Por Marcella Cunha, diretora executiva da ABOL*
Os impactos da pandemia no Brasil trouxeram uma nova realidade para o setor de logística, em que a sazonalidade deixou de ser um fator determinante para os ajustes nos planejamentos estratégicos de empresas não só do varejo e do e-commerce, mas também dos Operadores Logísticos (OLs). Se antes, datas comemorativas como dia das mães, pais e namorados concentravam a maioria das vendas do comércio, o aumento da demanda no e-commerce, devido ao isolamento social, fez com que os Operadores Logísticos se adaptassem rapidamente para atender a alta demanda que prevaleceu ao longo de praticamente todo o ano de 2020 até o presente momento.
Dados apresentados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram um crescimento de 3,7% no volume de todos os serviços prestados no País em fevereiro, em comparação a janeiro deste ano. O resultado deu-se, sobretudo, pela expansão das vendas online, incluindo as atividades de transportes, armazenagem e serviços de entrega (cujo incremento foi da ordem de 4,4% no período). Desempenhos esses realizados, justamente, pelos OLs que, dentro do cenário econômico atual, têm sido um dos únicos segmentos a contribuir para um resultado positivo.
As vendas online de fato estão em alta desde o início da pandemia e ainda foi possível verificar um aumento expressivo no último dia 9 de maio, quando foi comemorado o Dia das Mães esse ano. Na ocasião, as compras pela internet mais do que duplicaram, chegando a 580 mil pedidos e R$ 130 milhões, número 150% superior ao verificado em 2020. As informações foram divulgadas pela Nuvemshop, plataforma de e-commerce com foco em PMEs (pequenas e médias empresas). Em 2019, os e-commerces faturaram R$ 2,2 bilhões, conforme aponta a Ebit|Nielsen, referência em informações sobre o comércio eletrônico brasileiro.
Outro levantamento, feito pela Neotrust, aponta que o varejo online brasileiro faturou R$ 7 bilhões no Dias das Mães, cifra 15% superior ao resultado do ano passado. Os números seguem alinhados ao incremento verificado no comércio digital durante toda a pandemia. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o crescimento nas vendas pela internet foi de 68% em 2020, em comparação a 2019.
Quando se trata das lojas físicas, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), mostra alta de 460% em relação a 2020, após flexibilizações no isolamento social em alguns municípios. Pesquisa feita pela entidade aponta que o Dia das Mães movimentou R$4,1 bilhões na semana de 3 a 9 de maio. A informação leva em consideração que no ano passado apenas 15% dos shoppings estavam abertos.
As estatísticas mostram que, apesar da queda acentuada do poder de compra de 70% das famílias atingidas pela Covid-19, o comércio e, consequentemente, a logística, seguiram acelerados, e passaram a ir em busca de tecnologias e inovações para atender o novo tipo de consumidor. O objetivo é adquirir soluções eficientes com entregas rápidas, aproximação do cliente e redução do tempo de resposta.
Duas afiliadas da Associação Brasileira de Operadores Logísticos - ABOL exemplificam bem o cenário. A DHL Supply Chain migrou suas estruturas e equipes de operações com menos demanda para as mais aquecidas, como as de saúde e e-commerce. A Fedex, desde agosto do ano passado, passou a fazer seis voos semanais, de ida e volta, entre o hub global da companhia, localizado em Memphis (EUA), e o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). Foi o segundo aumento de frequência de 2020, e o sexto voo nesta rota semanal. A intenção foi atender o aumento do comércio exterior, do e-commerce e apoiar os envios essenciais para combater a Covid-19.
Vale ressaltar que a principal adequação está relacionada à passagem do B2B para o B2C, que exige a adoção de diferentes estratégias comerciais, porém oferecendo as mesmas experiências, consolidando marcas e alavancando resultados. Isso significa uma longa jornada de transformação, que exige dinamismo e ferramentas capazes de manter a qualidade e a fidelização do freguês, mostrando a amplitude do trabalho do OL, cujo envolvimento é em toda a cadeia produtiva. Além de ser responsável pelo transporte, movimentação da carga e armazenagem, precisa estar atento às novas prioridades e à quebra de paradigmas imposta pela pandemia.
Diante da relevância da atividade, fica latente a necessidade de aprovação do Projeto de Lei 3757/2020, que visa regulamentar a função do Operador Logístico no Brasil e que está tramitando na Câmara dos Deputados Federais. As evidências trazidas pela pandemia, em relação ao setor, apenas enfatizam a importância desse mercado, cujo faturamento médio é de R$ 366 milhões por companhia. Além disso, o segmento é um dos que mais empregam nos dias de hoje, gerando aproximadamente 1,5 milhão de postos de trabalho diretos e indiretos, e arrecada R$ 14,7 bilhões em tributos e R$ 11,5 bilhões em encargos trabalhistas. Enfim, os números falam por si só.
* Marcella Cunha, natural de Brasília, tem mais de 10 anos de experiência nos setores de transportes e tecnologia. Graduada em Relações Internacionais, com pós-graduação em Ciência Política, é a atual diretora Executiva da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL). Tem passagens pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) e pela empresa Uber.
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