O ano de 2021 foi um período de recuperação para os operadores logísticos (OLs), após o baque econômico e social causado pela crise sanitária global, em decorrência da pandemia de Covid-19. No Brasil, houve uma evolução em diversos aspectos, como a receita operacional bruta (alta de 82%) e o número de clientes (72%), com destaque para as empresas de grande porte, com faturamento acima de 601 milhões: 94% e mais uma vez 94%, respectivamente. É o que aponta o estudo “Perfil dos Operadores Logísticos - Edição 2022”, feito pelo Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) a pedido da Associação de Operadores Logísticos (Abol), que apresentou os dados durante coletiva online à imprensa, nesta quarta-feira, 1º de junho.
Responsável por quase 2% do Produto Interno Bruto (PIB), 2 milhões de empregos e R$ 44 bilhões em tributos e encargos trabalhistas, o setor de operações logísticas passa por desafios, como aumentar o nível e a qualidade de seus serviços, integrar o atendimento aos clientes, investir em novas tecnologias e qualificar a mão de obra. O segmento ainda passa por antigos gargalos: altas taxas da carga tributária, melhorias urgentes da infraestrutura logística, principalmente pela integração do transporte rodoviário, ferroviário e portuário via acesso às cidades e portos, entre outros.
Em entrevista à Portos e Navios, a diretora executiva da Abol, Marcella Cunha, destacou que “a integração multimodal no Brasil pode contribuir com o crescimento dos números de operadores logísticos, por meio da redução dos preços do frete; diversificação do portfólio de serviços integrados e customizados a serem oferecidos aos clientes/embarcadores; aumento no número de clientes; diluição dos custos fixos dos OLs; ganhos em eficiência operacional; e redução de emissões de gases poluentes”.
Dados em destaque
Como a maioria das operações logísticas do país é feita por transporte rodoviário fechado (91%), transporte rodoviário fracionado (65%) e distribuição urbana (49%), os OLs apontaram impactos nos custos relacionados ao aumento dos preços do combustível, especialmente do diesel, e do transporte rodoviário: 77% dos 117 respondentes não associados e 31% dos associados à Abol consideraram muito elevados os custos do combustível e 56% do transporte rodoviário.
Na contramão, os entrevistados ressaltaram redução ou nenhum aumento em torno dos custos das operações do transporte hidroviário (63%), da operação de cabotagem (60%), da operação portuária (42%) e das operações aeroportuárias (31%). O estudo “Perfil dos Operadores Logísticos - Edição 2022” será veiculado no site da Abol nos próximos dias.
Ferrovias e BR do Mar
Ao avaliar os recentes programas de autorizações para ferrovias e o BR do Mar para cabotagem, a diretora executiva da Abol, Marcella Cunha, acredita que “uma matriz de transporte mais equilibrada contribuirá para uma logística mais eficiente, para a preservação do meio ambiente, para a redução do número de acidentes em rodovias e, logo, para as soluções trazidas pelo operador logístico a clientes/embarcadores, bem como para a sociedade brasileira, que se beneficiará de um custo logístico reduzido”.
“Essas iniciativas pretendem aumentar a participação dos modais ferroviário e aquaviário e já foram aprovadas pelo Congresso Nacional. Agora, elas devem ser implementadas com seriedade, em sinergia com as concessionárias e empresas privadas que já atuam nesses segmentos, além de estarem em sinergia com os planos do Estado brasileiro, no que se referem à expansão logística, como é o caso do PNL 2035 (Plano Nacional de Logística).”
Fonte: Portos e Navios