A reabertura da economia, com o controle da covid-19, e as persistências dos gargalos nas cadeias de produção pesaram para o resultado fraco da produção industrial em outubro, afirma Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do banco Goldman Sachs.
A produção da indústria brasileira recuou 0,6% em outubro, ante setembro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em setembro, o indicador teve queda também de 0,6% na série com ajuste sazonal, após dado revisado (era recuo de 0,4%). A leitura de outubro traz o quinto mês seguido de taxas negativas, período do qual acumulou perda de 3,7%.
Com o resultado de outubro, a indústria fica 4,1% abaixo do patamar pré-pandemia, em fevereiro de 2020. O desempenho veio abaixo da mediana das estimativas de 33 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, de alta de 0,8% livre dos efeitos sazonais. As projeções iam de queda de 1% a alta de 1,8%.
Frente a outubro de 2020, a produção industrial caiu 7,8%. A produção industrial acumulada em 12 meses ficou em 5,7%. No resultado acumulado em 2021, até outubro, a indústria avança também 5,7%.
Em relatório enviado a clientes, Ramos destaca que a produção manufatureira recuou em nove dos últimos dez meses, com a produção de bens de consumo duráveis caindo por dez meses consecutivos. O carrego estatístico para o último trimestre deste ano é de -1,26%, na variação trimestre contra trimestre imediatamente anterior.
Ramos observa que a atividade industrial em fevereiro, março e abril foi impactada pelo aumento significativo de infecções de covid-19, novas restrições em várias partes do país, e problemas no fornecimento de insumos e bens intermediários, como chips para o setor automotivo.
“O recuo das medidas de bloqueio e o aumento da mobilidade a partir da segunda metade de abril abriu caminho para um fortalecimento gradual da atividade industrial. Mas, nos últimos meses, o desvio do consumo de bens para serviços e pressões de aumento de custos e problemas na cadeia de abastecimento adicionaram ventos contrários à atividade no setor de manufatura”, afirma Ramos, ao lembrar que várias montadoras pararam a produção devido à escassez no fornecimento de peças, especialmente semicondutores .
O economista argumenta que, no futuro, espera-se que o setor industrial continue a enfrentar "ventos contrários" com condições financeiras mais apertadas (ciclo de alta de taxas de juros), demanda fraca (com a inflação corroendo a renda real disponível), gargalos persistentes na cadeia de suprimentos (dada a oferta limitada de semicondutores), além de maior custo de energia, insumos e logística.
Fonte: Valor
27/11/2024
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