27/10/2022

Entregas de galpões crescem e nível de ocupação fica estável

 Entregas de galpões crescem e nível de ocupação fica estável



O mercado de galpões logísticos e industriais segue com entregas elevadas, sem que a taxa de vacância tenha alta significativa.


No terceiro trimestre, foram entregues no país cerca de 1 milhão de metros quadrados de galpões de alto padrão, segundo a consultoria JLL. O número é 51,6% maior do que os 682 mil do segundo trimestre, e 247% superior ao volume entregue entre julho e setembro de 2021. Ao mesmo tempo, a taxa de vacância desses imóveis aumentou apenas 0,65 ponto percentual, para 9,99%.


O preço médio pelo metro quadrado para locação subiu 6,2% em comparação com o trimestre anterior, para R$ 23,35. No mesmo trimestre do ano passado, a média era de R$ 20,24.


Segundo André Romano, gerente de industrial, logística e data center da JLL, o aumento do preço reflete a alta demanda do mercado e também a elevação dos custos da construção. Como o ciclo dos imóveis logísticos leva entre 12 e 14 meses, os ativos que estão chegando para locação agora foram construídos durante o período mais crítico de alta dos insumos para obras, e isso será cobrado no preço do aluguel.


A inflação das obras tem se reduzido, como mostra o acumulado dos últimos 12 meses do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que passou de 13,69%, em janeiro, para 10,89% em setembro. “Vamos conseguir ver isso no aluguel mais no fim de 2023”, afirma Romano.


Neste ano, já foram entregues por volta de 2 milhões de metros quadrados em novos galpões, praticamente o mesmo de todo 2021, que havia sido o melhor ano em entregas na última década.


O otimismo com o setor estava tão alto que a expectativa da JLL para 2022 era que o país chegasse a 3,5 milhões de metros quadrados, mas Romano já afirma que isso não deve se cumprir. “Grande parte foi postergada para 2023”, diz. “Tem otimismo menor das empresas em buscar espaço e o investidor sente isso, além de ser ano de eleição e Copa, é natural que esses projetos sejam postergados”, completa.


Como explica o gerente, o setor de imóveis logísticos tem mais facilidade para fasear suas entregas e segurar projetos quando percebe que o mercado não vai absorvê-los, por causa do tempo mais curto de execução e de se localizar em áreas mais afastadas. Assim, sofre menos punições por atrasos nas obras.


Segundo a Newmark, há ainda 1,6 milhão de metros quadrados de galpões em construção, e o setor quase dobrou o volume de 2014 até agora, passando de 16 milhões para 30 milhões de metros quadrados no país.


Dados da consultoria Cushman & Wakefield para o segmento logístico no Estado de São Paulo apontam a entrega de 242,6 mil metros quadrados no terceiro trimestre, 26,5% menos do que nos três meses anteriores. Já a JLL computa estoque maior, de 594 mil metros quadrados, o que representaria mais da metade do que foi entregue no país no trimestre.


A Cushman destaca que, das áreas entregues em São Paulo, 45% já estavam pré-locadas, e que a absorção líquida foi a maior desde o último trimestre de 2020, tendo crescido 16% em relação ao segundo trimestre deste ano.


A empresa também computou dados do setor logístico em outros países da América Latina, referentes ao primeiro semestre de 2022. Em um ano, até julho, o estoque dos centros logísticos cresceu 6,4% na região, com destaque para Santiago e Lima, que elevaram o volume em 27,4% e em 16,6%. Bogotá e Santiago tiveram os maiores aumentos de preço de locação em um ano, de 15% e 30%, enquanto no Brasil a média de aumento foi de 2,7%, para US$ 4,04 por metro quadrado ao mês.


Fonte: Valor Econômico



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