargas



Potencializar o transporte de cargas nos aeroportos que administra é um dos objetivos estratégicos da CCR Aeroportos. Desde abril, quando assumiu a gestão dos 15 aeroportos conquistados no leilão da sexta rodada de privatização realizado no ano passado pelo governo federal – além do aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, concedido pelo governo de Minas Gerais –, a empresa vem estudando a fundo o cenário e as potencialidades de cada um desses ativos, localizados em nove estados brasileiros.


“Nosso papel é aproximar as partes interessadas em impulsionar o transporte local de cargas e contribuir para criar excelentes opções para o recebimento e o envio de produtos, equipamentos, mercadorias e matérias-primas que vêm diretamente do exterior ou são enviados para outros países”, diz Maria Fan, gerente executiva de Cargas da CCR Aeroportos.


Hoje, 70% dos processos de liberação de cargas aéreas que chegam do exterior ocorrem em São Paulo, o que gera um elevado tráfego rodoviário adicional para levar essas mercadorias aos mais diversos pontos do País. “Isso provoca um aumento de tempo e dos custos, além dos riscos de acidentes e roubos de cargas nas rodovias”, descreve Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes. Ele lembra, também, a crescente preocupação com sustentabilidade: um número excessivo e desnecessário de viagens de caminhões não contribui para as metas ESG (conceito de sustentabilidade formado pelos pilares Ambiental, Social e Governança), tão disseminadas nos últimos tempos.


Quintella conta que o transporte aéreo de cargas vinha crescendo significativamente no Brasil, evolução que foi interrompida pela pandemia. “Neste momento certamente há um mercado represado, o que indica que teremos saltos importantes nos próximos anos.” A chave para essa expansão, observa o especialista da FGV Transportes, é montar equações que tornem a opção pelo transporte de cargas mais atraente do que as outras possibilidades – e isso certamente passa pela meta de dotar mais aeroportos das condições adequadas para receber voos cargueiros. “Há muitos produtos de alto valor agregado ou perecíveis que já poderiam utilizar o transporte aéreo, mas isso não acontece por falta de uma visão mais sistêmica do processo logístico”, avalia Quintella.


Indústria beneficiada


A CCR Aeroportos acredita que descentralizar esse mercado, transferindo para outros aeroportos do País parte dos voos cargueiros que hoje descem ou saem de São Paulo, trará uma série de benefícios. “A empresa tem como uma de suas diretrizes o desenvolvimento da economia das regiões em que atua, com geração de renda e empregos nessas regiões”, descreve Maria Fan. “Promover o turismo é uma das estratégias para isso. Outra é a ampliação e qualificação dos serviços oferecidos pelos aeroportos, e nisso o transporte de cargas certamente se destaca.”


Aeroporto de Curitiba tem capacidade para receber cargueiros de grande porte


Aeroporto de Curitiba tem capacidade para receber cargueiros de grande porte 


Oito dos aeroportos do portfólio da CCR são especialmente vocacionados para o transporte de cargas internacionais e, por conta disso, dispõem da estrutura necessária para importação e exportação. Curitiba é um bom exemplo. Com capacidade para receber aeronaves de maior porte, o aeroporto está operando seis voos cargueiros semanais que ligam a cidade diretamente aos Estados Unidos e à Europa, mas tem potencial de demanda para receber o dobro disso. “Curitiba está se recuperando mais rapidamente que a média e certamente apresenta grande perspectiva de crescimento, considerando o volume de importações destinadas ao Paraná, que estão sendo nacionalizadas fora do estado”, observa a executiva da CCR Aeroportos.


Os dois aeroportos de Santa Catarina administrados pela empresa – Joinville e Navegantes – também têm grande potencial para expansão do tráfego de cargas, por causa da pujança da indústria no norte do estado, onde ambos estão localizados. Maior cidade catarinense e terceira maior economia do Sul, Joinville é um importante centro em diversos setores industriais, especialmente o metalmecânico. Já Navegantes é a porta de entrada para o Vale do Itajaí, que, composto por 12 municípios, responde por mais de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. O Porto de Itajaí, um dos mais movimentados do País, fica a menos de meia hora do aeroporto.


Em outubro, um novo terminal de cargas foi inaugurado no aeroporto de Navegantes. Com área total de 100 mil metros quadrados e 5 mil metros quadrados de área construída nessa primeira fase, incluindo câmaras frias para produtos farmacêuticos e outros perecíveis, a nova estrutura aumenta a atratividade do aeroporto para voos cargueiros. Hoje, a exemplo do que ocorre com Curitiba, muitas das cargas importadas pelas empresas da região são nacionalizadas em São Paulo e seguem por rodovia até Santa Catarina. “Estamos trabalhando com plena convicção de que Navegantes se consolidará cada vez mais como referência tanto no transporte aéreo de passageiros quanto no de cargas”, diz Fabio Russo Correa, CEO da CCR Aeroportos.


