03/06/2025

“Segurança não pode ser um protocolo, tem que ser uma cultura viva”, diz CEO da JSL que reduziu acidentes em 80%

 “Segurança não pode ser um protocolo, tem que ser uma cultura viva”, diz CEO da JSL que reduziu acidentes em 80%



Reduzir drasticamente o número de acidentes em uma das maiores empresas de logística do país, com mais de 8 mil motoristas e quase 1 bilhão de quilômetros percorridos anualmente, parece um desafio que exigiria investimentos milionários em tecnologia de ponta. Mas a JSL prova que a chave pode estar em outro lugar: na mudança de cultura e no engajamento real das equipes.


Nos últimos cinco anos, a companhia alcançou uma redução de 80% nos acidentes — resultado de uma estratégia baseada em ações práticas, envolvimento direto de lideranças e, sobretudo, na transformação da segurança em um valor vivido no dia a dia.


“O número de acidentes que tivemos em estradas é até menor do que em ambientes controlados, como pátios ou centros de distribuição”, afirma Ramon Alcaraz, CEO da JSL, em entrevista exclusiva para o portal Transporte Moderno. Um dos marcos dessa mudança foi um acidente trágico com uma empilhadeira dentro de uma área supostamente segura. “Isso nos fez entender que segurança não pode ser só protocolo: tem que ser uma cultura viva.”


A cultura de segurança passou a ser tratada como prioridade estratégica. Um dos pilares foi a criação de um aplicativo interno em que supervisores devem registrar pontos de risco identificados nas operações. Esses registros se tornam planos de ação com medidas muitas vezes simples — como instalar placas, luzes de advertência ou alarmes sonoros.


“Um supervisor sugeriu colocar um alarme sonoro na seta do caminhão para alertar motociclistas no ponto cego. Simples e eficaz, porque vem de quem vive a operação todos os dias”, conta Alcaraz.


O CEO reforça que as maiores melhorias em segurança vieram, na verdade, de pessoas comprometidas — mais do que de ferramentas tecnológicas. “As operações que passam mais tempo sem acidentes são as que têm profissionais atentos, conscientes e engajados.”


Segurança que gera valor — e receita
A JSL investe entre 0,3% e 0,5% da receita anual em segurança, valor que inclui treinamento, comunicação e tecnologia. Mesmo proporcionalmente modesto, o investimento já traz retorno direto em economia com o fator previdenciário — índice ajustado de acordo com o número de acidentes de trabalho e que impacta a folha de pagamento.


“Já tivemos redução de até meio ponto percentual nesse fator, o que representa uma economia significativa”, afirma o executivo. Além disso, a diminuição dos sinistros também reduz os custos operacionais — um único tombamento pode gerar prejuízos de até R$ 300 mil.


Mas o impacto vai além dos números. “Cada acidente evitado significa menos sofrimento para as famílias. A segurança é antes de tudo uma questão humana.”


Retenção de talentos e diferencial comercial
Com a melhora da segurança, a empresa percebeu também um impacto positivo no clima organizacional e na retenção de talentos. “Quando o motorista se sente valorizado e vê que a empresa está preocupada com seu bem-estar, ele permanece. Isso reduz turnover e aumenta a motivação.”


Além disso, a reputação em segurança se transformou em uma vantagem comercial. “Já deixamos de fechar contratos por conta de acidentes, e também já ganhamos muitos justamente por causa da nossa evolução nesse quesito”, conta Alcaraz.


Nos últimos anos, segundo ele, a segurança foi determinante em todas as novas contas conquistadas. “Hoje, grandes empresas só contratam operadores logísticos com histórico sólido de segurança. Isso virou critério eliminatório.”


Disciplina, constância e responsabilidade
Para o CEO, o segredo do sucesso da estratégia foi incorporar a segurança à gestão de forma estruturada, com metas claras, indicadores e responsabilização em todos os níveis. “Se é prioridade, tem que estar na pauta da liderança, com plano de ação e cobrança. Foi isso que fizemos.”


E os resultados estão aí: 80% de queda nos acidentes em cinco anos, mesmo com o aumento do volume de operações. “Não se trata de gastar milhões, mas de fazer o básico bem feito, com disciplina, constância e envolvimento de todo mundo — da diretoria até o chão de fábrica”, resume.



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