26/08/2020

Empresas buscam meios para minimizar prejuízo

 Empresas buscam meios para minimizar prejuízo



_Queda na movimentação de cargas prejudica o desempenho do setor, que tende voltar ao nível de 2018_

Um clima de expectativa e de incerteza afeta o mercado de seguro de transportes. Embora haja previsão de queda em torno de 10% nos negócios este ano, as companhias do setor ainda esperam uma retomada do consumo nos próximos meses para minimizar os efeitos da crise.

Os resultados entre janeiro e abril apontam retração de 4,08% na emissão de prêmios (R$ 1,025 bilhão) e evolução de 5,97% nos sinistros (o pagamento em indenizações somou R$ 680,1 milhões) na comparação com igual período de 2019, segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep).

Como a movimentação de cargas diminuiu desde então, o desempenho do setor tende a ser inferior ao dos últimos dois anos. Em 2019, a emissão de prêmios totalizou R\$ 3,421 bilhões, alta de 8,13% em relação ao exercício anterior. Desse total, 60% correspondem ao transporte nacional de mercadorias em todos os modais. Já a taxa de sinistralidade, de 48,02% em 2018, baixou para 44,47% no ano seguinte.

Para Salvatore Lombardi, presidente do Clube Internacional de Seguro de Transporte (CIST), que reúne profissionais da cadeia logística de seguro de transportes (seguradoras, corretoras, resseguradoras e reguladoras de sinistros), não há sinais de mudanças no cenário. “Nada indica que o consumo vai aumentar até o final do ano.”

Nem a cobertura de atividades econômicas que se mantiveram durante a pandemia - como saúde higiene, limpeza, alimentos, itens comercializados pela internet e produtos do agronegócio - tem sido suficiente para compensar a queda do mercado de seguros.

Embora crescente no Brasil, o comércio eletrônico, por exemplo, detém pequena parcela do seguro de transporte - em torno de 10% a 15%, estima James Theodoro, presidente da corretora Korsa Seguros. “A cadeia automobilística, a indústria de petróleo, incluindo derivados, e o setor de bebidas, que têm um peso grande no modal, foram fortemente atingido pela crise”, ressalta.

O cenário obrigou os players a ajustar as estratégias. A Korsa, que tem no segmento de transporte e logística fonte de 80% de sua receita, retomou somente em agosto o plano de expansão de sua área comercial em São Paulo e região Sul, que já deveria estar consolidado.

Nos últimos quatro meses, a corretora teve que renegociar contratos, prorrogar vencimentos e alongar prazos. Não houve perda de clientes, mas a recomposição de preços dos produtos deve afetar o resultado. A Korsa faturou R\$ 6 milhões no ano passado e deve terminar 2020 com uma receita 10% menor.

A Alper Consultoria de Seguros decidiu ingressar no ramo de transporte de carga por meio da compra da Transbroker Corretora de Seguros, que no ano passado movimentou R\$ 60 milhões em prêmios. O objetivo é consolidar presença em uma área pouco representativa para a empresa, mas que tem potencial para gerar 40% do faturamento nos próximos anos, ficando atrás do ramo de benefícios, responsável por 60% da operação, diz Denis Teixeira, diretor de transporte.

Ainda não é possível estimar o impacto da aquisição, fechada no fim de julho por R\$ 58,05 milhões, nos resultados da Alper em 2020, diz Teixeira.

A Seguros Sura enxerga o momento como oportunidade para ampliar o portfólio. Nos próximos meses estão previstos lançamentos para segmentos que se mantiveram ativos durante a pandemia, como o agronegócio e o comércio eletrônico. Faz parte dos planos oferecer cobertura às transportadoras que operam com motoristas autônomos, um segmento que, segundo Amilcar Spencer, diretor de transportes da companhia, é desassistido por soluções de seguro. Ativa no mercado brasileiro desde 2016, a Sura tem uma carteira de 5 mil clientes no ramo de transportes, que responde por 30% de seu faturamento.

Com a expectativa de manter o mesmo volume de prêmios emitidos do ano passado (R\$ 690,2 milhões), a Sompo pretende concentrar esforços na gestão e rentabilidade da carteira. “Não é o momento para se ter uma estratégia agressiva porque os clientes estão pensando duas vezes em trocar de seguradora”, justifica Adriano Yonamine, diretor de transportes e auto frota da companhia. Investimentos no gerenciamento de risco - com o apoio de parceiros, a Sompo montou uma central para monitoramento da carga dos clientes - contribuíram para reduzir em 7 pontos percentuais a taxa de sinistralidade entre 2019 e 2020 e minimizar os efeitos da covid-19, sobretudo nos meses de março e abril, quando o valor em risco segurado da carteira caiu 17%.

Mesmo com a pandemia, a Argo Seguros mantém a projeção de R$ 160 milhões em emissões de prêmios este ano - já atingiu pouco mais da metade nos seis primeiros meses de 2020 -, o que lhe garante participação de 5,4% em seguros de transporte. No exercício passado, a companhia movimentou R$ 152 milhões em prêmios.

A Argos está ampliando canais de venda, com novos corretores. “Também apostamos em nossa solução digital para trazer facilidades e flexibilidade aos corretores durante a jornada de cotação e contratação de seguros de transporte”, diz Ivo Moreno, head de transportes & innovation.

A Tokyo Marine tinha uma projeção de crescimento de 15% da carteira de transporte - que representa 8% da operação da companhia - este ano. Com a diminuição da movimentação de carga, a meta está sendo revista. “Não é possível falar em crescimento maior de 5%”, admite Valdo Alves, diretor de transporte da seguradora.

Nos próximos deve ser lançada uma nova oferta para operadores de transporte multimodal. Em julho, foi lançado aplicativo que permite a emissão eletrônica da Carta Protesto, documento que informa suspeitas de avarias ou sinistro de mercadorias importadas que chegam ao porto. Outro pilar da estratégia da companhia é a faixa dos pequenos e médios transportes e embarcadores, segmento que, segundo Alves, tem dados respostas mais rápidas às ações de gerenciamento de risco.

Fonte: Valor Econômico

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