O incentivo para que os Operadores Logísticos sejam os vetores da mudança cultural entre os colaboradores e, sobretudo, parte ativa no processo de transição energética do setor foram destaques, na tarde desta quarta-feira, durante o 2° Interlog Summit, congresso realizado dentro da Intermodal 2024. As questões foram abordadas pela diretora executiva e diretora presidente da ABOL, Marcella Cunha, convidada para participar do painel "Descarbonização do transporte e sua responsabilidade na cadeia logística".
Na ocasião, Marcella falou sobre o trabalho realizado pelo Grupo ESG da Associação, que colocou todos os Operadores Logísticos na mesma página para tratar do tema. O próximo passo é a criação do inventário ABOL, de forma a contabilizar as emissões de gases do efeito estufa geradas pelos OLs filiados à entidade. O material será uma referência para que as empresas saibam onde estão e as medidas a serem tomadas para mitigar os impactos gerados pelas suas operações.
"Estimulamos os OLs para que possam enxergar a melhor opção e oferecer ao seu cliente. O nosso conselho é 'não tenham medo de começar a investir, sejam parte ativa' e também vetores dessa mudança cultural dos colaboradores", disse a diretora da ABOL.
E quando se trata da escolha dos OLs, uma pesquisa desenvolvida pelo Grupo ESG, cujo resultado saiu essa semana, revelou que os investimentos dos Operadores vêm sendo direcionados a outras fontes de energia alternativas, em complementação ao diesel e até ao biodiesel. São eles, por ordem: energia elétrica; biometano; GNV; etanol; GNL; HVO e hidrogênio verde.
"Temos feito um trabalho de conscientização por meio desse Grupo para que os Operadores saibam a sua responsabilidade enquanto empresa e ser humano. E temos observado que nesse início de jornada, eles estão topando o risco, testando tecnologia ao seu próprio custo, isso tem sido encorajador para empresas menores", mencionou Marcella.
Também participaram dos debates Guilherme Gatti, vice-presidente de Operações da FedEx Express Brasil, Marcos Azevedo, head de Sustentabilidade da Bravo e Luís Marques, CEO da DB Schenker Brazil & Argentina. A moderação foi feita pelo CEO do Guia Marítimo, Martin von Simson.
Gatti ressaltou o plano da Fedex de se tornar neutra até 2040. Para alcançar essa meta, a empresa conta com um plano audacioso, que inclui a redução de emissões na operação e a compensação por meio de outras fontes. “A eletrificação da frota tem acontecido, estamos trocando a gasolina e o diesel por biodiesel, veículos elétricos. A Fedex foi a primeira a trazer um veículo elétrico para o Brasil em 2013. Nos últimos quatro anos renovamos 800 veículos. A idade média da nossa frota é de 6, 7 anos”, disse o VP de Operações.
Quando se trata dos aviões, ele explica a necessidade de captar créditos e evitar a geração de carbono por meio de outras iniciativas. Nesse caso, ele aponta os US$ 100 milhões investidos em pesquisas pela Universidade de Yale para o desenvolvimento de novas tecnologias. “É uma jornada, temos clientes que cada vez mais nos pressionam”, garantiu.
Marcos Azevedo, que também está à frente do Grupo ESG da ABOL, apontou o biometano como a grande aposta da Bravo, cuja frota soma aproximadamente mil caminhões. Segundo ele, o potencial do biometano tranquiliza quanto ao futuro, apesar de algumas barreiras a serem superadas, como o planejamento do consumo e os pontos de abastecimento. No entanto, esse segundo desafio já está sendo driblado pela empresa, que vai inaugurar em maio um ponto de abastecimento próprio em Paulínia, no interior de SP. A perspectiva é de implantação de outras bases também em Uberaba e Goiânia.
“A ideia é que possamos estar abastecendo veículos de outros transportadores para incentivar a rede de abastecimento de biometano. É importante tomar iniciativa para que outras transportadoras criem seus pontos e também compartilhem. Temos convidado nossos clientes a mudarem um pouco a matriz para desenvolver novas oportunidades”, afirmou o head de sustentabilidade da Bravo.