A redução do transit time e do excesso de manuseio da carga nas conexões aéreas e rodoviárias são benefícios valiosos para produtos e equipamentos direcionados a linhas de produção, pesquisas, projetos especiais e mesmo ao consumo imediato. Assim, o transporte aéreo até o local mais próximo do destino é a melhor solução.


Operação histórica


O Aeroporto Internacional de São Luís, capital do Maranhão, também deve experimentar grande aumento no volume de cargas nos próximos anos, já que muitas indústrias da região nacionalizam suas cargas em outros estados. A CCR Aeroportos está trabalhando em parceria com importadoras e companhias aéreas para o desenvolvimento de soluções que evidenciem o aeroporto local como a melhor opção. “Há benefícios fiscais muito interessantes no Maranhão, mas muitas vezes o que falta é simplesmente conhecimento a esse respeito. Queremos contribuir para disseminar essas informações”, descreve Maria Fan.


No último dia 3 de dezembro, o aeroporto de São Luís recebeu o pouso de um gigante, o Boeing 747-400 – Jumbo, da companhia norte-americana National Airlines. Vindo de Seul, capital da Coreia do Sul, o cargueiro trouxe para o Maranhão uma carga valiosa para a ciência e o mercado espacial brasileiro: peças do HANBIT-TLV, um foguete híbrido de 15 toneladas e de impulso de estágio único, com altura de 16,3 metros, diâmetro de 1 metro e peso de 9,2 toneladas, de propriedade da Innospace, primeira companhia aeroespacial privada a operar no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).


Todo o processo de nacionalização da carga foi realizado no Terminal de Cargas do Aeroporto de São Luís, que possui capacidade para o manuseio de diferentes tipos de cargas, área segregada para armazenamento de produtos restritos (perigosos) e câmara fria para acondicionamento de congelados e resfriados. O planejamento prévio com o cliente, o operador logístico e as autoridades aduaneiras nesse projeto permitiu uma operação rápida no aeroporto.


“Estamos muito orgulhosos e esperançosos em iniciar as atividades comerciais de exploração espacial a partir do território brasileiro, especificamente de Alcântara, Maranhão”, diz Élcio Jeronimo de Oliveira, diretor de Negócios da Innospace do Brasil. “A chegada de nosso foguete, o HANBIT-TLV, é a marca indelével dos inúmeros desafios logísticos e tecnológicos superados para a realização dessa histórica operação. Agradecemos a todos os nossos parceiros e, em especial, à CCR Aeroportos de São Luís, que sempre esteve conosco na formatação desse complexo processo.”


Potencial de crescimento


Tanto o aeroporto de São Luís como o de Teresina, capital do Piauí, passaram a receber em setembro voos do Mercado Livre, que levam produtos de e-commerce diretamente para essas regiões. Antes, os produtos seguiam para Recife (PE) e Fortaleza (CE) e de lá eram transportados por rodovia para o Maranhão e o Piauí. Com os novos voos operados pela Gol Log para o Mercado Livre, caiu drasticamente o tempo de entrega para os consumidores, fator que é cada vez mais importante para a decisão de compra online.


Outra perspectiva de crescimento envolve o aeroporto de Foz do Iguaçu (PR), mais voltado para a importação de produtos eletrônicos. O de Petrolina (PE) também está em processo para recuperar voos diretos de cargas para a Europa, o que facilitará muito a exportação das frutas produzidas na região. Outra prioridade de desenvolvimento é o aeroporto de Goiânia, capital de Goiás, que já comporta aviões de grande porte, mas ainda não tem voos cargueiros internacionais, embora apresente bom potencial de uso por setores como o farmacêutico.


“Este ano procuramos conhecer melhor o potencial dos mercados em que atuamos, definir prioridade e conversar com parceiros estratégicos. Ano que vem ampliaremos as ações efetivas para impulsionar o transporte de cargas nos aeroportos sob nossa gestão, em conjunto com os investimentos em melhorias na infraestrutura previstas na fase 1-B do contrato de concessão”, conclui Maria Fan.


Atrair indústrias, empresas de e-commerce e de courier e operadores logísticos para a implantação de centros de distribuição nos terminais de cargas dos aeroportos onde atua é um dos objetivos da CCR Aeroportos. A vantagem de se estabelecer em uma zona primária do aeroporto é a rapidez no recebimento e distribuição em larga escala dos produtos, considerando a malha de voos domésticos existente e o fácil acesso aos municípios de cada região.


Fonte: Estadão



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